(RV) “Quereis
oferecer-vos a Deus?” – com esta pergunta de Maria aos pastorinhos
repetida por Francisco aos doentes reunidos na colunata do Santuário de
Fátima, podemos sublinhar a inquietação lançada pelo Santo Padre às
centenas de milhares de peregrinos no Centenário das Aparições de Nossa
Senhora na Cova da Iria. Pela esperança e pela paz, o Papa fez-se
peregrino, foi recebido com grande emoção e alegria, envolveu-se no
clima de oração e recolhimento, canonizou os pastorinhos Francisco e
Jacinta e propôs pistas de reflexão e discernimento para a vida dos que
procuram o Senhor caminhando com Maria.
Com Maria, o Evangelho retoma o seu caminho
Na noite de dia 12 de maio eram centenas de milhares de pessoas que
fizeram do silêncio uma emoção colorida de sentimentos: com os que
seguravam velas acesas na esperança de quem caminha com a fé,
manifestada no corpo e no espírito, Francisco rezou e a todos falou
afirmando, nas palavras do Beato Paulo VI, que «se queremos ser
cristãos, devemos ser marianos; isto é, devemos reconhecer a relação
essencial, vital e providencial que une Nossa Senhora a Jesus e que nos
abre o caminho que leva a Ele».
Através da oração do Terço “o Evangelho retoma o seu caminho na vida
de cada um, das famílias, dos povos e do mundo – disse Francisco que
colocou alguns desafios de reflexão: será Maria uma “Senhora
inatingível” ou uma “Santinha a quem se recorre para obter favores”?
Será “mais misericordiosa que o Cordeiro imolado por nós?”.
Citando a Exortação Apostólica “A alegria do Evangelho” o Santo Padre
declarou que “sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na
força revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade
e a ternura não são virtudes dos fracos mas dos fortes, que não
precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes”, pois “com
Maria” podemos tentar “ser sinal e sacramento da misericórdia de Deus
que perdoa sempre, perdoa tudo” – disse o Papa.
Passar do “manto de Luz” à esperança que é Jesus
No dia 13 de maio em Fátima o Papa recordou, na sua homilia, a
Primeira Leitura da Missa retirada do Livro do Apocalipse que refere que
«apareceu no Céu (…) uma mulher revestida de sol» e alicerçou a sua
homilia na entrega que Jesus faz de Maria ao discípulo João dizendo:
«Eis a tua Mãe». “Temos Mãe!” – disse Francisco sublinhando que os
pastorinhos foram envolvidos pelo “manto de Luz” que “irradiava de Nossa
Senhora”. “… Fátima é sobretudo este manto de Luz que nos cobre, aqui
como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a
proteção da Virgem Mãe para Lhe pedir, como ensina a Salve Rainha,
«mostrai-nos Jesus» – afirmou Francisco.
É “agarrados” a Maria – assinalou o Papa – que devemos viver da
“esperança que assenta em Jesus”. Uma esperança que congrega os
peregrinos em Fátima na santidade dos pastorinhos Francisco e Jacinta “a
quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e aí os
levou a adorá-Lo” – sublinhou o Santo Padre.
Citando as Memórias da Irmã Lúcia, o Papa recordou a visão de Jacinta
percorrida por “caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome” e
a presença do “Santo Padre” a rezar “diante do Imaculado Coração de
Maria”. O Papa Francisco pediu “a esperança e a paz” para a “humanidade”
em especial “para os doentes e pessoas com deficiência, os presos e
desempregados, os pobres e abandonados”.
Sobreviver com a generosidade
Para que não sejamos uma “esperança abortada”, o Papa propôs uma
“mobilização geral” contra a “indiferença que nos gela”, sugerida pelo
“Céu”, pois Deus “criou-nos como uma esperança para os outros, uma
esperança real e realizável”.
Francisco declarou que “a vida só pode sobreviver graças à
generosidade de outra vida” tal como o “grão de trigo” que lançado à
terra, “se morrer, dá muito fruto”.
“Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada
que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que
brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja,
que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios
e rica no amor” – disse o Papa no final da sua homilia.
Num brevíssimo comentário à nossa emissora sobre esta peregrinação de
Francisco a Fátima em Portugal, o padre Andrej Majewski diretor de
programas da Rádio Vaticano, que esteve com o Santo Padre na Cova da
Iria, declarou que se sentiu muito tocado pelo silêncio da multidão de
peregrinos no Santuário de Fátima:
“A dimensão da oração durante esta peregrinação do Papa Francisco,
preferimos chamá-la assim e não viagem, é fundamental. Chegando aqui uma
coisa que me tocou imensamente foi o silêncio das 600 mil pessoas no
Santuário: um silêncio absoluto. Ao início a gente em modo espontâneo
procurava saudar o Papa, mas como viram que começou a rezar, todos se
acalmaram. Havia um grande silêncio; um silêncio de oração, de reflexão.
Certamente é esta a característica de toda a viagem.”
(RS)
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