16 novembro, 2017

Papa Francisco: a Igreja tem tanta necessidade de comunhão




(RV) O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (16/1), na Sala do Consistório, no Vaticano, setenta participantes da assembleia da Confederação Internacional da União Apostólica do Clero.

Ao saudar os membros desse organismo, o Papa cumprimentou também os representantes, ali presentes, da União Apostólica dos Leigos.

A assembleia da Confederação Internacional da União Apostólica do Clero focaliza-se no papel dos pastores na Igreja particular. Nessa releitura, a chave hermenêutica é a espiritualidade diocesana que é espiritualidade de comunhão, segundo a comunhão Trinitária.

"Hoje temos tanta necessidade de comunhão, na Igreja e no mundo" – disse o Papa Francisco aos participantes na Assembleia Internacional da Confederação da União Apostólica do Clero, que está a reflectir sobre o papel dos pastores na Igreja particular.

"A espiritualidade diocesana" – sublinhou Francisco - é espiritualidade de comunhão a exemplo da comunhão Trinitária”. E como dizia São João Paulo II, o grande desafio do século XXI é "fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão", promovendo "uma espiritualidade da comunhão". Isto é possível graças à "conversão a Cristo, à dócil abertura à acção do Seu Espírito e ao acolhimento dos irmãos". Ou seja, devemos fazer-nos santos:

"Hoje, como no passado, são os santos que são os evangelizadores mais eficazes, e todos os baptizados são chamados a lutar pela alta medida da vida cristã, isto é, à santidade. Com maior razão, isto diz respeito aos ministros ordenados. Penso na mundanidade, na tentação da mundanidade espiritual, tantas vezes escondida na rigidez: uma chama a outra, são "irmãs", uma chama a outra”.

Os pastores – reitera fortemente o Papa - são chamados a usar "o avental do serviço", inclinar-se "sobre a vida das próprias comunidades, compreender a sua história e a viver as alegrias e tristezas, as expectativas e esperanças" do povo de Deus É fundamental que os sacerdotes cultivem "relações fraternas recíprocas" participando no "caminho pastoral da sua Igreja diocesana, nos seus compromissos, nos projectos e nas iniciativas que traduzem operativamente as linhas programáticas" em unidade com o bispo. Ponto de referência "imprescindível" é o plano pastoral da diocese, que "deve ser antecipado aos programas das associações, dos movimentos e de qualquer grupo particular”.

"E esta unidade pastoral, de todos à volta do bispo, trará unidade na Igreja. E é muito triste quando num presbitério encontramos que esta unidade não existe, é aparente. E lá dominam as bisbilhotices, bisbilhotices que destroem a diocese, destroem a unidade dos presbíteros, entre eles e o bispo. Irmãos sacerdotes, peço-vos, por favor: sempre vemos coisas feias nos outros, sempre - porque as cataratas a este olho não vêm - os olhos estão prontos para ver as coisas feias, mas peço-vos a que não chegueis às bisbilhotices. Se eu vejo coisas feias, rezo ou, como um irmão, falo. Não faço como o "terrorista", porque as bisbilhotices são terrorismo. As bisbilhotices são como lançar uma bomba: eu destruo o outro e vou-me embora tranquilo. Por favor, nada de bisbilhotices, são como a traça que come o tecido da Igreja, da Igreja diocesana, da unidade entre todos nós”.

Finalmente, o Papa convida a ter "um respiro maior que leve a ser atentos à vida de toda a Igreja": o serviço à própria Igreja particular deve ser realizado "na docilidade ao Espírito Santo e ao próprio Bispo e em colaboração com os outros presbíteros, mas com a consciência de ser parte da Igreja universal, que ultrapassa os limites da própria diocese e do próprio País". Assim, o sacerdote é chamado a "ser educador da ‘mundialidade’,  mas não da mundanidade":

"A Missão, de facto, não é uma escolha individual, devida à generosidade individual ou talvez a delírios pastorais, mas é uma escolha da Igreja particular que se torna protagonista na comunicação do Evangelho a todas as pessoas”. (BS/MJ)

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