04 novembro, 2017

Papa: harmonizar Fé e Razão nas Universidades Católicas



(RV) O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado (04/11), na Sala do Consistório, no Vaticano, 230 membros da Federação Internacional das Universidades Católicas, na conclusão do seu encontro, que acaba de se realizar em Roma, sobre o tema: “Refugiados e Migrantes  num mundo globalizado: responsabilidade e respostas das universidades”.

O Papa iniciou o seu discurso recordando as actividades deste organismo, que, em menos de um século, se propôs promover a formação católica, a nível superior, valendo-se da grande riqueza que deriva do encontro de tantas e diversas realidades universitárias.

Neste sentido, Francisco salientou o aspecto essencial desta formação que visa à responsabilidade social para a construção de um mundo mais justo e humano. E, congratulando-se com os membros do organismo, disse:

“Por isso, vocês sentiram-se interpelados pela realidade global e complexa das migrações contemporâneas e, por conseguinte, enquadraram uma reflexão científica, teológica e pedagógica, bem arraigada na Doutrina Social da Igreja, buscando superar os preconceitos e temores sobre o pouco conhecimento do fenómeno migratório”.

Neste sentido o Santo Padre recordou a necessidade da contribuição dos membros desta Federação, colocando em evidência três âmbitos da sua competência: “pesquisa, ensinamento e promoção social”. Explicando cada um deles, Francisco disse sobre o primeiro, ou seja, sobre a pesquisa:

“As Universidades Católicas sempre procuraram harmonizar a pesquisa científica com a teológica, mantendo o diálogo entre fé e razão. No entanto, acho oportuno fazer ulteriores estudos sobre as causas remotas das migrações forçadas, individuando soluções práticas para assegurar às pessoas o direito de não terem que emigrar”.

Por outro lado, - acrescentou o Papa – é igualmente importante reflectir sobre as reacções negativas, às vezes até discriminatórias e xenófobas, que a chegada dos migrantes suscita nos países de antiga tradição cristã, promovendo itinerários de formação das consciências. Depois, sobre o segundo âmbito de competências do organismo, ou seja, do “ensinamento”, o Pontífice exprimiu o seu desejo:

“Faço votos para que as Universidades Católicas possam adoptar programas para favorecer a instrução dos refugiados, em vários níveis, seja através de cursos, mesmo à distância, para os que vivem em campos ou em centros de assistência, seja através de bolsas de estudo, que lhes permitam uma digna reinserção”.

Porém, - disse o Papa – para responder adequadamente aos novos desafios migratórios, verdadeiros sinais dos tempos, outra tarefa urgente das Universidades Católicas é formar, de modo específico e profissional, os agentes de pastoral, que se dedicam à assistência dos migrantes e refugiados. E meste caso, Francisco exortou:

“De modo geral, queria convidar os Ateneus Católicos a educarem os seus estudantes, - alguns dos quais poderão tornar-se líderes políticos, empresários e artífices da cultura-, a fazer também uma leitura atenciosa do fenómeno migratório, numa perspectiva de justiça, corresponsabilidade global e unidade nas diversidades culturais”.

Aqui, o Papa recordou, a respeito do complexo mundo das migrações, a sugestão do Organismo Vaticano para o Desenvolvimento Humano Integral: trata-se de vinte “Meios de Acção” para contribuir com o processo, que levará à adopção, - na segunda metade de 2018 - por parte da Comunidade Internacional, de dois “Pactos Globais”: um sobre os migrantes e o outro sobre os refugiados. E Francisco concluiu dizendo:

“Nesta e em outras dimensões, as Universidades podem desempenhar um papel de destaque privilegiado também em campo social, como, por exemplo, incentivar o voluntariado entre os estudantes, mediante programas de assistência aos refugiados, aos que pedem asilo político e aos migrantes em geral”.

Francisco concluiu o seu discurso aos membros da Federação Internacional das Universidades Católicas, dizendo que “todo este trabalho”, - no âmbito da pesquisa, do ensinamento e da promoção social – “encontra um ponto de referência seguro nas quatro pedras miliares da acção da Igreja” em relação aos migrantes: “acolhimento, protecção, promoção e integração”.

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