O Papa
Francisco recebeu em audiência na Sala do Consistório do Vaticano um
grupo das pequenas Irmãs Missionárias da Caridade, por ocasião do seu
Capítulo Geral. No seu discurso o Papa recordou que o Instituto, fundado
por Don Orione, é chamado a praticar a caridade para com o próximo,
particularmente os mais pobres, os abandonados e os excluídos, como bem
exprime o tema do Capítulo Geral: " …discípulas missionárias,
testemunhas alegres da Caridade nas periferias do mundo". E Francisco
exprimiu o agradecimento da Igreja pela obra das Irmãs:
“Em nome da Igreja e de tantos pobres, especialmente mulheres e
crianças, e tantos doentes físicos e mentais que acompanhais, agradeço
pelo vosso trabalho apostólico nas diferentes actividades de pastoral
juvenil, nas escolas, nos lares para idosos, nos pequenos "Cottolengo",
nas catequeses e centros paroquiais, com as novas formas de pobreza, e
em todos aqueles lugares onde vos colocou a Divina Providência”.
Em seguida Francisco convidou as Irmãs, missionárias por vocação, a
serem missionárias sem fronteiras, levando a todos, mas sobretudo aos
pobres, a alegria do Evangelho, tendo como método missionário a
proximidade, o encontro, o diálogo e o acompanhamento. E não vos deixeis
roubar a alegria da evangelização – sublinhou o Pontífice.
E o Papa enumerou as qualidades que devem caracterizar o missionário.
Antes de tudo ele deve ser uma pessoa ousada e criativa, evitando o
critério de conveniência do "sempre se fez assim":
“Repensai nos objectivos, as estruturas, o estilo e os métodos da
vossa missão. Vivemos num tempo em que é necessário repensar tudo à luz
daquilo que o Espírito nos pede. Isto requer um olhar especial sobre os
destinatários da missão e a própria realidade: o olhar de Jesus, que é o
olhar do Bom Pastor; um olhar que não julga, mas examina a presença do
Senhor na história; um olhar de proximidade para contemplar, se comover e
permanecer com o outro tantas vezes quanto for necessário; um olhar
profundo, de fé; um olhar respeitoso e cheio de compaixão, para curar,
libertar, confortar”.
O missionário também deve ser uma pessoa livre, que vive sem nada de
próprio, continuou o Santo Padre, reafirmando que o comodismo, a inércia
e a mundanidade são forças que impedem ao missionário de "sair", de
"partir" e pôr-se em caminho e, finalmente, partilhar o dom do
Evangelho.
É necessário que o missionário seja uma pessoa habitada pelo Espírito
Santo – disse ainda Francisco - e nesta docilidade ele é chamado a
crescer continuamente, para se tornar capaz de ver a presença de Jesus
nas tantas pessoas descartadas pela sociedade.
Francisco também apelou por uma espiritualidade fundada em Cristo, na
Palavra de Deus, na liturgia, enfim, uma espiritualidade "holística"
que envolve toda a pessoa nas suas diversas dimensões, com base na
complementaridade, na integração e inclusão, uma espiritualidade que
permitirá, disse Francisco às Irmãs, que sejais filhas do céu e filhas
da terra, místicas e proféticas, discípulas e testemunhas ao mesmo
tempo.
Finalmente, o missionário deve ser um profeta da misericórdia, isto
é, ser pessoa centrada em Deus e nos crucificados deste mundo, ressaltou
Francisco deixando uma exortação:
“Deixai-vos provocar pelo grito de ajuda de tantas situações de dor e
sofrimento. Como profetas da misericórdia anunciai o perdão e o abraço
do Pai, fonte de alegria, serenidade e paz”.
Juntamente com os outros Institutos e movimentos fundados por Don
Orione e que formam uma única família, o Santo Padre encorajou-os à
colaboração, pois ninguém na Igreja caminha "sozinho", disse, cultivando
entre eles o espírito do encontro, de família e cooperação.
E a concluir Francisco propôs a Virgem Maria como exemplo para a
missão e serviço aos pobres. Como ela, disse, ponde-vos em caminho, com a
pressa de Deus e cheias de alegria cantai o vosso Magnificat,
anunciando a todos os homens e mulheres de hoje que Deus é amor e pode
encher de significado o coração daqueles que o buscam e se deixam
encontrar por Ele. (BS)
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