Papa Francisco diante do Santo Sudário em Turim
(Vatican Media)
Prof.ª Marinelli,
estudiosa do Sudário de renome mundial, afirma que a pesquisa não tem
rigor científico. Grupos ideológicos investem dinheiro em pesquisas e
investigações pré-concebidas, para tentar provar a falsidade do Pano
Sagrado. Também se manifestaram o Custódio Pontifício do Sudário, Dom
Cesare Nosiglia e o vice-diretor do Centro Internacional de Sindonologia
de Turim, Prof. Paolo Di Lazzaro.
Federico Piana e Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
A notícia percorreu o mundo. Metade das manchas de sangue impressas no
sudário não seria compatível com a postura de um homem crucificado e
outras nem sequer encontrariam resposta de posição tanto na cruz, como no
túmulo.
Aparentemente uma bomba, com um pedigree respeitável: a assinatura da Universidade de Liverpool, que publicou o estudo no Journal of Forensic Sciences.
Os dois pesquisadores autores do trabalho, Matteo Borrini da mesma
universidade e Luigi Garlaschelli, do Comité Italiano para o Controle de
pseudociências, tentaram simular a perda de sangue de um manequim
colocado sobre uma toalha: os resultados não deram a mesma evidência do
Sudário. A este ponto, as manchetes da mídia de todo o mundo não
hesitaram em afirmar: metade das manchas de sangue não são verdadeiras.
Investigação não crível: não há rigor científico
Ao chegar aos ouvidos da professora Emanuela Marinelli, estudiosa do
Sudário, de renome mundial, a 'bomba' não a fez saltar da cadeira, antes
pelo contrário. Ao telefone não parece abalada, mas questionada sim.
"Leu o resumo da pesquisa? Não há nada de científico. Mas parece a si ser um critério científico pegar num manequim desses utilizados para
expor roupas em vitrines de lojas, com uma esponja embebida em
sangue artificial fixada num pedaço de madeira pressionar sobre o lado
direito do boneco para ver onde caem os filetes de sangue? Este
material não tem o rigor científico de outras pesquisas como aquelas
realizadas há quarenta anos sobre os cadáveres de homens mortos por
hemopericárdio (presumivelmente como Jesus, ndr), posicionados
verticalmente e pontos com um bisturi entre a quinta e a sexta costela,
assim como fez com a lança o soldado romano. Provas que tiveram
resultados diferentes dos de Borrini e Garlaschelli", explica tudo de
uma vez a professora.
Grupos ideológicos financiam pesquisas pseudocientíficas para dizer que o Sudário é falso
Então, alguém pode interrogar-se, porque razão uma instituição do calibre da
Universidade de Liverpool decidiu validar e publicar uma pesquisa que
apresenta dúvidas em relação às metodologias fundamentais empregadas,
capazes de minar a sua credibilidade.
A resposta de Marinelli é espetacular. E abre a janela para um outro
cenário, mais nebuloso: para tentar valorizar a tese de que o Sudário é
falso, grupos ideológicos financiam, sem poupar esforços, pesquisas
pré-concebidas, pré-construídas. "Basta pagar e as pesquisas são
realizadas - explica Marinelli. E também há quem as publica para si. É
inegável que por trás de algumas delas, escondem-se grupos que querem
fazer acreditar que o Sudário é uma falsidade histórica. Um exemplo para
todos: existe um belo documentário chamado "A Noite do Sudário". Bem,
este documentário nunca foi transmitido pela RAI, porque contém uma
afirmação que talvez possa não agrada a alguém. E esta afirmação é
representada por uma carta em papel timbrado da Cúria de Turim, que o
cardeal Anastasio Ballestrero, na época custódio do Sudário, enviou ao
seu consultor científico, o engenheiro Luigi Gonella, com a qual
sustentava firmemente que em matéria de datação por carbono 14 (mais
tarde refutada por várias pesquisas sucessivas, ndr), houve a mão da
maçonaria que queria a todo custo provar que o Sudário era da época
medieval".
Em suma, há uma dificuldade em relação a um "verdadeiro Sudário da
parte daqueles que querem negar não somente a Cristo, mas também a sua
ressurreição". Como dizia o cardeal Giacomo Biffi: para um católico,
descobrir que o Sudário é falso, não muda nada. Tudo muda, no entanto,
para um ateu. E talvez disto tenha medo quem procura a todo custo
demonstrar a sua falsidade.
Custódio Pontifício do Sudário
Também o Custódio Pontifício do Sudário, Dom Cesare Nosiglia, ofereceu uma reflexão:
“No decorrer dos séculos, e com maior frequência nos últimos anos,
existiram muitas tentativas de questionar a autenticidade do Sudário.
Tiveram o seu momento de publicidade, com manchetes e artigos de
jornais, que davam como válida a sua pesquisa e conclusões, mas em
muitos casos, demonstraram-se cientificamente duvidosas.
Os estudos e as pesquisas – quando conduzidos com critérios
científicos e sem hipóteses pré-concebidas – estimulam um debate sereno e
construtivo, confirmando o que afirmava São João Paulo II: “O Sudário é
uma constante provocação para a ciência e a inteligência.”
Coube a caberá também desta vez a outros cientistas e estudiosos
promover um debate e eventualmente contestar no plano científico ou
experimental a validade e solidez da pesquisa realizada. É, de qualquer
forma, um debate que diz respeito aos estudiosos e cientistas que querem
desafiar-se nesta empresa.
Acredito, todavia, que deve ser reiterado um princípio fundamental
que deve guiar quem deseja tratar com método rigorosamente científico,
questões complexas como esta: é o princípio da neutralidade, porque se
se parte de um preconceito e à pesquisa é orientada para demonstrá-lo,
facilmente se chegará a confirmá-lo. Neste caso, não são mais os factos
que contam, mas as ideias pré-concebidas, frustrando assim aquela
neutralidade própria da ciência em relação às convicções pessoais.
No entanto, tudo isto não afeta minimamente o significado espiritual e
religioso do Sudário como um ícone da paixão e morte do Senhor, como o
definiu o ensinamento dos Pontífices. Ninguém pode negar a evidência de
que contemplar o Sudário é como ler as páginas do Evangelho que nos
falam sobre a paixão e morte na cruz do Filho de Deus.
Portanto o Sudário, que mesmo não sendo objeto da fé, ajuda porém a
própria fé, porque abre o coração daqueles que se aproximam dele e o
contemplam, para se tornarem conscientes do que foi a paixão de Jesus na
cruz e, portanto, daquele amor maior que Ele nos demonstrou ao sofrer
terrível violência física e moral pela salvação de todo o mundo. Esta foi sempre e continua a ser, a razão pela qual milhões e milhões de fiéis
de todo o mundo veneram, rezam e contemplam o Sudário e dele obtém
esperança para sua vida cotidiana".
Centro Internacional de Sindonologia
Também pronunciou-se com mérito, o vice-diretor do Centro Internacional de Sindonologia de Turim, Prof. Paolo Di Lazzaro.
“O artigo publicado no Journal of forensic sciences refere-se
aos experimentos realizados pelos proff. Borini e Garlaschelli em 2014,
sobre os quais já se tinha discutido na época, com a integração de novas
tentativas experimentais. Mesmo contendo vários elementos de interesse,
acredito que as modalidades pelas quais esses experimentos foram
conduzidos, exigiriam integrações e atenções específicas para serem
considerados cientificamente válidas e com alguma autoridade.
As medições de dosagem de sangue no laboratório são realizadas usando
um voluntário com boas condições de saúde, em cuja pele limpa, o sangue
foi derramado contendo um anticoagulante. Estas condições de contorno
são muito diferentes daquelas contidas no Sudário. Não levam em
consideração a presença na pele do homem do Sudário, de poeira, sujeira,
suor, hematomas da flagelação e tão pouco a acentuada viscosidade do
sangue devido à forte desidratação. Não é possível pensar em reproduzir
condições realistas do gotejamento de sangue do corpo de um crucificado
sem considerar todos estes fatores que afetam significativamente o
caminho do sangue escorrendo”.
VATICAN NEWS
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