07 março, 2017

“O pão e o vinho, o vinho e o sangue" no Evangelho de Mateus




(RV) Prosseguem em Ariccia, os Exercícios Espirituais do Papa Francisco e de membros (74 os presentes) da Curia Romana que neles participam. Na manhã desta terça-feira, P. Giulio Michelini que orienta esses exercícios, centrados no Evangelho de São Mateus, fez a sua terceira meditação sobre o tema “O pão e o vinho, o vinho e o sangue”. Um comentário da passagem do referido Evangelho sobre a Última Ceia.  Ceia que -  frisou o P. Michelini - inicia com a frase: “Pôs-se à mesa com os doze”. Estar à mesma mesa significa experimentar a beleza do estar juntos, do receber aquilo que foi preparado por outros como um acto de amor. O próprio Ressuscitado, segundo o evangelista São João, tinha preparado a refeição aos seus discípulos no Lago da Galileia. Mas o alimento e o comer – fez notar o pregador – trazem também ao de cima o pecado do homem, assim como também o seu egoísmo e a sua fragilidade.

Comer é, de facto, sinal, em primeiro lugar, de uma verdadeira e própria fragilidade antropológica. É uma necessidade que significa humanidade e fraqueza. Comer é antes de mais receber a vida, isto é, reconhecer-se não auto-suficiente. Ou seja, reconhecer os próprios limites. Comer com os outros é confessar perante os outros esta condição humana.

(DA)

Na Ceia de Jesus emerge, portanto, este elemento. Nessa noite em que Jesus é atraiçoado por Judas, dá quanto lhe restava por dar: o seu corpo e o seu sangue, a sua humanidade, a sua carne, porque era nessa carne que a Divindade, a Palavra, se tinha tornado tal. Desta forma Jesus doa todo o seu ser e não defende mais nada.

O sangue – disse o P. Michelini – é um elemento que se encontra só no Evangelho de São Mateus – como elemento que é derramado a partir da Cruz para o perdão dos pecados.
Por fim o Padre Michelini apresentou três questões para a reflexão:

“É preciso evitar que o espírito esteja todo concentrado naquilo que se vai comer e que se come depressa levados pelo apetite; é necessário, pelo contrário, autodomínio tanto na maneira de comer como na quantidade”.

Depois: “como é possível que nós cristãos, que deveríamos encontrar a unidade precisamente em torno da Ceia, reproduzimos as nossas divisões, as mesmas dinâmicas divisórias de Corinto”. É certo que são numerosos os passos que se estão a dar no sentido da unidade, mas muito resta ainda por fazer – disse o pregador.

Por fim, a questão do perdão dos pecados. Pergunto-me – conclui P. Micheilini – se temos realmente consciência  de que Jesus, derramando o seus sangue – disse e deu, verdadeiramente com a própria vida e não apenas com palavras, o perdão de Deus.

(DA)

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