15 junho, 2020

Cardeal-patriarca despede-se da presidência da CEP, após sete anos


Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, despediu-se hoje, em Fátima, da presidência da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), missão que desempenhou nos últimos sete anos. “Foi um tempo exigente, porque exigentes foram os desafios da sociedade e da vida eclesial. Em 2013 estávamos a sair duma grave crise económica e social, como agora estamos noutra, trazida pela pandemia”, referiu, na abertura da Assembleia Plenária que decorreu esta tarde, após o adiamento do encontro em abril, devido ao estado de emergência que vigorava no país.



O presidente cessante da CEP evocou “debates socioculturais muito fortes”, ligados a temas como o aborto e a eutanásia, que “continuam presentes” e exigem “atenção prioritária e constante”, bem como à liberdade de ensino e ao setor solidário. “Lembramos também o trabalho e a subsistência digna das pessoas e das famílias, inclusive de quem chega, por imigração ou refúgio”, acrescentou.

D. Manuel Clemente falou ainda da proteção de menores, com a constituição de comissões próprias em todas as dioceses. “A Conferência Episcopal insistiu no cumprimento estrito das orientações da Santa Sé e do Estado”, apontou.

Num olhar sobre o futuro, o Cardeal-Patriarca admitiu que “ainda há muito por fazer no campo da comunicação interna e externa”, por parte da Igreja Católica, na “linguagem utilizada e o modo atual de transmitir e receber”. “A eficácia do que fazemos e da linguagem que utilizamos depende também da sua radicação nos diferentes setores socioculturais. Basta reparar na vivacidade dos pronunciamentos provindos de associações e movimentos do laicado católico, familiares, profissionais ou juvenis”, observou.

D. Manuel Clemente destacou a “movimentação juvenil” nas comunidades católicas, dando como exemplo a ‘Missão País’ e outras atividades que mobilizam anualmente milhares de estudantes universitários. “Foi sobretudo nestes e noutros grupos que nasceu a proposta duma Jornada Mundial da Juventude, como o Papa Francisco marcou para Lisboa em 2023”, explicou.

O presidente da CEP recordou depois que, nos seus sete anos de presidência, decorreram três Sínodos dos Bispos, dois sobre a família (2014/2015) e um sobre os jovens (2019), com os quais o Papa convidou a “uma Igreja em missão, sinodal e corresponsável, atenta às várias formas de fragilidade humana e social”. “Neste como noutros campos, creio que a proposta pastoral do Papa Francisco se apresenta assim, atendendo misericordiosamente a cada situação, sem desistir de chegar ao Evangelho totalmente cumprido”, acrescentou.

Na conclusão do seu discurso, o cardeal-patriarca agradeceu a colaboração dos bispos, das Comissão Episcopais e Secretariados, “sem esquecer a Agência Ecclesia e o seu indispensável contributo”.

D. Manuel Clemente foi eleito como presidente interino da CEP em junho de 2013, após a resignação de D. José Policarpo; seria reeleito no cargo, em abril de 2014 e 2017, concluindo agora o seu segundo mandato completo. A CEP foi formalmente reconhecida a seguir ao Concílio Vaticano II, em 1967, com a ratificação pela Santa Sé dos primeiros Estatutos aprovados na Assembleia Plenária de 16 de maio, revistos posteriormente em 1977, 1984, 1999 e 2005; é o conjunto dos bispos das dioceses que, “para melhor exercerem as suas funções pastorais, põem em comum preocupações e experiências, acertam critérios de ação e coordenam esforços”.

Texto e fotos: Ecclesia

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