(RV) O
último compromisso do Papa Francisco nesta quarta-feira (29/11) foi à
tarde, às 17h15, hora local de Rangum, quando recebeu os 22 bispos de
Mianmar na Catedral de Santa Maria, que faz parte do complexo do
arcebispado, onde está hospedado.
O Papa fez um discurso em italiano e os bispos receberam um livreto
com a tradução em inglês. Depois de agradecer a todos e especialmente ao
Presidente da Conferência Episcopal, Dom Félix Lian Khen Thang pela
recepção calorosa, o Papa sintetizou os seus pensamentos em três
palavras: cura, acompanhamento e profecia.
Cura
Sobre a primeira, cura, Francisco disse que o Evangelho é sobretudo
uma mensagem de cura, reconciliação e paz e em Mianmar, esta mensagem
tem uma ressonância especial, pois o país está empenhado em superar
divisões profundamente radicadas e construir a unidade nacional.
“A comunidade católica do País, acrescentou, pode-se orgulhar do seu
testemunho profético de amor a Deus e ao próximo, que se traduz no
compromisso a favor dos pobres, daqueles que estão privados de direitos e
sobretudo, nestes tempos, a favor dos inúmeros desalojados que, por
assim dizer, jazem feridos na beira da estrada, sem olhar a religião nem
etnia”.
Acompanhamento
A segunda palavra é acompanhamento: “Como bispos, as vossas vidas e o
vosso ministério são chamados a conformar-se ao espírito de
envolvimento missionário, sobretudo através de visitas pastorais
regulares às paróquias e comunidades que formam as vossas Igrejas
locais”, pediu Francisco, lembrando também “a essencial contribuição dos
catequistas em permear o laicado com o espírito missionário e procurar
uma sábia inculturação da mensagem evangélica na vida diária e nas
tradições das comunidades”. Alertou ainda para "o risco das colonizações
culturais e ideológicas".
O Papa pediu ainda um envolvimento especial no acompanhamento dos
jovens e a este respeito, recordou que o próximo Sínodo dos Bispos os
interpelará directamente.
Profecia
A terceira palavra do Papa aos bispos birmaneses é profecia: “Que a
comunidade católica continue a ter um papel construtivo na vida da
sociedade, fazendo ouvir a sua voz nas questões de interesse nacional,
principalmente insistindo no respeito pela dignidade e os direitos de
todos, particularmente dos mais pobres e vulneráveis”, afirmou.
Mencionando explicitamente a sua Encíclica Laudato sì, o Papa
destacou a necessidade de proteger o meio ambiente e assegurar uma
correta utilização dos ricos recursos naturais do país a bem das
gerações futuras. A custódia do dom divino da criação não pode ser
separada de uma saudável ecologia humana e social. “O cuidado autêntico
da nossa própria vida e das nossas relações com a natureza é inseparável
da fraternidade, da justiça e da fidelidade aos outros”.
Terminando, Francisco exortou o episcopado a manter o equilíbrio
tanto na saúde física como na espiritual e a crescer todos os dias na
oração e na experiência do amor reconciliador de Deus: "O primeiro dever
do bispo é a oração", afirmou.
O final do segundo dia
Antes de se dirigir à sede do arcebispado, o Papa abençoou a pedra
fundamental de 16 igrejas, do Seminário Maior e da Nunciatura Apostólica
e ainda posou para fotos com os 300 seminaristas do país.
Na capela do arcebispado, o Papa se reuniu, em encontro fechado, com os 30 membros da Companhia de Jesus que trabalham no país.
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