(RV) O Papa Francisco, recebeu, nesta
segunda-feira (20/03) no Vaticano, o Presidente de Ruanda Paul Kagame, e
manifestou o seu profundo pesar pelo genocídio contra os Tutsis em 1994
e pediu perdão por aqueles membros da Igreja que cederam ao ódio e à
violência, traindo a própria missão evangélica.´
A nota divulgada pela Secretaria de Estado informa que foram
destacadas as boas relações entre a Santa Sé e Ruanda e enaltecido o
caminho rumo à estabilização social, política e económica do País. Foi
também ressaltada a colaboração entre o Estado e a Igreja local na obra
de reconciliação nacional e pacificação. Neste contexto, o Papa
expressou a dor sua, da Santa Sé e de toda a Igreja pelo genocídio
contra os membros da etnia Tutsi, manifestando solidariedade pelas
vítimas e por todos os que ainda padecem as consequências daqueles
eventos.
O Papa, que se reuniu por 20 minutos a portas fechadas com o
Presidente, havia oferecido em 2014 o apoio da Igreja Católica para a
reconciliação em Ruanda, por ocasião dos 20 anos de genocídio.
O massacre de quase um terço da população ruandesa foi perpetrado
pela maioria Hútu perante a total indiferença do resto do mundo.
Perdão em nome da Igreja
“Em linha com o gesto de São João Paulo II, no Grande Jubileu de
2000, Francisco implorou o perdão de Deus pelos pecados e faltas da
Igreja e de seus membros – sacerdotes, religiosos e religiosas – que
cederam ao ódio e à violência, traindo sua missão evangélica”, consta na
nota.
O Pontífice disse esperar que este humilde reconhecimento da omissão
da Igreja naquela circunstância – que deturpou o rosto da Igreja –
contribua para ‘purificar a memória’ e promover com esperança e
confiança um futuro de paz, testemunhando que é concretamente possível
viver e trabalhar juntos quando a dignidade da pessoa humana e o bem
comum são colocados no centro.
Enfim, os dois Chefes de Estado trocaram opiniões sobre a situação
política e social da região, especialmente em relação às áreas atingidas
por conflitos ou calamidades naturais. Ambos se mostraram preocupados
com o grande número de refugiados e migrantes sem assistência e apoio
por parte da comunidade internacional e dos organismos regionais.
Em apenas três meses de 1994, o genocídio de Ruanda deixou 800 mil mortos e dois milhões de refugiados.
Troca de presentes
Francisco ofereceu a Kagame uma medalha representando “um deserto que
se tornou um jardim”, numa alusão ao País em reconstrução, após o
genocídio.
O presidente ruandês deu ao Papa uma vara tradicional africana “para convocar as pessoas”. (BS/CM)
Sem comentários:
Enviar um comentário