(RV) 26 de
março de 2017, IV Domingo da Quaresma. Antes da oração mariana do
Angelus, o Papa Francisco, dirigindo-se aos milhares de fiéis e
peregrinos presentes na Praça de São Pedro, comentou o Evangelho no
centro do qual, disse, está Jesus e o cego de nascença. Cristo
restitui-lhe a vista, explicou o Papa, primeiro misturando a terra com
saliva, ungindo depois com ela os olhos do cego e dizendo-lhe em seguida
para se ir lavar na piscina de Siloé. O homem vai, se lava, e recupera
a vista.
“Com este milagre Jesus se revela como luz do mundo; e o cego de
nascença representa cada um de nós, que fomos criados para conhecer a
Deus, mas por causa do pecado somos como cegos, precisamos de uma luz
nova, a da fé, que Jesus nos deu. De facto, aquele cego do Evangelho
recuperando a vista se abre ao mistério de Cristo: se prostra perante
Jesus, o ‘Filho do Homem’ e confessa: ‘Eu creio, Senhor!
Este episódio leva-nos a reflectir sobre a nossa fé em Cristo, Filho
de Deus e também se refere ao baptismo, primeiro sacramento da fé e que
nos faz "vir à luz", mediante o renascimento pela água e o Espírito
Santo – explicou Francisco:
“O cego de nascença curado nos representa quando nós não nos
apercebemos que Jesus é "a luz do mundo", quando olhamos para outro
lado, quando preferimos confiar em pequenas luzes, quando
ziguezagueamos no escuro. O facto de que aquele cego não tem nome nos
ajuda a espelhar-nos com o nosso rosto e o nosso nome na sua história”.
Na verdade, também nós fomos "iluminados" por Cristo no Baptismo –
prosseguiu o Papa - e, portanto, somos chamados a comportar-nos como
filhos da luz, o que exige uma mudança radical de mentalidade, uma
capacidade de julgar homens e coisas segundo uma outra escala de
valores, que vem de Deus, porque o Baptismo exige uma escolha firme e
decidida de viver como filhos da luz, e caminhar na luz.
E o que significa caminhar na luz? – se perguntou Francisco:
“Significa antes de tudo abandonar as luzes falsas: a luz fria e
fátua do preconceito contra os outros, porque o preconceito distorce a
realidade e nos enche de aversão contra aqueles que julgamos sem
misericórdia e condenamos sem apelo. Uma outra luz falsa, porque
sedutora é ambígua, é a do interesse pessoal: se avaliamos as pessoas e
coisas com base nos critérios de nossa utilidade, do nosso prazer, do
nosso prestígio, não fazemos a verdade nas relações e nas situações”.
Que Virgem Santa – concluiu o Papa - nos obtenha a graça de acolher
novamente nesta Quaresma a luz da fé, redescobrindo o dom inestimável do
Baptismo, e esta nova iluminação nos transforme nas atitudes e acções,
para sermos também nós, a portadores de um raio da luz de Cristo.
Depois do Angelus, Francisco falou dos novos beatos da Espanha:
“Ontem em Almería (Espanha) foram beatificados José Álvarez-Benavides
y de la Torre, e 114 companheiros mártires. Estes sacerdotes,
religiosos e leigos foram testemunhas heróicas de Cristo e do seu
Evangelho de paz e reconciliação fraterna. O seu exemplo e a sua
intercessão sustentem o empenho da Igreja na construção da civilização
do amor”.
E a propósito da sua visita pastoral, ontem, à diocese de Milão, Francisco acrescentou as seguintes palavras:
“E a propósito de Milão, quero agradecer o Cardeal Arcebispo e todo o
povo de Milão pelo caloroso acolhimento de ontem. Verdadeiramente
senti-me em casa. E isto por parte de todos: crentes e não-crentes.
Muito obrigado queridos milaneses. Constatei que é verdade aquilo que se
diz: ‘Em Milão se recebem as pessoas com o coração na mão!’”
A todos o Papa desejou um bom domingo pedindo, por favor, para que não nos esqueçamos de rezar por ele.
[Buon pranzo e arrivederci] “Bom almoço e até logo”. (BS)
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