(RV) Prosseguem em Ariccia, os Exercícios
Espirituais do Papa Francisco e de membros (74 os presentes) da Curia
Romana que neles participam. Na manhã desta terça-feira, P. Giulio
Michelini que orienta esses exercícios, centrados no Evangelho de São
Mateus, fez a sua terceira meditação sobre o tema “O pão e o vinho, o
vinho e o sangue”. Um comentário da passagem do referido Evangelho sobre
a Última Ceia. Ceia que - frisou o P. Michelini - inicia com a frase:
“Pôs-se à mesa com os doze”. Estar à mesma mesa significa experimentar a
beleza do estar juntos, do receber aquilo que foi preparado por outros
como um acto de amor. O próprio Ressuscitado, segundo o evangelista São
João, tinha preparado a refeição aos seus discípulos no Lago da
Galileia. Mas o alimento e o comer – fez notar o pregador – trazem
também ao de cima o pecado do homem, assim como também o seu egoísmo e a
sua fragilidade.
Comer é, de facto, sinal, em primeiro lugar, de uma verdadeira e
própria fragilidade antropológica. É uma necessidade que significa
humanidade e fraqueza. Comer é antes de mais receber a vida, isto é,
reconhecer-se não auto-suficiente. Ou seja, reconhecer os próprios
limites. Comer com os outros é confessar perante os outros esta condição
humana.
(DA)
Na Ceia de Jesus emerge, portanto, este elemento. Nessa noite em que
Jesus é atraiçoado por Judas, dá quanto lhe restava por dar: o seu corpo
e o seu sangue, a sua humanidade, a sua carne, porque era nessa carne
que a Divindade, a Palavra, se tinha tornado tal. Desta forma Jesus doa
todo o seu ser e não defende mais nada.
O sangue – disse o P. Michelini – é um elemento que se encontra só no
Evangelho de São Mateus – como elemento que é derramado a partir da
Cruz para o perdão dos pecados.
Por fim o Padre Michelini apresentou três questões para a reflexão:
“É preciso evitar que o espírito esteja todo concentrado naquilo que
se vai comer e que se come depressa levados pelo apetite; é necessário,
pelo contrário, autodomínio tanto na maneira de comer como na
quantidade”.
Depois: “como é possível que nós cristãos, que deveríamos encontrar a
unidade precisamente em torno da Ceia, reproduzimos as nossas divisões,
as mesmas dinâmicas divisórias de Corinto”. É certo que são numerosos
os passos que se estão a dar no sentido da unidade, mas muito resta
ainda por fazer – disse o pregador.
Por fim, a questão do perdão dos pecados. Pergunto-me – conclui P.
Micheilini – se temos realmente consciência de que Jesus, derramando o
seus sangue – disse e deu, verdadeiramente com a própria vida e não
apenas com palavras, o perdão de Deus.
(DA)
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