(RV) Hoje
dia dos defuntos, festivo no Vaticano, o Papa Francisco deslocou-se, no
inicio da tarde, ao Cemitério Americano de Nettuno, localidade marítima a
quase 60km a sul de Roma. Nettuno fica próximo de Anzio, onde as tropas
americanas desembarcaram a 22 de Janeiro de 1944 para libertar a Itália
do nazi-fascismo.
No cemitério americano de Nettuno estão sepultados os restos de 490
soldados que puderam ser identificados. E nas paredes brancas estão
inscritos os nomes de outros 3.094 desaparecidos.
O Cemitério enquanto tal foi construído em 1956 pela American Battle
Monuments Commission em território da cidade de Nettuno na zona onde
desde os primeiros dias do desembarque anfíbio foi posicionado o
cemitério temporário dos que vinham à cabeça do grupo e que foram os
primeiros a tombar pela liberdade.
Mas voltemos à Missa presidida pelo Santo Padre:
“Todos nós, hoje, estamos aqui reunidos na esperança. Cada um
de nós, no seu coração, pode repetir as palavras de Job que ouvimos na
primeira leitura: “Sei que o meu Redentor está vivo e que no fim se
erguerá sobre o pó”. A esperança de reencontrar Deus, de nos
reencontrarmos todos nós, como irmãos, e esta esperança não desilude”.
Foi com estas palavras que o Santo Padre iniciou a sua homilia
pronunciada sem texto escrito. Ele disse que a esperança nasce e se
enraíza, muitas vezes, nas pregas humanas, em tantas dores e sofrimentos
e nos faz olhar para o Céu e dizer: “Eu creio que o meu
Redentor está vivo. Mas fica connosco Senhor”. É esta a oração que sai,
talvez, do coração de todos nós quando olhamos para este cemitério”.
O Papa disse ter a certeza que dizemos: “Mas, por favor Senhor, fica
connosco. Nunca mais, nunca mais a guerra. Nunca mais este “massacre
inútil” como dizia Bento XV.
Jovens, milhares, milhares, milhares, milhares … esperanças rompidas. “Nunca mais Senhor”. E esse “Nunca mais Senhor”
devemos dize-lo também hoje que rezamos por todos os defuntos” – disse o
Papa, recordando todavia que nesse cemitério eram chamados a rezar de
modo especial por esses jovens ; “hoje que o mundo está outra
vez em guerra e se prepara para entrar mais fortemente em guerra. “Nunca
mais Senhor. Nunca mais”. Com a guerra se perde tudo”
Francisco disse que lhe vinha à cabeça uma idosa que, olhando para as
ruínas de Hiroshima dizia com uma sapiencial resignação e dor : “Os homens fazem de tudo para declarar e fazer uma guerra e acabam destruindo-se a si próprios”
“A guerra é isto: a destruição de nós mesmos”.
Se hoje é um dia de esperança, é também um dia de lágrimas, lágrimas
como aquelas das mães e esposas, a quem se batia à porta para lhes
anunciar a honra de o marido ou o filho ter morrido na guerra e de ter
sido, portanto, um herói da Pátria.
“São lágrimas que hoje a humanidade não deve esquecer” – frisou Francisco condenando este orgulho desta humanidade que não aprender a lição e parece não a querer aprender.
Quantas vezes – prosseguiu Francisco – os homens mostram-se convictos
de que fazendo uma guerra trazem um novo mundo, uma nova primavera e se
acaba trazendo um inverno, feio, cruel, com o reino do terror e da
morte. E o Papa voltou a recordar esses jovens sepultados nesse
cemitério de guerra:
“Hoje rezamos por todos os defuntos, todos, mas de modo
especial por estes jovens, num momento em que tantos morrem em batalhas
de todos os dias desta guerra aos bocadinhos. Rezemos também pelos
mortos de hoje, os mortos de guerra, também crianças, inocentes. Este é o
fruto da guerra: a morte. E que o Senhor nos dê a graça de chorar”.
(DA)
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