29 novembro, 2017

Reforçar a amizade e empenho comum pela paz – Papa aos monges budistas


(RV) Eram 16.45 em Ragum, quando o Santo Padre chegou ao Centro Kaba Yae, lugar símbolo do budismo Thearavada, dominada pela Pagoda da Paz mundial, localmente chamada, Kaba Aye Paya. É um dos templos budistas mais venerados em todo o sudeste asiático. Ali o Papa se encontrou com o Comité Estatal Sanga Maha Nyaka, formado por 46 monges budistas de alto nível, nomeados pelo Ministro dos Assuntos Religiosos para regular o Sangha, ou seja o clero budista. O Comité vigia sobre o respeito do Vinaya, isto é as regras de conduta dos monges Theravada, que não se devem envolver em assuntos seculares.

O Papa considerou o encontro com eles “uma ocasião importante para renovar e fortalecer os laços de amizade e respeito entre budistas e católicos”.  “Uma oportunidade também - disse - para afirmar o nosso empenho pela paz, o respeito da dignidade humana e a justiça para com todo o homem e mulher.” Um testemunho comum dos líderes religiosos de que o mundo inteiro necessita, pois que  - sublinhou – “quando falamos de uma só voz afirmando o valor perene da justiça, da paz e da dignidade fundamental de todo o ser humano, damos uma palavra de esperança. Ajudamos os budistas, os católicos e todas as pessoas a lutarem por uma maior harmonia nas suas comunidades

Não obstante os graves problemas sociais da época actual, Francisco convidou à não resignação, pois que as tradições espirituais mostram que “existe realmente um caminho para avançar, um caminho que leva à cura, à mútua compreensão, um caminho baseado na compaixão e no amor”.

O Papa exprimiu depois a sua estima por todos os que vivem segundo as tradições religiosas do Budismo no Myanmar, e disse que graças aos ensinamentos de Buda e o testemunho zeloso de tantos monges e monjas o povo foi formado nos valores da paciência, tolerância, respeito pela vida e pelo ambiente. Trata-se de valores essenciais para o desenvolvimento integral da sociedade e do sentido de pertença étnica, nacional e a uma humanidade comum.

Numa verdadeira cultura do encontro, estes valores podem fortalecer as nossas comunidades e ajudar o conjunto da sociedade a irradiar a tão necessária luz”.

Para o Papa o grande desafio dos nossos dias é todavia “ajudar as pessoas a abrir-se ao transcendente, e a sentir-se em profunda conexão com os outros, superando todas as formas de incompreensão, intolerância, preconceito e ódio”. E nesta ordem de ideias indicou as semelhanças entre cristãos e budistas através de palavra de Buda e de São Francisco. Dizia Buda:

Vence o rancor com o não-rancor, vence o malvado com a bondade, vence o avarento com a generosidade, vence o mentirosos com a verdade”.

Por sua vez, São Francisco de Assis rezava ao Senhor nestes sentido:

Senhor fazei de mim instrumento da vossa paz, onde houver ódio fazei que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão (…), onde houver trevas que eu leve a luz, e onde houver tristeza que eu leve a alegria”.

Que esta sabedoria continue a inspirar todos os esforços para promover a paciência e a compreensão e curar as feridas dos conflitos que ao longo dos anos, dividiram pessoas e culturas, etnias e convicções religiosas – suplicou o Papa. Francisco recordou que este  esforço de superar conflitos e injustiças  compete sim a toda a sociedade, mas os líderes religiosos e civis têm de garantir que cada voz seja ouvida. Isto permitirá compreender os problemas do momento num espírito de imparcialidade e mútua solidariedade. A este respeito o Papa congratulou-se com o trabalho que a “Panglong Peace Conference” está a fazer e disse rezar por aqueles que guiam este esforço para que possam promover cada vez mais a participação de todos os que vivem no Myanmar. Isto contribuirá certamente para o compromisso de promover a paz, a segurança e a uma prosperidade que seja inclusiva de todos.

A cooperação entre os líderes religiosos  - observou ainda o Papa – é todavia necessária para que este esforço dê frutos. E assegurou que a Igreja Católica é nisto uma parceira disponível. A este respeito  louvou o encontro de dois dias que a Conferência Episcopal Católica do País fez em Abril sobre a paz com a participação de outros líderes religiosos e da sociedade civil. O Papa está convicto de que encontros deste tipo são essenciais para o mútuo conhecimento e para  - disse – “afirmar a nossa interligação e destino comum.

O Papa concluiu manifestando o desejo de que budistas e católicos possam caminhar juntos pela senda do trabalho lado a lado pelo bem de cada habitante da Terra, como diz São Paulo carregando humildemente os pesos uns dos outros.

Em nome dos meus irmãos e irmãs católicos, exprimo a nossa disponibilidade para continuar a caminhar convosco e a espalhar sementes de paz e de cura, de compaixão e de esperança nesta terra.”

(DA)

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