CAM V Bolívia Congresso Missionário Americano
Nesta terça-feira, na abertura do V Congresso Missionário Americano a Santa Missa foi presidida pelo enviado especial do Papa, cardeal Fernando Filoni.
Debora Donnini, Silvonei José - Cidade do Vaticano
O trabalho missionário não é "filantropia" nem nasce das "nossas
obras de boa vontade", mas antes de tudo é uma "bênção" para todos
aqueles a quem o Evangelho é anunciado. Foi o que disse o cardeal
Fernando Filoni, que na tarde desta terça-feira (10/07) celebrou a Santa
Missa inaugural do V Congresso Americano Missionário, o chamado CAM 5,
em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. O enviado especial do Papa
Francisco para este evento recordou que as obras de bem, de preferência
para os pobres, isto é, para "todas as periferias existenciais", "têm
como ligação indissolúvel o nome de Jesus e, portanto, tudo é bênção".
Anúncio e testemunho
"O que é o trabalho missionário?": esta é a pergunta da qual tem
início a homilia do cardeal Filoni. A resposta é que, em primeiro lugar,
o seu coração é "Jesus" e, portanto, é "uma bênção". Concretamente, o ser
missionário é jogar em dois campos fundamentais. O primeiro é o da
proclamação de Jesus, do seu carregar dos nossos pecados, do perdão.
Sem a consciência do que Deus fez "na minha vida", permanecemos
"superficiais" e não somos "críveis", sublinha o cardeal. A outra frente
é, portanto, o testemunho para o qual é essencial ser crível.
Madre Maria Ignazia de Jesus
Autêntica "missionária do nosso tempo" foi a bem-aventurada Madre
Maria Ignazia di Gesù, cujas relíquias estiveram presentes na Missa. A
mulher espanhola, que viveu entre o final do século XIX e a primeira
metade do século XX, na Bolívia, descobriu um imenso amor pelo
apostolado missionário e fundou um novo Instituto, o das Missionárias
Cruzadas da Igreja, dedicado aos pobres e marginalizados. A religiosa –
recordou o card. Filoni - será canonizada a 14 de outubro próximo, pelo
Papa Francisco.
CAM 5
História paradigmática por excelência é a de Abraão: Deus toma a
iniciativa e pede a colaboração do homem. Um projeto que traz consigo a
bênção de Deus. E pedir a bênção, como um filho aos pais quando sai de
casa, é um gesto bíblico que se adapta bem - disse o cardeal - no início
de cada iniciativa como o CAM 5. Um evento que é particularmente
significativo nos números. Participam nele 2.500 delegados e
missionários que nestes dias ouvirão testemunhos e tomarão parte em
debates e trabalhos de grupo. Haverá também momentos de oração. No
centro, o tema: "América em missão, o Evangelho é alegria".
Não por acaso Dom Sérgio Gualberti, arcebispo de Santa Cruz de la
Sierra, lembrara há alguns dias, numa entrevista ao Vatican News de
que o objetivo do Congresso é promover uma verdadeira "conversão
missionária," capaz de espalhar "a alegria do Evangelho a todos os povos",
“com especial atenção às periferias do mundo de hoje, não somente
físicas, mas também existenciais". O dia de encerramento será no próximo
sábado: prevista a celebração de um Dia Missionário nas paróquias e a
Missa de envio missionário.
Sete bispos brasileiros participam do CAM V
De 10 a 14 de julho, missionários e missionárias de diversos países
da América vão participar do 5º Congresso Missionário Americano (CAM5),
em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Do Brasil serão quase 200
missionários de todos os 18 regionais da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB). Entre eles, leigos e leigas, sacerdotes, diáconos,
religiosos e religiosas e seminaristas.
Além dos bispos de Crateús (CE), dom Ailton Menegussi; de São Gabriel
da Cachoeira (AM), dom Edson Damian; o bispo auxiliar de São Luís do
Maranhão (MA), dom Esmeraldo Barreto Farias; de Estância (SE), dom
Giovanni Crippa; de Osório (RS), dom Jaime Pedro Kohl; de Ponto Grossa
(PR), dom Sérgio Arthur Braschi e o arcebispo de Campo Grande (MS), dom
Janusz Marian Danecki. O diretor nacional das Pontifícias Obras
Missionárias (POM), padre Maurício da Silva Jardim, também integra a
delegação brasileira.
Para o bispo auxiliar de São Luís do Maranhão (MA) e presidente da
Comissão Episcopal Pastoral para Ação Missionária e Cooperação
Intereclesial da CNBB, dom Esmeraldo Barreto Farias, estes congressos
aprofundam o sentido missionário da Igreja. “A Igreja peregrina é, pela
sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o
desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo”.
Obejtivo
O objetivo geral do CAM 5 é fortalecer, nas Igrejas das Américas, a
identidade e o compromisso missionário Ad Agentes, anunciando a Alegria
do Evangelho a todos os povos, com particular atenção às periferias do
mundo de hoje, ao serviço de uma sociedade mais justa, solidária e
fraterna.
Este ano, a temática do congresso será: “A Alegria do Evangelho,
coração da missão profética, fonte de reconciliação e comunhão” e o
lema “América em missão, o Evangelho é Alegria”. Neste contexto, serão
discutidas formas de avivar a fé, com renovado compromisso missionário
para que a Alegria do Evangelho, como anúncio querigmático, dinamize a
vida missionária das nossas Igrejas no continente.
“A missão é profundamente eclesial, comunitária. Não podemos vive-la de modo individualista”, destaca dom Esmeraldo.
Origem
Os congressos missionários americanos tiveram origem em congressos
missionários diocesanos e nacionais que, a partir do concilio Vaticano
II, foram aprofundando o sentido missionário da Igreja, como encontramos
no decreto Ad Gentes. A Conferência Episcopal Mexicana realizou belas
iniciativas no sentido de refletir sobre esse tema. Em 1977, retomando a
riqueza da exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, publicada pelo
Papa Paulo VI em 1975, aconteceu o primeiro congresso missionário
latino-americano (COMLA) em Terreón, México. A partir de 1999, os
congressos missionários passaram a ser a nível de toda a América. Daí
nasceu o 1º Congresso Missionário Americano (CAM). O último Congresso
foi realizado em Maracaibo, Venezuela, em 2013.
Segundo dom Esmeraldo, enquanto os congressos missionários se iam
realizando, surgia no Brasil, em 1972, o projeto Igrejas Irmãos com a
finalidade de ajudar Igrejas com maiores dificuldades no Brasil, em
termos de missionários ministros ordenados, religiosos e leigos. (CNBB)
VATICAN NEWS
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