(RV) O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta
quinta-feira (16/1), na Sala do Consistório, no Vaticano, setenta
participantes da assembleia da Confederação Internacional da União
Apostólica do Clero.
Ao saudar os membros desse organismo, o Papa cumprimentou também os
representantes, ali presentes, da União Apostólica dos Leigos.
A assembleia da Confederação Internacional da União Apostólica do
Clero focaliza-se no papel dos pastores na Igreja particular. Nessa
releitura, a chave hermenêutica é a espiritualidade diocesana que é
espiritualidade de comunhão, segundo a comunhão Trinitária.
"Hoje temos tanta necessidade de comunhão, na Igreja e no mundo" –
disse o Papa Francisco aos participantes na Assembleia Internacional da
Confederação da União Apostólica do Clero, que está a reflectir sobre o
papel dos pastores na Igreja particular.
"A espiritualidade diocesana" – sublinhou Francisco - é
espiritualidade de comunhão a exemplo da comunhão Trinitária”. E como
dizia São João Paulo II, o grande desafio do século XXI é "fazer da
Igreja a casa e a escola da comunhão", promovendo "uma espiritualidade
da comunhão". Isto é possível graças à "conversão a Cristo, à dócil
abertura à acção do Seu Espírito e ao acolhimento dos irmãos". Ou seja,
devemos fazer-nos santos:
"Hoje, como no passado, são os santos que são os evangelizadores mais
eficazes, e todos os baptizados são chamados a lutar pela alta medida
da vida cristã, isto é, à santidade. Com maior razão, isto diz respeito
aos ministros ordenados. Penso na mundanidade, na tentação da
mundanidade espiritual, tantas vezes escondida na rigidez: uma chama a
outra, são "irmãs", uma chama a outra”.
Os pastores – reitera fortemente o Papa - são chamados a usar "o
avental do serviço", inclinar-se "sobre a vida das próprias comunidades,
compreender a sua história e a viver as alegrias e tristezas, as
expectativas e esperanças" do povo de Deus É fundamental que os
sacerdotes cultivem "relações fraternas recíprocas" participando no
"caminho pastoral da sua Igreja diocesana, nos seus compromissos, nos
projectos e nas iniciativas que traduzem operativamente as linhas
programáticas" em unidade com o bispo. Ponto de referência
"imprescindível" é o plano pastoral da diocese, que "deve ser antecipado
aos programas das associações, dos movimentos e de qualquer grupo
particular”.
"E esta unidade pastoral, de todos à volta do bispo, trará unidade na
Igreja. E é muito triste quando num presbitério encontramos que esta
unidade não existe, é aparente. E lá dominam as bisbilhotices,
bisbilhotices que destroem a diocese, destroem a unidade dos
presbíteros, entre eles e o bispo. Irmãos sacerdotes, peço-vos, por
favor: sempre vemos coisas feias nos outros, sempre - porque as
cataratas a este olho não vêm - os olhos estão prontos para ver as
coisas feias, mas peço-vos a que não chegueis às bisbilhotices. Se eu
vejo coisas feias, rezo ou, como um irmão, falo. Não faço como o
"terrorista", porque as bisbilhotices são terrorismo. As bisbilhotices
são como lançar uma bomba: eu destruo o outro e vou-me embora tranquilo.
Por favor, nada de bisbilhotices, são como a traça que come o tecido da
Igreja, da Igreja diocesana, da unidade entre todos nós”.
Finalmente, o Papa convida a ter "um respiro maior que leve a ser
atentos à vida de toda a Igreja": o serviço à própria Igreja particular
deve ser realizado "na docilidade ao Espírito Santo e ao próprio Bispo e
em colaboração com os outros presbíteros, mas com a consciência de ser
parte da Igreja universal, que ultrapassa os limites da própria diocese e
do próprio País". Assim, o sacerdote é chamado a "ser educador da
‘mundialidade’, mas não da mundanidade":
"A Missão, de facto, não é uma escolha individual, devida à
generosidade individual ou talvez a delírios pastorais, mas é uma
escolha da Igreja particular que se torna protagonista na comunicação do
Evangelho a todas as pessoas”. (BS/MJ)
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