Prossigo a viagem pelo deserto
da Quaresma.
Sempre ao encontro de Cristo
em mim, para que o Espírito Santo me vá mostrando caminho no amor do Pai.
Mais uma pedra no caminho e
sento-me.
Esta tem escrito: Ressentimento!
O “outro”, que embora eu não
queira me segue na viagem, diz-me logo pressuroso: Levanta-te, sai dessa pedra!
Tu que falas tanto no perdão, não tens obviamente nenhum ressentimento em ti!
Não ligo ao que ele diz e fico
a pensar.
É verdade que falo muito do
perdão, é verdade que o perdão é algo que muito desejo conseguir ter e dar, mas
será que já não há mesmo nenhum ressentimento em mim?
Obrigo-me a percorrer a minha
vida, nas coisas que mais me ofenderam, que mais me magoaram, e percebo que
aqui e ali, o meu coração ainda estremece ao pensar em certos momentos,
sobretudo em certas pessoas.
Percebo que ainda talvez não
seja capaz de ter paz no coração quando penso nessas pessoas.
Julgo que já lhes perdoei, mas
ainda guardo esse “amargo” que no fundo é um ressentimento.
Com todo o amor ouço a voz do
Espírito Santo no meu coração a dizer-me: Não te apoquentes. A vontade inscrita
no teu coração é perdoar e é nessa vontade que vais caminhando. Reza ainda mais
por aqueles que te ofenderam e por aqueles que tu ofendeste.
Ah, Senhor, obrigado por me
teres feito sentar nesta pedra do ressentimento, da qual me queres levantar
para prosseguir caminho.
Ajuda-me a perceber e a viver
que só o amor aos outros, sempre, é a Tua única vontade.
Monte Real, 3 de Março de 2017
Joaquim Mexia Alves
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