No altar da cátedra da Basílica Vaticana, o Papa Francisco presidiu à missa, no dia em que a Itália celebra a Solenidade de Corpus Christi. Jesus faz-se presente "na fragilidade desarmante da Hóstia".
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
"A Eucaristia não é simples lembrança; é um facto: é a Páscoa do Senhor, que ressuscita para nós." No dia em que a Itália celebra a Solenidade de Corpus Christi, o Papa Francisco presidiu à missa na Basílica de São Pedro, com a participação de cerca de 50 fiéis.
A homilia do Pontífice foi inspirada no seguinte versículo extraído
do Deuteronómio: «Recorda-te de todo o caminho que o Senhor, teu
Deus, te fez percorrer» (Dt 8, 2). As palavras do Papa, portanto, falam de memória: memória de quem somos e do que devemos fazer.
Fazei isto em memória de Mim
Para Francisco, é essencial recordar o bem recebido: se o não
conservamos na memória, tornamo-nos estranhos a nós mesmos, meros
«passantes» pela existência. Pelo contrário, fazer memória é amarrar-se
aos laços mais fortes, sentir-se parte duma história transmitida de
geração em geração.
A nossa memória é frágil, recordou o Papa, por isso Deus deixou-nos um memorial.
Não deixou apenas palavras, mas deu-nos um Alimento: a Eucaristia
não é simples lembrança; é um facto: é a Páscoa do Senhor, que ressuscita
para nós. “Fazei isto em memória de Mim.”
A Eucaristia cura a nossa memória ferida e órfã. Introduz na nossa
memória um amor maior: o Dele. Cura também aquilo que o Pontífice chamou
de, "nossa memória negativa", isto é, pensar de que não servimos para
nada, que só cometemos erros.
Somos portadores de Deus
Os problemas quotidianos não desaparecem, mas o seu peso deixará de
nos esmagar, porque, na profundidade de nós mesmos, temos Jesus que nos
encoraja com o seu amor.
“Aqui está a força da Eucaristia, que nos transforma em portadores de Deus.”
Justamente por isso, ao sairmos da missa, não podemos continuar a
reclamar, a criticar e a lamentarmo-nos, pois a alegria do Senhor muda a
vida.
Enfim a Eucaristia cura a nossa memória fechada. Se no início somos
medrosos e desconfiados, aos poucos tornamo-nos cínicos e indiferentes,
agindo com insensibilidade e arrogância.
Eis o convite a não desperdiçar a vida, correndo atrás de mil coisas
inúteis que criam dependências e deixam dentro o vazio. “A Eucaristia
apaga em nós a fome de coisas e acende o desejo de servir.” Somos as
mãos de Deus para saciar o próximo e juntos devemos formar correntes de solidariedade:
“Agora é urgente cuidar de quem tem fome de alimento e dignidade, de
quem não trabalha e tem dificuldade em seguir adiante. E fazê-lo de modo
concreto, como concreto é o Pão que Jesus nos dá.”
Por fim, uma recomendação: “Queridos irmãos e irmãs, continuemos a
celebrar o Memorial que cura a nossa memória: a Missa. É o tesouro que
deve ocupar o primeiro lugar na Igreja e na vida. E, ao mesmo tempo,
redescubramos a adoração, que continua em nós a ação da Missa”.
A cerimónia concluiu-se com a exposição do Santíssimo, com o qual o Pontífice concedeu a sua bênção.
VN
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