(RV) Depois
da cerimónia de boas-vindas, no aeroporto internacional de Daca, em
Bangladesh, o Papa Francisco visitou o Memorial Nacional dos Mártires,
em Savar, prestou homenagem ao Pai da Pátria no Bangabandhu Memorial
Museum e assinou o Livro de Honra. A seguir, foi a visita de Cortesia ao
Presidente da República Abdul Hamid, no Palácio Presidencial, onde
também teve lugar o encontro com as Autoridades políticas e religiosas
do País, o Corpo Diplomático e representantes da sociedade civil.
No seu discurso o Papa começou por agradecer ao Presidente pelo
convite a visitar o País, ressaltando que a sua presença é para rezar
com os irmãos e irmãs católicos e oferecer-lhes uma mensagem de estima e
encorajamento, seguindo as pegadas dos Papa Paulo VI e João Paulo II
que também visitaram o País.
Em seguida o Papa falou do Bangladesh, uma nação que se esforça por
alcançar uma unidade de linguagem e cultura com o respeito pelas
diferentes tradições e comunidades, e que enriquecem a vida política e
social do país:
“No mundo de hoje, nenhuma comunidade, nação ou Estado pode
sobreviver e progredir no isolamento. Como membros da única família
humana, precisamos uns dos outros e estamos dependentes uns dos outros”.
Os pais fundadores do Bangladesh também haviam imaginado uma
sociedade moderna, pluralista e inclusiva, onde cada pessoa e cada
comunidade pudesse viver em liberdade, paz e segurança, respeitando a
inata dignidade e igualdade de direitos de todos – reiterou o Papa.
O futuro desta jovem democracia e a saúde da sua vida política
dependem essencialmente da fidelidade a esta visão fundadora, disse o
Papa no seu discurso, pois só através dum diálogo sincero e do respeito
pelas legítimas diversidades é que um povo pode reconciliar as divisões,
superar perspetivas unilaterais e reconhecer a validade de pontos de
vista divergentes.
Em seguida o Pontífice falou do espírito de generosidade e
solidariedade da sociedade do Bangladesh, bem visível nos meses passados
a favor dos refugiados chegados em massa ao País, acolhidos de modo a
proporcionar-lhes abrigo temporário e provisões para as necessidades
primárias da vida, algo que se conseguiu à custa de muito sacrifício. E
Francisco acrescentou:
“Nenhum de nós pode deixar de estar consciente da gravidade da
situação, do custo imenso exigido de sofrimentos humanos e das precárias
condições de vida de tantos dos nossos irmãos e irmãs, a maioria dos
quais são mulheres e crianças amontoados nos campos de refugiados. É
necessário que a comunidade internacional implemente medidas resolutivas
face a esta grave crise, não só trabalhando por resolver as questões
políticas que levaram à massiva deslocação de pessoas, mas também
prestando imediata assistência material ao Bangladesh no seu esforço por
responder eficazmente às urgentes carências humanas”.
Francisco referiu-se também ao encontro que terá amanhã em Ramna com
os Responsáveis ecuménicos e inter-religiosos, para juntos, rezarem pela
paz. E louvou o clima de respeito mútuo e diálogo inter-religioso no
Bangladesh:
“Num mundo onde muitas vezes a religião é – escandalosamente – usada
para fomentar a divisão, revela-se ainda mais necessário um tal género
de testemunho do seu poder de reconciliação e união”.
Na verdade, como as autoridades religiosas do País indicaram o ano
passado após o brutal ataque terrorista em Daca, “o santíssimo nome de
Deus não pode jamais ser invocado para justificar o ódio e a violência
contra outros seres humanos, nossos semelhantes” – enfatizou o Papa.
E a terminar, o Pontífice falou do papel dos católicos do Bangladesh
que, embora em número relativamente reduzido, procuram desempenhar um
papel construtivo no desenvolvimento da nação, especialmente através das
suas escolas, clínicas e dispensários.
Nas suas escolas, a Igreja procura promover uma cultura do encontro,
que tornará os alunos capazes de assumir as suas próprias
responsabilidades na vida da sociedade – rematou o Papa:
“Tenho a certeza de que a Comunidade católica, de acordo com a letra e
o espírito da Constituição Nacional, continuará a gozar da liberdade de
levar por diante estas boas obras como expressão do seu empenho a favor
do bem comum”.
E Francisco concluiu invocando sobre todos e sobre o povo do Bangladesh as bênçãos divinas da harmonia e da paz.
(BS)
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