(RV) E enquanto em Nova Iorque se fala de armas
nucleares, em Bruxelas decorre o X Fórum sobre o Futuro da Agricultura
no mundo. Ocasião para o Santo Padre transmitir também uma mensagem
através do Cardeal Secretario Pietro Parolin que nele participa.
Francisco convida a um empenho não só no sentido de melhorar o sistema
de produção e de comercialização, mas também e sobretudo que se ponha a
tónica no direito de cada ser humano a ter acesso a uma alimentação sã e
suficiente e a ser nutrido conforme as próprias necessidades. É cada
vez mais evidente a necessidade de pôr a pessoa humana no centro de
qualquer acção, quer se trate de trabalhadores agrícolas, operadores
económicos ou consumidores. Esta abordagem – lê-se na mensagem
apresentada pelo Cardeal Parolin – se for partilhada como impulso ideal e
não como dado técnico, permite ter presente a estreita relação entre
agricultura, cuidado e custódia da Criação, o crescimento económico, os
níveis de desenvolvimento e as necessidades actuais e futuras da
população mundial.
As expectativas ligadas aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável
definidas pela comunidade internacional [e que deverão ser atingidas
até ao 2030], requerem que se enfrente a situação de certos países e
zonas do mundo onde a actividade agrícola é carente porque não
suficientemente diversificada e, por conseguinte, inadequada a responder
ao contexto ambiental e às mutações climáticas. Trata-se de um
mecanismo complexo que atinge sobretudo os mais vulneráveis excluídos
não só dos processos de produção como também obrigados a abandonar as
próprias terras e procurar refúgio e esperança de vida noutros lugares.
O futuro da agricultura – lê-se na mensagem – não pode ser pensado
impondo modelos de produção que beneficiem apenas uma parte da população
mundial, em prejuízo da outra parte. Qualquer esforço deve ser
orientado, antes de mais, a fazer com que cada país possa crescer os
próprios recursos para chegar à auto-suficiência alimentar. Há que
pensar em novos modelos de consumo, formas de organização comunitária
que valorize os pequenos produtores e preservem os ecossistemas locais e
a bio-diversidade. Há que adoptar políticas de cooperação que não
agravem a situação das populações menos avançadas ou a sua dependência
externa.
O fosso entre a amplidão dos problemas e os resultados positivos até
agora obtidos não deve desencorajar, nem criar desconfianças, mas sim
responsabilizar – escreve o Papa na sua mensagem, esperançoso de que
nesse Fórum cada um possa encontrar o encorajamento necessário para
intensificar a obra empreendida, tornando-a cada vez mais criativa e
estruturada. “É muito o que se fazer” – remata o Papa na mensagem.
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