Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, despediu-se hoje, em
Fátima, da presidência da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), missão
que desempenhou nos últimos sete anos. “Foi um tempo exigente, porque
exigentes foram os desafios da sociedade e da vida eclesial. Em 2013
estávamos a sair duma grave crise económica e social, como agora estamos
noutra, trazida pela pandemia”, referiu, na abertura da Assembleia
Plenária que decorreu esta tarde, após o adiamento do encontro em abril,
devido ao estado de emergência que vigorava no país.
O presidente cessante da CEP
evocou “debates socioculturais muito fortes”, ligados a temas como o
aborto e a eutanásia, que “continuam presentes” e exigem “atenção
prioritária e constante”, bem como à liberdade de ensino e ao setor
solidário. “Lembramos também o trabalho e a subsistência digna das
pessoas e das famílias, inclusive de quem chega, por imigração ou
refúgio”, acrescentou.
D. Manuel Clemente falou ainda da proteção
de menores, com a constituição de comissões próprias em todas as
dioceses. “A Conferência Episcopal insistiu no cumprimento estrito das
orientações da Santa Sé e do Estado”, apontou.
Num olhar sobre o
futuro, o Cardeal-Patriarca admitiu que “ainda há muito por fazer no
campo da comunicação interna e externa”, por parte da Igreja Católica,
na “linguagem utilizada e o modo atual de transmitir e receber”. “A
eficácia do que fazemos e da linguagem que utilizamos depende também da
sua radicação nos diferentes setores socioculturais. Basta reparar na
vivacidade dos pronunciamentos provindos de associações e movimentos do
laicado católico, familiares, profissionais ou juvenis”, observou.
D.
Manuel Clemente destacou a “movimentação juvenil” nas comunidades
católicas, dando como exemplo a ‘Missão País’ e outras atividades que
mobilizam anualmente milhares de estudantes universitários. “Foi
sobretudo nestes e noutros grupos que nasceu a proposta duma Jornada
Mundial da Juventude, como o Papa Francisco marcou para Lisboa em 2023”,
explicou.
O presidente da CEP recordou depois que, nos seus sete
anos de presidência, decorreram três Sínodos dos Bispos, dois sobre a
família (2014/2015) e um sobre os jovens (2019), com os quais o Papa
convidou a “uma Igreja em missão, sinodal e corresponsável, atenta às
várias formas de fragilidade humana e social”. “Neste como noutros
campos, creio que a proposta pastoral do Papa Francisco se apresenta
assim, atendendo misericordiosamente a cada situação, sem desistir de
chegar ao Evangelho totalmente cumprido”, acrescentou.
Na
conclusão do seu discurso, o cardeal-patriarca agradeceu a colaboração
dos bispos, das Comissão Episcopais e Secretariados, “sem esquecer a
Agência Ecclesia e o seu indispensável contributo”.
D. Manuel
Clemente foi eleito como presidente interino da CEP em junho de 2013,
após a resignação de D. José Policarpo; seria reeleito no cargo, em
abril de 2014 e 2017, concluindo agora o seu segundo mandato completo. A
CEP foi formalmente reconhecida a seguir ao Concílio Vaticano II, em
1967, com a ratificação pela Santa Sé dos primeiros Estatutos aprovados
na Assembleia Plenária de 16 de maio, revistos posteriormente em 1977,
1984, 1999 e 2005; é o conjunto dos bispos das dioceses que, “para
melhor exercerem as suas funções pastorais, põem em comum preocupações e
experiências, acertam critérios de ação e coordenam esforços”.
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