Aos 18 anos, Gonzalo “não encontrava lugar dentro da Igreja, nem
respostas para os problemas” ou para a sua história. Foi um tempo de
distanciamento que, apesar de não ter significado uma rutura completa,
fê-lo pensar em encontrar “respostas noutro lado”. Natural de Sevilha,
em Espanha, Gonzalo é o terceiro de cinco filhos e destaca ao Jornal VOZ
DA VERDADE a preocupação da mãe em ajudá-lo a “saber viver a Missa”,
todos os Domingos. “Mas eu estava à procura, a precisar de mais alguma
coisa”, revela. Aos 20 anos, através de uma amizade durante o curso de
Direito – do qual desistiu no segundo ano –, foi desafiado a fazer “um
percurso mais aprofundado na fé”, ao entrar para uma Comunidade
Neocatecumenal. “Ajudou-me bastante e comecei a encontrar o meu lugar na
Igreja”, assume. A questão da vocação “sempre esteve lá”. “Fui acólito
e, já nessa altura, havia qualquer coisa que me atraia. Depois, na
escolha da faculdade, também pensei na possibilidade de ir para o
seminário, mas como não tinha uma estrutura, uma vivência cristã
profunda, isso sempre ficou no ar”, aponta. “Nesta caminhada de Igreja,
houve uma altura em que fizemos uma peregrinação e parámos em várias
cidades, para fazer missão nas ruas, cantando e convidando as pessoas a
escutar a Palavra. Foi essa experiência que mexeu comigo. Com aquilo,
fez-se uma luz. Era aquilo que estava chamado a fazer”, assegura,
revelando que, num encontro vocacional, então com 24 anos, tomou a
decisão de entrar no seminário. A notícia causou, inicialmente, alguma
estranheza à família, sobretudo porque “podia ir para qualquer parte do
mundo”, revela Gonzalo Palácios, reconhecendo que os seus pais “foram
aceitando e sempre estiveram disponíveis para tudo”. A ideia que tinha
de seminário era “um pouco romântica” e, por isso, à chegada “foi um
choque forte”. “É um seminário internacional, onde cada um falava a sua
língua, mas a vivência do seminário é experimentar o milagre da
comunhão”, assegura este futuro padre, que esteve dois anos num
seminário em França e só depois rumou ao Seminário ‘Redemptoris Mater’
de Lisboa.
Desde a ordenação de
diácono, em dezembro, Gonzalo ficou a viver e fazer o trabalho pastoral
na Paróquia da Penha de França, onde “o desafio é grande”. “É uma zona
envelhecida, e é, agora, habitada por muitos jovens e turismo... não é
uma população fixa. Não podemos ficar na igreja à espera que venham à
Missa. Temos que sair à procura destes jovens. Esse desafio motivou-me
muito. Temos que sair dos esquemas habituais”, apela, assegurando à
diocese que poderá contar com ele para “propor o Evangelho, de uma
maneira radical e concreta”. “Porque essa foi a minha experiência”,
partilha.
Gonzalo Palácios, 38 anos
Arquidiocese de Sevilha, Espanha
- As
ordenações presbiterais vão decorrer no próximo Domingo, às 16h00, no
Mosteiro dos Jerónimos e terão um número limitado de participantes,
devido à pandemia. Pode acompanhar a celebração, em direto, pelo site e
redes sociais do Patriarcado de Lisboa.
Patriarcado de Lisboa
Sem comentários:
Enviar um comentário