06 junho, 2020

Solenidade da Santíssima Trindade


Santíssima Trindade

A Solenidade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família. 

Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG 

A Solenidade da Santíssima Trindade, Deus que é comunidade de amor. Deixemo-nos envolver por este mistério e manifestemos ao Senhor a nossa fé, a qual é alimentada pela sua graça eficaz. A Solenidade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar neste mistério de amor. 

Na primeira leitura(cf. Ex 34,4b-6.8-9), o Deus da comunhão e da aliança, apostado em estabelecer laços familiares com o homem, auto-apresenta-Se: Ele é clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia. A primeira leitura revela que Deus é Pai misericordioso, paciente, não age com precipitação, sabe esperar, dá sempre um prazo esperançoso a cada um de nós para a nossa conversão, é rico em bondade, nunca se irrita connosco, tolera as nossas misérias, dá coragem e força para enfrentarmos os desafios do dia a dia e jamais abandona, por pior que seja o pecado que tenhamos cometido, está sempre disposto a perdoar diante de um arrependimento sincero. Deus é sempre fiel e trata-nos como filhas e filhos muito amados.

Na segunda leitura (cf. 2Cor 13,11-13), São Paulo expressa - através da fórmula litúrgica “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco” - a realidade de um Deus que é comunhão, que é família e que pretende atrair os homens para esta dinâmica de amor. A segunda leitura continua a revelar quão amoroso é nosso Deus. Quando o ser humano dispensou Deus da sua vida pensando que poderia subsistir sozinho, distanciou-se dele, fugiu da sua intimidade, rejeitou a sua amizade, tornou-se indiferente a Deus e, como consequência, perdeu-se totalmente, vendo-se sem esperança de salvação. Mas Deus mostrou que sempre esteve próximo e, para resgatar o homem, saiu ao seu encontro por Jesus Cristo, seu Filho, para lhe oferecer amizade, amor, comunhão e salvação.

No Evangelho(cf. Jo 3,16-18), João convida-nos a contemplar um Deus cujo amor pelos homens é tão grande, ao ponto de enviar ao mundo o seu Filho único; e Jesus, o Filho, cumprindo o plano do Pai, fez da sua vida um dom total, até à morte na cruz, a fim de oferecer aos homens a vida definitiva. Nesta fantástica história de amor (que vai até ao dom da vida do Filho único e amado), plasma-se a grandeza do coração de Deus. O Evangelho revela-nos outra verdade inimaginável: o amor de Deus é também uma pessoa, o Espírito Santo que nos restaura e santifica para podermos viver eternamente com Deus. Deus nunca fechou e jamais fechará as portas do seu coração, da sua amizade, mas respeita a nossa opção; ele não obriga nenhuma dos seus filhos a voltar para casa; viver eternamente com Ele ou, então, desterrados fora da nossa verdadeira e definitiva casa, depende de nós. Sabemos quem é o nosso Deus, mas não basta um conhecimento teórico, não basta saber coisas sobre Ele e falar dele; istco ainda não é fé. É necessário entrar em contacto com Deus, conversar com Ele pela oração; ter abertura para Deus, escutá-lo, “encharcar-mo-nos” com a sua Palavra nas Sagradas Escrituras e responder-Lhe, amando concretamente as pessoas, começando por aquelas com as quais convivemos, porque Deus ama-as e somos todos seus filhos e filhas.

VN

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