(RV) Francisco recordou na sua homilia que “todos
somos mendigos do essencial, do amor de Deus que nos dá o sentido da
vida e uma vida sem fim. Por isso, também hoje, estendemos a mão para
Ele a fim de receber os seus dons”.
Reatando estas palavras ao Evangelho deste domingo em que São Mateus
fala da parábola dos talentos, Francisco disse que aos olhos de Deus
todos somos “talentosos”, ninguém, pode considerar-se inútil ou tão
pobre que nada possa dar aos outros. “E Deus a cujos olhos nenhum filho
pode ser descartado, confia uma missão a cada um”. E como um Pai
amoroso e exigente, Ele “responsabiliza-nos” e convida-nos através da
parábola dos talentos a não nos comportarmos como o servo mau que
recebeu o talento, enterrou-o e entregou-o depois tal e qual o recebera.
O Papa chamou a esta atitude “omissão” e disse que não devemos ser como
esse servo que no fundo não fez nada de mal. Porém, “não fazer nada de
mal, não basta. Porque Deus não é um controlador à procura de bilhetes
não timbrados. É um Pai à procura de filhos, a quem confiar os seus bens
e seus projectos. E é triste, quando o Pai do amor não recebe uma
generosa resposta de amor dos filhos, que se limitam a respeitar as
regras, a cumprir os mandamentos, como empregados na casa do Pai”.
É verdadeiramente fiel a Deus aquele que não aceita deixar tudo como
está e, por amor, arisca a vida pelos outros, não permanece indiferente,
atitude que o Papa elucidou com estas palavras:
“É dizer “não me diz respeito, não é problema meu, é culpa da
sociedade” É passar ao largo quando o irmão está em necessidade, é
mudar logo de canal quando um problema sério nos indispõe, é também
indignar-se com o mal, mas sem fazer nada. Deus, porém, não nos
perguntará se sentimos justa indignação, mas se fizemos o bem.”
Agradar a Deus significa conhecê-lo através da sua Palavra, e o
Evangelho deste domingo recorda-nos que o Senhor diz que quando fazemos o
bem aos pequeninos é a Ele que o fazemos.
“Estes irmãos mais pequeninos, seus predilectos, são o
faminto e o doente, o forasteiro e o recluso, o pobre e o abandonado, o
doente sem ajuda e o necessitado descartado. Nos seus rostos, podemos
imaginar impresso o rosto d’Ele”.
Através do pobre Jesus bate à porta do nosso coração e pede-nos amor.
Quando respondemos positivamente somos amigos fieis do Senhor. Deus tem
em grande apreço a “mulher forte” que “estende os braços ao infeliz e
abre a mão ao indigente” – disse Francisco indicando nesta atitude a
verdadeira fortaleza:
“Esta é a verdadeira fortaleza: não punhos cerrados e braços
cruzados, mas mãos operosas e estendidas aos pobres, à carne ferida do
Senhor”.
Francisco continuou afirmando que nos pobres manifesta-se a presença
de Jesus entre nós, Ele que se fez pobre, por isso na fragilidade dos
pobres há uma “força salvífica”. São eles que nos abrem o caminho para o
Céu e nós temos o “dever evangélico” de cuidar deles e de o fazer não
só dando o pão, mas repartindo com o eles o Pão da Palavra (…). “Amar o pobre significa lutar contra todas as pobres, espirituais e materiais”.
O amor ao próximo é o que conta verdadeiramente. E temos diante de nós
uma escolha – disse a concluir o Papa: “viver para ter tudo na terra ou
dar para ganhar o Céu. Para o Céu, não vale o que se tem na terra, mas o
que se dá e “quem amontoa para si não é rico em relação a Deus” .
Então, sublinhou ainda o Papa: “não busquemos o supérfluo para nós, mas o
bem para os outros , e nada de precioso nos faltará”. E rematou:
“O Senhor, que tem compaixão das nossas pobrezas e nos
reveste dos seus talentos, nos conceda a sabedoria de procurar o que
conta e a coragem de amar, não com palavras, mas com obras”
(DA)
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