(RV) O verdadeiro jejum, agradável a Deus, foi o tema da homilia do Papa
Francisco na missa celebrada manhã desta sexta-feira (03/03), na Capela
da Casa Santa Marta.
As leituras do dia falam do jejum, isto é – explica o Papa – “da
penitência a que somos convidados a fazer no tempo da Quaresma” para
aproximar-nos ao Senhor. A Deus agrada “o coração penitente” – diz o
Salmo – “o coração que se sente pecador e sabe ser pecador”.
Na primeira leitura – tirada do Livro do Profeta Isaías – Deus
repreende a falsa religiosidade dos hipócritas que jejuam enquanto
cuidam dos próprios negócios, oprimem os operários e brigam “ferindo com
punhos iníquos”.
Por um lado fazem penitência e por outro cometem injustiças, fazendo
“negócios sujos”. O Senhor, ao contrário, pede um jejum verdadeiro,
atento ao próximo:
“O outro é o jejum “hipócrita” – é a palavra que Jesus tanto usa – é
um jejum para se mostrar ou para sentir-se justo, mas ao mesmo tempo
cometem injustiças, não são justos, exploram as pessoas. “Mas eu sou
generoso, farei uma bela oferta à Igreja” – 'Mas me diga, tu pagas o
justo às tuas domésticas? Paga teus funcionários sem assinar a carteira?
Ou como quer a lei, para que possam dar de comer aos seus filhos?’”.
O Papa Francisco fala de um caso ocorrido logo após a II Guerra
Mundial com o Padre jesuíta Padre Arrupe, quando era missionário no
Japão. Um rico homem de negócios fez a ele uma doação para actividades
de evangelização, mas o acompanhava um fotógrafo e um jornalista. O
envelope continha somente 10 dólares:
“Nós também fazemos o mesmo quando não pagamos o justo à nossa gente.
Pegamos de nossas penitências, de nossos gestos, do jejum, da esmola,
aceitamos uma propina: o suborno da vaidade, de se mostrar. Isso não é
autenticidade, é hipocrisia. Por isso, quando Jesus diz ‘Quando vocês
rezarem, entrem no seu quarto, fechem a porta, no escondido, quando
derem esmola não faça soar a trombeta, quando jejuar não fiquem tristes.
É o mesmo que dizer: Por favor, quando vocês fizerem uma boa obra não
aceitem propina desta boa obra, é somente para o Pai.”
O Papa citou o Profeta Isaías, quando o Senhor fala aos hipócritas
sobre o jejum verdadeiro. Palavras significativas também “para os nossos
dias”:
“Não é este o jejum que escolhi: quebrar as cadeias injustas,
desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, e
romper todo tipo de sujeição? Não consiste talvez em dividir o pão com o
faminto, deixar entrar em casa os pobres, os sem-abrigo, vestir o que
está nu sem transcurar os próprios parentes? Pensemos nestas palavras,
pensemos em nosso coração, como nós jejuamos, rezamos, damos esmolas.
Nos ajudará também a pensar: o que sente um homem depois de um jantar,
que custou 200 euros, por exemplo, e volta para casa, vê um faminto, não
olha para ele e continua caminhando? Nos fará bem pensar nisso.”
(BS/JE/MJ)
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