18 julho, 2018

Sem credibilidade estudo que define como falsa metade das manchas do Sudário

 
 Papa Francisco diante do Santo Sudário em Turim  (Vatican Media)
 
Prof.ª Marinelli, estudiosa do Sudário de renome mundial, afirma que a pesquisa não tem rigor científico. Grupos ideológicos investem dinheiro em pesquisas e investigações pré-concebidas, para tentar provar a falsidade do Pano Sagrado. Também se manifestaram o Custódio Pontifício do Sudário, Dom Cesare Nosiglia e o vice-diretor do Centro Internacional de Sindonologia de Turim, Prof. Paolo Di Lazzaro.
 
Federico Piana e Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

A notícia percorreu o mundo. Metade das manchas de sangue impressas no sudário não seria compatível com a postura de um homem crucificado e outras nem sequer encontrariam resposta de posição tanto na cruz, como no túmulo.

Aparentemente uma bomba, com um pedigree respeitável: a assinatura da Universidade de Liverpool, que publicou o estudo no Journal of Forensic Sciences. Os dois pesquisadores autores do trabalho, Matteo Borrini da mesma universidade e Luigi Garlaschelli, do Comité Italiano para o Controle de pseudociências, tentaram simular a perda de sangue de um manequim colocado sobre uma toalha: os resultados não deram a mesma evidência do Sudário. A este ponto, as manchetes da mídia de todo o mundo não hesitaram em afirmar: metade das manchas de sangue não são verdadeiras. 

Investigação não crível: não há rigor científico
Ao chegar aos ouvidos da professora Emanuela Marinelli, estudiosa do Sudário, de renome mundial, a 'bomba' não a fez saltar da cadeira, antes pelo contrário. Ao telefone não parece abalada, mas questionada sim. "Leu o resumo da pesquisa? Não há nada de científico. Mas parece a si ser um critério científico pegar num manequim desses utilizados para expor roupas em vitrines de lojas, com uma esponja embebida em sangue artificial fixada num pedaço de madeira pressionar sobre o lado direito do boneco para ver onde caem os filetes de sangue? Este material não tem o rigor científico de outras pesquisas como aquelas realizadas há quarenta anos sobre os cadáveres de homens mortos por hemopericárdio (presumivelmente como Jesus, ndr), posicionados verticalmente e pontos com um bisturi entre a quinta e a sexta costela, assim como fez com a lança o soldado romano. Provas que tiveram resultados diferentes dos de Borrini e Garlaschelli", explica tudo de uma vez a professora. 
 
Grupos ideológicos financiam pesquisas pseudocientíficas para dizer que o Sudário é falso
Então, alguém pode interrogar-se, porque razão uma instituição do calibre da Universidade de Liverpool decidiu validar e publicar uma pesquisa que apresenta dúvidas em relação às metodologias fundamentais empregadas, capazes de minar a sua credibilidade.
 
A resposta de Marinelli é espetacular. E abre a janela para um outro cenário, mais nebuloso: para tentar valorizar a tese de que o  Sudário é falso, grupos ideológicos financiam, sem poupar esforços, pesquisas pré-concebidas, pré-construídas. "Basta pagar e as pesquisas são realizadas - explica Marinelli. E também há quem as publica para si. É inegável que por trás de algumas delas, escondem-se grupos que querem fazer acreditar que o Sudário é uma falsidade histórica. Um exemplo para todos: existe um belo documentário chamado "A Noite do Sudário". Bem, este documentário nunca foi transmitido pela RAI, porque contém uma afirmação que talvez possa não agrada a alguém. E esta afirmação é representada por uma carta em papel timbrado da Cúria de Turim, que o cardeal Anastasio Ballestrero, na época custódio do Sudário, enviou ao seu consultor científico, o engenheiro Luigi Gonella, com a qual sustentava firmemente que em matéria de datação por carbono 14 (mais tarde refutada por várias pesquisas sucessivas, ndr), houve a mão da maçonaria que queria a todo custo provar que o Sudário era da época medieval".

Em suma, há uma dificuldade em relação a um "verdadeiro Sudário da parte daqueles que querem negar não somente a Cristo, mas também a sua ressurreição". Como dizia o cardeal Giacomo Biffi: para um católico, descobrir que o Sudário é falso, não muda nada. Tudo muda, no entanto, para um ateu. E talvez disto tenha medo quem procura a todo  custo demonstrar a sua falsidade. 

Custódio Pontifício do Sudário
Também o Custódio Pontifício do Sudário, Dom Cesare Nosiglia, ofereceu uma reflexão:
 
“No decorrer dos séculos, e com maior frequência nos últimos anos, existiram muitas tentativas de questionar a autenticidade do Sudário.

Tiveram o seu momento de publicidade, com manchetes e artigos de jornais, que davam como válida a sua pesquisa e conclusões, mas em muitos casos, demonstraram-se cientificamente duvidosas.

Os estudos e as pesquisas – quando conduzidos com critérios científicos e sem hipóteses pré-concebidas – estimulam um debate sereno e construtivo, confirmando o que afirmava São João Paulo II: “O Sudário é uma constante provocação para a ciência e a inteligência.”

Coube a caberá também desta vez a outros cientistas e estudiosos promover um debate e eventualmente contestar no plano científico ou experimental a validade e solidez da pesquisa realizada. É, de qualquer forma, um debate que diz respeito aos estudiosos e cientistas que querem desafiar-se nesta empresa.

Acredito, todavia, que deve ser reiterado um princípio fundamental que deve guiar quem deseja tratar com método rigorosamente científico, questões complexas como esta: é o princípio da neutralidade, porque se se parte de um preconceito e à pesquisa é orientada para demonstrá-lo, facilmente se chegará a confirmá-lo. Neste caso, não são mais os factos que contam, mas as ideias pré-concebidas, frustrando assim aquela neutralidade própria da ciência em relação às convicções pessoais.

No entanto, tudo isto não afeta minimamente o significado espiritual e religioso do Sudário como um ícone da paixão e morte do Senhor, como o definiu o ensinamento dos Pontífices. Ninguém pode negar a evidência de que contemplar o Sudário é como ler as páginas do Evangelho que nos falam sobre a paixão e morte na cruz do Filho de Deus.

Portanto o Sudário, que mesmo não sendo objeto da fé, ajuda porém a própria fé, porque abre o coração daqueles que se aproximam dele e o contemplam, para se tornarem conscientes do que foi a paixão de Jesus na cruz e, portanto, daquele amor maior que Ele nos demonstrou ao sofrer terrível violência física e moral pela salvação de todo o mundo. Esta foi sempre e continua a ser, a razão pela qual milhões e milhões de fiéis de todo o mundo veneram, rezam e contemplam o Sudário e dele obtém esperança para sua vida cotidiana". 

Centro Internacional de Sindonologia
Também pronunciou-se com mérito, o vice-diretor do Centro Internacional de Sindonologia de Turim, Prof. Paolo Di Lazzaro.

“O artigo publicado no Journal of forensic sciences refere-se aos experimentos realizados pelos proff. Borini e Garlaschelli em 2014, sobre os quais já se tinha discutido na época, com a integração de novas tentativas experimentais. Mesmo contendo vários elementos de interesse, acredito que as modalidades pelas quais esses experimentos foram conduzidos, exigiriam integrações e atenções específicas para serem considerados cientificamente válidas e com alguma autoridade.

As medições de dosagem de sangue no laboratório são realizadas usando um voluntário com boas condições de saúde, em cuja pele limpa, o sangue foi derramado contendo um anticoagulante. Estas condições de contorno são muito diferentes daquelas contidas no Sudário. Não levam em consideração a presença na pele do homem do Sudário, de poeira, sujeira, suor, hematomas da flagelação e tão pouco a acentuada viscosidade do sangue devido à forte desidratação. Não é possível pensar em reproduzir condições realistas do gotejamento de sangue do corpo de um crucificado sem considerar todos estes fatores que afetam significativamente o caminho do sangue escorrendo”.

VATICAN NEWS

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