05 novembro, 2018

Papa Francisco: a rivalidade e a vanglória causam guerras

 
 Papa celebra a missa na Casa Santa Marta  (Vatican Media)
 
O Papa Francisco celebrou a missa na Casa de Santa Marta e recordou que na vida não se deve "ser seletivos", seguindo os próprios interesses, mas ampliar o horizonte da existência à gratuidade universal.
 
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano

“A rivalidade e a vanglória” destroem os fundamentos das comunidades, semeando divisões e conflitos. Foi o que destacou o Papa Francisco na homilia da missa celebrada esta manhã (05/11) na capela da Casa Santa Marta. Partindo do Evangelho segundo Lucas (Lc 14,12-14), o Pontífice condenou “o egoísmo do interesse”, reiterando que a “gratuitidade” pregada por Jesus “não é seletiva”. 

A gratuitidade é universal

O ensinamento de Jesus é claro: “não fazer as coisas por interesse”, não escolher as próprias amizades com base na conveniência. Raciocinar somente com base na própria “vantagem”, de facto, é “uma forma de egoísmo, de segregação e de interesse”, enquanto a “mensagem de Jesus” é exatamente o contrário: a “gratuitidade”, que “alarga a vida”, “amplia o horizonte, porque é universal”. Os seletivos “são motivos de divisão” e não favorecem “a unanimidade” de que fala São Paulo aos Filipenses, na primeira Leitura. “Existem duas coisas que vão contra a unidade – insistiu o Papa – a rivalidade e a vanglória”:

E também a bisbilhotice nasce da rivalidade, porque muitas pessoas sentem que não podem crescer, mas para se tornarem mais altas diminuem o outro com bisbilhotice. Um modo de destruir as pessoas. A rivalidade. E Paulo disse: “Não. Na comunidade não existem rivalidades”. A rivalidade é uma luta para destruir o outro. A rivalidade é má: pode-se fazer de maneira aberta, direta ou com luvas brancas; mas sempre para destruir o outro e elevar-se a si mesmo. E já que eu não posso ser assim virtuoso, assim bom, diminuo o outro, de modo que eu permaneça alto. A rivalidade é um caminho a este agir por interesse. 

A vanglória destroi a comunidade

Tão prejudicial quanto, é quem se vangloria de ser superior aos outros:

Isso destroi uma comunidade, destroi uma família também... Pensem na rivalidade entre os irmãos pela herança do pai, por exemplo: isto acontece todos os dias. Pensem na vanglória, naqueles que se vangloriam de serem melhores do que os outros. 

A vida cristã nasce da gratuitidade de Jesus  

O cristão, prosseguiu Francisco, deve seguir o exemplo do Filho de Deus, cultivando “a gratuitidade”: fazer o bem sem se preocupar se os outros fazem o mesmo; semear “unanimidade”, abandonando “rivalidades ou vanglória”. Construir a paz com pequenos gestos significa traçar um caminho de concórdia em todo o mundo:

Quando nós lemos as notícias das guerras, pensemos nas da fome das crianças no Iémen, fruto da guerra: está distante, crianças pobres... mas porque razão não têm que comer? Mas a mesma guerra faz-se nas nossas casas, nas nossas instituições com esta rivalidade: a guerra começa ali! E a paz deve ser feita ali: na família, nas instituições, no local de trabalho, procurando sempre a unanimidade e a concórdia e não o próprio interesse.

VN

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