Começo a minha caminhada pelo
deserto da Quaresma.
Vou devagar, não tenho pressa.
Passo a passo para me poder encontrar, ou melhor, para deixar que o Espírito
Santo me faça encontrar naquilo que sou realmente e sobretudo naquilo que
desejava ser, segundo a vontade de Deus.
Uma pedra no caminho e
sento-me.
A pedra tem escrito em toda a
sua largura: mentira!
Uma voz estranha, incómoda,
diz para eu me levantar e continuar a caminhar, porque nada tenho a ver com a
mentira.
Pois, o inimigo passeia pelo
deserto da minha Quaresma!
Afasto essa voz de mim, entro
no meu coração e reflicto, medito, nessa pedra em que me sento.
Sim, não vejo grandes
mentiras, mentiras que prejudiquem outros, mas vejo tantas outras, sem sentido
e por vezes perniciosas até para mim.
Mentiras para me fazer melhor
do que os outros, mentiras para me desculpar de tantos erros, mentiras
ocasionais sobre coisas sem sentido, mentiras até a mim próprio, para tentar
enganar a minha consciência.
Ah, Senhor, obrigado por me
teres feito sentar nesta pedra da mentira, da qual me queres levantar para
prosseguir caminho.
Ajuda-me a perceber e a viver
que só a verdade, sempre, é a Tua única vontade.
Monte Real, 2 de Março de 2017
Joaquim Mexia Alves
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