A Igreja recorda
neste dia 23 de julho, Santa Brigida, declarada co-Padroeira da Europa em
1999 por São João Paulo II. Na entrevista ao Vatican News, a Madre
Hilaria Vieyra, Vigária Geral da Ordem do Santíssimo Salvador, fala
sobre essa mulher extremamente moderna e a atualidade de sua mensagem.
Debora Donnini - Cidade do Vaticano
"A mensagem de Santa Brígida hoje é tão atual quanto era em sua
época: a Europa é tão marcada pelo secularismo, pelo materialismo e
também pelo ódio. Hoje, mais do que nunca, existe a necessidade de viver
a mensagem de Santa Brígida, que nos chama à unidade, à paz e à
solidariedade".
O forte apelo que a Santa sueca fazia à Europa é reiterado pela Madre
Hilaria Vieyra, Vigária Geral da Ordem do Santíssimo Salvador, fundada
por Santa Brígida no século XIV e renovada por Santa Maria Isabel
Hesslblad no século XX. Mas quem era essa mulher tão moderna e tão
importante na história da Igreja, para ser declarada co-Padroeira da
Europa?
Esposa e mãe de 8 filhos
Santa Brígida nasceu em 1303 de uma nobre família sueca e, apesar de
sentir sua vocação, aceitou casar-se como seu pai queria. Ela tem oito
filhos. Com o seu marido Ulf, governador de um importante distrito do
Reino da Suécia, ela vive um casamento feliz e de fé. "A vida de Brígida
era de oração, de escuta do Evangelho, ela meditou sobre a Paixão de
Nosso Senhor e daqui nasce o seu carisma, de união, de paz e de
solidariedade", explica Madre Hilaria.
O empenho para o retorno do Papa de Avinhão a Roma
A segunda parte da vida de Santa Brígida começa quando fica viúva.
"Ele veio a Roma em 1349 para celebrar o Ano Santo de 1350, antes de
tudo para ter a aprovação das regras da Ordem que estava a fundar",
conta a religiosa.
Brígida queria, de facto, fundar uma Ordem composta por freiras e
religiosos. "Vindo a Roma, encontra uma situação desastrosa. O Papa
estava em Avinhão, não em Roma, o povo romano era como ovelha sem
pastor, havia a peste, havia uma guerra entre França e Inglaterra",
prossegue Madre Hilaria, sublinhando que “o seu grande amor por Jesus, a
levou a fazer com que o Papa voltasse de Avignon para Roma".
A mulher sueca decide estabelece-se em Roma e nos quartos da Praça
Farnese - onde hoje está localizada a Cúria Geral - "recebeu a maior
parte das Revelações, mas também em diferentes igrejas de Roma". "Santa
Brígida, de facto, tira a sua mensagem do Evangelho, da união com Jesus, do
seu ardente amor ao Crucifixo".
O coração da sua missão e da sua contemporânea Santa Catarina da
Sena, portanto, será pedir fortemente ao Papa para que retorne ao túmulo
de Pedro. Ela não verá o Papa retornar a Roma, porque Urbano V
retornará mas apenas por um breve período de tempo. Ela veio a falecer
em 1373, enquanto será Catarina a testemunhar o retorno definitivo do
Papa Gregório XI em 1377. "Santa Brígida – recorda Madre Hilaria - não
somente rezou e fez sacrifícios, mas falou diretamente com o Papa, os
cardeais, os príncipes da Europa".
A paz na Europa
A outra "frente" em que se empenhou com força, foi a paz na Europa.
Intercede para que tenha fim a Guerra dos Cem Anos entre a França e a
Inglaterra. As suas obras de caridade foram decisivas nesse período. Ela,
que tinha sido nobre, vivia na pobreza, encontrando-se também a pedir esmolas nas portas das igrejas. São os anos de peregrinação a várias
partes da Itália: de Assis a Gargano. E, por fim, de peregrinação em
peregrinação, chega à Terra Santa. Ela tinha quase setenta anos, mas
isso não a impede.
A mística
Central na sua experiência de fé, a Paixão de Cristo e a Virgem
Maria. Testemunham isto o rosário brigidino e as orações, ligadas a
particulares graças prometidas por Jesus àqueles que as recitassem.
Santa Brígida e os Papas
Canonizada em 1391 por Bonifácio IX, Santa Brígida é a santa
padroeira da Suécia. Foi declarada em 1999 co-Padroeira da Europa por
São João Paulo II. "Indicando-a como co-Padroeira da Europa, tem a
intenção de fazer com que a sintam próxima não somente aqueles que
receberam a vocação a uma vida de especial consagração, mas também
aqueles que são chamados às ocupações comuns da vida laical no mundo e
especialmente à alta e exigente vocação de formar uma família cristã",
escreveu S. João Paulo II na sua Carta Apostólica em forma de Motu Proprio com a qual a proclamava, de facto, co-Padroeira da Europa, juntamente com Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz.
O Papa também salientou que "a Igreja, mesmo sem nunca se ter
pronunciado sobre cada uma das revelações, acolheu a autenticidade do
conjunto da sua experiência interior" e cerca de um mês mais tarde, na
celebração ecuménica em memória de Santa sueca, recordou o seu empenho
"pela unidade da fé e da Igreja".
Bento XVI, em 2010, a ela dedicou uma catequese de uma Audiência
Geral, ligando a sua figura à busca da plena unidade de todos os cristãos:
"Santa Brígida - disse - testemunha como o cristianismo permeeou
profundamente a vida de todos os povos” da Europa.
Maria Isabel Hesselblad, que renovou a Ordem no século XX dando a ela
um forte caráter ecuménico, foi canonizada em 2016 pelo Papa Francisco.
As brigidinas hoje e o ecumenismo
"Nós oferecemos a nossa vida por este propósito: a unidade dos
cristãos. Fazemo-lo em silêncio, na oração, na Eucaristia ... em todas
as nossas casas praticamos a hospitalidade, acolhemos não somente os
peregrinos escandinavos, e oferecemos o nossa serviço de humildade, de
caridade e de simplicidade com uma finalidade ecuménica", diz ainda
Madre Hilaria, sublinhando que na casa, na Praça Farnese, Santa Maria
Isabel Hesselblad durante a Segunda Guerra Mundial, escondeu muitas
pessoas, “escondeu judeus. Ela, como Santa Brígida - conclui - era uma
mulher forte e corajosa, com um grande amor pelo Senhor, que a levou a
fazer o bem, ajudava os pobres, acolhendo-os, com aquele grande amor
que se via nela. Ela dizia isto às suas filhas ... e nós tentamos seguir o
exemplo dela!"
VATICAN NEWS
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