Cidade do
Vaticano (RV) – Nesta quarta-feira, o Papa concedeu audiência a cerca de
25 mi fiéis, romanos e turistas presentes na Praça São Pedro, e fez uma
catequese baseada na parábola do Bom Samaritano.
A
parábola tem origem na pergunta de um Doutor da lei que queria testar
Jesus: “Quem é o meu próximo?”. Ele queria uma resposta clara para
distinguir os ‘próximos’ dos ‘não-próximos’, tentava entender se eram
seus parentes, compatriotas ou pessoas da mesma religião. Jesus responde
com uma parábola.
O sacerdote, o levita e o samaritano
Um homem, viajando no caminho entre Jerusalém e Jericó, foi
interceptado por bandidos que, depois de o roubarem, ainda o deixaram
gravemente ferido. Um sacerdote, um levita e um samaritano passam por
ali. O sacerdote e o levita eram religiosos. Esperava-se deles que
fossem praticantes da palavra de Deus, pois a conheciam, sabiam o que
tinham que fazer. Já o samaritano era um judeu cismático, visto como
estrangeiro, pagão e impuro. O sacerdote e o levita ignoram o homem que
acabara de ser assaltado e agredido.
Conhecer a Bíblia não significa saber amar
“O primeiro ensinamento na parábola é este: não é automático que quem
frequenta a casa de Deus e conhece a sua misericórdia sabe amar o
próximo. Você pode conhecer toda a Bíblia, toda a teologia, mas o
amor... vai por outro caminho! Diante do sofrimento de tanta gente que
sofre fome, violência e injustiças, não podemos ser meros espectadores.
Ignorar o sofrimento do homem significa ignorar Deus!”, frisou o Papa.
Francisco prosseguiu destacando o centro da parábola: o samaritano, o
desprezado, aquele que também tinha seus afazeres, faz de tudo para
salvar esse homem, ‘moveu-se de compaixão’. “Esta é a diferença”, disse,
“os outros dois viram, mas seus corações ficaram impassíveis enquanto o
coração do bom samaritano estava ‘sintonizado’ com o coração de Deus.
Em seus gestos e ações, identificamos o agir misericordioso de Deus: é a
mesma compaixão com que o Senhor vem ao encontro de cada um de nós.
Aproximar-se de quem sofre é aproximar-se de Deus
“Ele não nos ignora, conhece nossas dores, sabe que precisamos de
ajuda e consolação. Ele vem perto de nós e nunca nos abandona”.
O samaritano doou-se completamente ao homem que necessitava,
empregando cuidado, tempo e até dinheiro. “E isto nos ensina que a
compaixão, o amor, não é um sentimento vago, mas significa cuidar do
outro, comprometer-se, identificar-se com ele: “Amarás o próximo como a
ti mesmo”, é o mandamento do Senhor.
Compaixão: sofrer 'com'
Concluindo a parábola, Jesus perguntou Jesus “Qual dos três foi o
próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”. E a resposta é
indiscutível: “Aquele que teve compaixão dele”.
Francisco explicou que o ‘próximo’ foi o samaritano, porque se
aproximou do moribundo. “Não devemos classificar os outros e ver quem é
próximo e quem não o é. Podemos nos tornar próximos de quem quer que
esteja em necessidade, e o seremos se tivermos compaixão em nosso
coração”.
Amar como Ele nos amou
“Esta parábola – concluiu – é um lindo presente, e um compromisso,
para todos nós. “Vai e faze tu a mesma coisa”, disse Jesus ao Doutor da
lei. Somos todos chamados a percorrer o mesmo caminho do samaritano,
que retrata Cristo: “Jesus se inclinou sobre nós, se fez nosso servo, e
assim nos salvou, para que nós possamos nos amar, como Ele nos amou”.
(CM)
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