28 março, 2017

Mensagem do Papa ao X Fórum sobre o Futuro da Agricultura




(RV) E enquanto em Nova Iorque se fala de armas nucleares, em Bruxelas decorre o X Fórum sobre o Futuro da Agricultura no mundo. Ocasião para o Santo Padre transmitir também uma mensagem através do Cardeal Secretario Pietro Parolin que nele participa. Francisco convida a um empenho não só no sentido de melhorar o sistema de produção e de comercialização, mas também e sobretudo que se ponha a tónica no direito de cada ser humano a ter acesso a uma alimentação sã e suficiente e a ser nutrido conforme as próprias necessidades. É cada vez mais evidente a necessidade de pôr a pessoa humana no centro de qualquer acção, quer se trate de trabalhadores agrícolas, operadores económicos ou consumidores. Esta abordagem – lê-se na mensagem apresentada pelo Cardeal Parolin – se for partilhada como impulso ideal e não como dado técnico, permite ter presente a estreita relação entre agricultura, cuidado e custódia da Criação, o crescimento económico, os níveis de desenvolvimento e as necessidades actuais e futuras da população mundial.

As expectativas ligadas aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável definidas pela comunidade internacional [e que deverão ser atingidas até ao 2030], requerem que se enfrente a situação de certos países e zonas do mundo onde a actividade agrícola é carente porque não suficientemente diversificada e, por conseguinte, inadequada a responder ao contexto ambiental e às mutações climáticas. Trata-se de um mecanismo complexo que atinge sobretudo os mais vulneráveis excluídos não só dos processos de produção como também obrigados a abandonar as próprias terras e procurar refúgio e esperança de vida noutros lugares.

O futuro da agricultura – lê-se na mensagem – não pode ser pensado impondo modelos de produção que beneficiem apenas uma parte da população mundial, em prejuízo da outra parte. Qualquer esforço deve ser orientado, antes de mais, a fazer com que cada país possa crescer os próprios recursos para chegar à auto-suficiência alimentar. Há que pensar em novos modelos de consumo, formas de organização comunitária que valorize os pequenos produtores e preservem os ecossistemas locais e a bio-diversidade. Há que adoptar políticas de cooperação que não agravem a situação das populações menos avançadas ou a sua dependência externa.

O fosso entre a amplidão dos problemas e os resultados positivos até agora obtidos não deve desencorajar, nem criar desconfianças, mas sim responsabilizar – escreve o Papa na sua mensagem, esperançoso de que nesse Fórum cada um possa encontrar o encorajamento necessário para intensificar a obra empreendida, tornando-a cada vez mais criativa e estruturada. “É muito o que se fazer” – remata o Papa na mensagem.

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