Sentado
sozinho na sua sala, ao fim da tarde, pensava na sua família, pais, irmãos,
sobrinhos, que na casa de um deles estavam reunidos para passar a noite de
Natal.
Ele
tinha-lhes dito com firme convicção que não celebrava coisas em que não
acreditava, tais como o Natal, pois sempre tinha conduzido a sua vida pela
ciência, pela lógica, e, obviamente, um filho nascer de uma mãe virgem por
“obra e graça do Espírito Santo”, (esta frase fazia-o sempre rir com desdém),
era coisa absolutamente impossível.
Reconhecia
que se sentia triste, só, quase como abandonado, mas em nome da sua coerência
radical tinha que ser assim, para que eles percebessem o erro em que viviam.
Festa
da família, sim senhor, mas não com aquela coisa do presépio e aquela crença
absurda!
À
medida que o dia se aproximava do fim, ele ia sentindo o barulho da rua
aquietar-se, percebendo que a maioria das pessoas estava em suas casas,
reunidas para os seus jantares de Natal e quase podia ouvir os risos e a
excitação dos mais pequenos nas casas ao lado da sua.
Por
um breve momento no seu coração desejou acreditar em toda aquela história do
Natal, mas abanou a cabeça firmemente num não convicto vindo dos seus
pensamentos mais racionais.
Recostou-se
no sofá e lentamente adormeceu.
De
repente viu-se numa espécie de deserto e ao longe, junto a umas rochas, uma
gruta de onde saía uma luz estranhamente bela e suave.
Sentia-se
um espectador de um filme real, pois por si iam passando pastores e rebanhos,
várias pessoas, nitidamente trabalhadores humildes, (ia jurar até que tinha
visto três sujeitos vestidos ricamente montados em camelos), e todos se dirigiam
para aquela gruta, cantando uma melodia suave e alegre, com um sorriso nos
lábios.
Aproximou-se
então da gruta, para ver o que por lá se passava e viu uma cena de incrível
beleza!
Numa
manjedoura estava um bebé, (talvez o mais belo que já tinha visto), a seu lado
uma mulher de olhar enternecido para o seu filho e a seu lado um homem
imponente, mas que no entanto parecia de uma humildade que nunca tinha visto em
ninguém.
E
toda aquela gente se dirigia para ali e ficava a olhar para a criança dizendo
coisas que ele não entendia muito bem, mas que no fundo reconheciam aquela criança
como alguém muito especial.
Parecia-lhe
até que uma espécie de anjos, andavam por ali, entoando cânticos muito belos.
Mesmo
a dormir, percebeu que tudo aquilo era um sonho, por isso ficou muito admirado
quando viu passar pela entrada da gruta os seus pais, os seus irmãos, os seus
sobrinhos e toda a sua família.
Desejou
então imenso estar com eles nesse momento!
De
súbito acordou, pois tinham-lhe tocado no ombro e viu-se rodeado de toda a sua
família que tinha entrado pela sua casa adentro.
Então
o seu pai abraçou-o e disse-lhe: Mesmo que não acredites, Feliz Natal de todos
nós, que com certeza não te íamos deixar sozinho neste dia.
Sentiu
dentro de si um calor inexplicável, um sorriso aflorou aos seus lábios porque
no seu coração ouviu uma voz muito suave que lhe dizia:
Há
pouco, por um breve momento, desejaste acreditar. Esse desejo foi ouvido e por
isso aqui estou, na tua família, para te dizer que a ciência e a lógica não
explicam tudo, embora ajudem muito. Hoje o teu coração e o teu pensamento ficam
mais ricos porque percebes agora que Eu sou Aquele que sou, inexplicável à
ciência e à lógica, mas real na tua vida se tu quiseres.
Abraçou
mais fortemente o seu pai e disse-lhe baixinho ao ouvido: Feliz Natal!
Marinha
Grande, 26 de Novembro de 2018
Joaquim
Mexia Alves
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Com este
Conto de Natal quero desejar a todas as amigas e amigos que visitam este
espaço um Santo Natal na alegria do Deus que se faz Homem para nós.
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