(RV) Eram
16.45 em Ragum, quando o Santo Padre chegou ao Centro Kaba Yae, lugar
símbolo do budismo Thearavada, dominada pela Pagoda da Paz mundial,
localmente chamada, Kaba Aye Paya. É um dos templos budistas mais
venerados em todo o sudeste asiático. Ali o Papa se encontrou com o
Comité Estatal Sanga Maha Nyaka, formado por 46 monges budistas de alto
nível, nomeados pelo Ministro dos Assuntos Religiosos para regular o
Sangha, ou seja o clero budista. O Comité vigia sobre o respeito do
Vinaya, isto é as regras de conduta dos monges Theravada, que não se
devem envolver em assuntos seculares.
O Papa considerou o encontro com eles “uma ocasião importante para
renovar e fortalecer os laços de amizade e respeito entre budistas e
católicos”. “Uma oportunidade também - disse - para afirmar o nosso
empenho pela paz, o respeito da dignidade humana e a justiça para com
todo o homem e mulher.” Um testemunho comum dos líderes
religiosos de que o mundo inteiro necessita, pois que - sublinhou –
“quando falamos de uma só voz afirmando o valor perene da justiça, da
paz e da dignidade fundamental de todo o ser humano, damos uma palavra
de esperança. Ajudamos os budistas, os católicos e todas as pessoas a
lutarem por uma maior harmonia nas suas comunidades”
Não obstante os graves problemas sociais da época actual, Francisco
convidou à não resignação, pois que as tradições espirituais mostram que
“existe realmente um caminho para avançar, um caminho que leva à
cura, à mútua compreensão, um caminho baseado na compaixão e no amor”.
O Papa exprimiu depois a sua estima por todos os que vivem segundo as
tradições religiosas do Budismo no Myanmar, e disse que graças aos
ensinamentos de Buda e o testemunho zeloso de tantos monges e monjas o
povo foi formado nos valores da paciência, tolerância, respeito pela
vida e pelo ambiente. Trata-se de valores essenciais para o
desenvolvimento integral da sociedade e do sentido de pertença étnica,
nacional e a uma humanidade comum.
“Numa verdadeira cultura do encontro, estes valores podem
fortalecer as nossas comunidades e ajudar o conjunto da sociedade a
irradiar a tão necessária luz”.
Para o Papa o grande desafio dos nossos dias é todavia “ajudar
as pessoas a abrir-se ao transcendente, e a sentir-se em profunda
conexão com os outros, superando todas as formas de incompreensão,
intolerância, preconceito e ódio”. E nesta ordem de ideias
indicou as semelhanças entre cristãos e budistas através de palavra de
Buda e de São Francisco. Dizia Buda:
“Vence o rancor com o não-rancor, vence o malvado com a
bondade, vence o avarento com a generosidade, vence o mentirosos com a
verdade”.
Por sua vez, São Francisco de Assis rezava ao Senhor nestes sentido:
“Senhor fazei de mim instrumento da vossa paz, onde houver
ódio fazei que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão
(…), onde houver trevas que eu leve a luz, e onde houver tristeza que eu
leve a alegria”.
Que esta sabedoria continue a inspirar todos os esforços para
promover a paciência e a compreensão e curar as feridas dos conflitos
que ao longo dos anos, dividiram pessoas e culturas, etnias e convicções
religiosas – suplicou o Papa. Francisco recordou que este esforço de
superar conflitos e injustiças compete sim a toda a sociedade, mas os
líderes religiosos e civis têm de garantir que cada voz seja ouvida.
Isto permitirá compreender os problemas do momento num espírito de
imparcialidade e mútua solidariedade. A este respeito o Papa
congratulou-se com o trabalho que a “Panglong Peace Conference”
está a fazer e disse rezar por aqueles que guiam este esforço para que
possam promover cada vez mais a participação de todos os que vivem no
Myanmar. Isto contribuirá certamente para o compromisso de promover a
paz, a segurança e a uma prosperidade que seja inclusiva de todos.
A cooperação entre os líderes religiosos - observou ainda o Papa – é
todavia necessária para que este esforço dê frutos. E assegurou que a
Igreja Católica é nisto uma parceira disponível. A este respeito louvou
o encontro de dois dias que a Conferência Episcopal Católica do País
fez em Abril sobre a paz com a participação de outros líderes religiosos
e da sociedade civil. O Papa está convicto de que encontros deste tipo
são essenciais para o mútuo conhecimento e para - disse – “afirmar a nossa interligação e destino comum.”
O Papa concluiu manifestando o desejo de que budistas e católicos
possam caminhar juntos pela senda do trabalho lado a lado pelo bem de
cada habitante da Terra, como diz São Paulo carregando humildemente os
pesos uns dos outros.
“Em nome dos meus irmãos e irmãs católicos, exprimo a nossa
disponibilidade para continuar a caminhar convosco e a espalhar sementes
de paz e de cura, de compaixão e de esperança nesta terra.”
(DA)
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