(RV) O
Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado (04/11), na Sala do
Consistório, no Vaticano, 230 membros da Federação Internacional das
Universidades Católicas, na conclusão do seu encontro, que acaba de se
realizar em Roma, sobre o tema: “Refugiados e Migrantes num mundo
globalizado: responsabilidade e respostas das universidades”.
O Papa iniciou o seu discurso recordando as actividades deste
organismo, que, em menos de um século, se propôs promover a formação
católica, a nível superior, valendo-se da grande riqueza que deriva do
encontro de tantas e diversas realidades universitárias.
Neste sentido, Francisco salientou o aspecto essencial desta formação
que visa à responsabilidade social para a construção de um mundo mais
justo e humano. E, congratulando-se com os membros do organismo, disse:
“Por isso, vocês sentiram-se interpelados pela realidade global e
complexa das migrações contemporâneas e, por conseguinte, enquadraram
uma reflexão científica, teológica e pedagógica, bem arraigada na
Doutrina Social da Igreja, buscando superar os preconceitos e temores
sobre o pouco conhecimento do fenómeno migratório”.
Neste sentido o Santo Padre recordou a necessidade da contribuição
dos membros desta Federação, colocando em evidência três âmbitos da sua
competência: “pesquisa, ensinamento e promoção social”. Explicando cada
um deles, Francisco disse sobre o primeiro, ou seja, sobre a pesquisa:
“As Universidades Católicas sempre procuraram harmonizar a pesquisa
científica com a teológica, mantendo o diálogo entre fé e razão. No
entanto, acho oportuno fazer ulteriores estudos sobre as causas remotas
das migrações forçadas, individuando soluções práticas para assegurar às
pessoas o direito de não terem que emigrar”.
Por outro lado, - acrescentou o Papa – é igualmente importante
reflectir sobre as reacções negativas, às vezes até discriminatórias e
xenófobas, que a chegada dos migrantes suscita nos países de antiga
tradição cristã, promovendo itinerários de formação das consciências.
Depois, sobre o segundo âmbito de competências do organismo, ou seja, do
“ensinamento”, o Pontífice exprimiu o seu desejo:
“Faço votos para que as Universidades Católicas possam adoptar
programas para favorecer a instrução dos refugiados, em vários níveis,
seja através de cursos, mesmo à distância, para os que vivem em campos
ou em centros de assistência, seja através de bolsas de estudo, que lhes
permitam uma digna reinserção”.
Porém, - disse o Papa – para responder adequadamente aos novos
desafios migratórios, verdadeiros sinais dos tempos, outra tarefa
urgente das Universidades Católicas é formar, de modo específico e
profissional, os agentes de pastoral, que se dedicam à assistência dos
migrantes e refugiados. E meste caso, Francisco exortou:
“De modo geral, queria convidar os Ateneus Católicos a educarem os
seus estudantes, - alguns dos quais poderão tornar-se líderes políticos,
empresários e artífices da cultura-, a fazer também uma leitura
atenciosa do fenómeno migratório, numa perspectiva de justiça,
corresponsabilidade global e unidade nas diversidades culturais”.
Aqui, o Papa recordou, a respeito do complexo mundo das migrações, a
sugestão do Organismo Vaticano para o Desenvolvimento Humano Integral:
trata-se de vinte “Meios de Acção” para contribuir com o processo, que
levará à adopção, - na segunda metade de 2018 - por parte da Comunidade
Internacional, de dois “Pactos Globais”: um sobre os migrantes e o outro
sobre os refugiados. E Francisco concluiu dizendo:
“Nesta e em outras dimensões, as Universidades podem desempenhar um
papel de destaque privilegiado também em campo social, como, por
exemplo, incentivar o voluntariado entre os estudantes, mediante
programas de assistência aos refugiados, aos que pedem asilo político e
aos migrantes em geral”.
Francisco concluiu o seu discurso aos membros da Federação
Internacional das Universidades Católicas, dizendo que “todo este
trabalho”, - no âmbito da pesquisa, do ensinamento e da promoção social –
“encontra um ponto de referência seguro nas quatro pedras miliares da
acção da Igreja” em relação aos migrantes: “acolhimento, protecção,
promoção e integração”.
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