(RV) A última etapa da manhã do Papa em Génova foi
o encontro com o “mundo turbulento e alegre dos jovens” como o definiu o
Cardeal Bagnasco.
O encontro teve lugar o Santuário de Nossa Senhora da Guarda, onde o
Papa chegou com cerca de 20 minutos de atraso. Foi acolhido com grande
entusiasmo pelos jovens. Convidou imediatamente a uma oração em silêncio
perante Nossa Senhora, Mãe de todos. O estilo pergunta-resposta
prevaleceu também neste encontro: quatro as perguntas dirigidas ao Papa
por dois rapazes e duas meninas:
- Chiara disse que, impulsionados pela Exortação Apostólica do Papa
Francisco, Evangeli Gaudium, que diz que a Igreja deve ser mais
missionária, e encorajados pelo Cardeal Bagnasco, instituíram uma missão
de Jovens para Jovens designada “Plena Alegria” e pediram uma bênção do
Papa e conselhos para esta forma de atenção especialmente para com os
coetâneos afectados pelo álcool, droga, violência, engano do maligno.
Luca falou do próximo Sínodo dos Bispos que vai ser sobre “Jovens, fé
e discernimento vocacional “. E pediu conselhos para a vida espiritual e
de oração quotidiana dos jovens.
Emanuel evidenciou a vida de frenesia em que se vive hoje e que não
deixa tempo para encontros, mesmo com vista ao matrimónio, e perguntou
ao Papa o que acha da sociedade hodierna que entrava em vez de favorecer
a vida dos jovens na construção de relações verdadeiras, plenas,
sinceras.
Francesca frisou que há coetâneos migrantes que vivem nas cidades
italianas em condições não fáceis. É Deus que fala. O que diz? Que
gestos efectuar perante estes desafios que a história está a propor? –
perguntou ao Santo Padre.
O Papa respondeu, detendo-se longamente sobre a questão da
missionação. Disse que ir em missão é transformar-se interiormente,
aprender a observar com olhos novos, com o coração, de modo a deixar de
ser turistas que fotografam tudo, mas não vêm a realidade. Não saber
observar leva a não compreender e a deixar as coisas como estão. Além
disso – continuou Francisco - a missão pressupõe deixar-se tocar,
missionar por Jesus, antes de ser missionário para os outros…
Mais ainda: não podemos fazer nada sem amor. Portanto, há que amar os
que estão em situação difícil e em relação aos quais queremos ser
missionários. Tocar, olhar nos olhos a quem se dá uma esmola, por ex., e
ser cabeçudos na esperança. Esta é a loucura da fé, da cruz. Aprender a
olhar com os olhos de Jesus. Não adjectivar as pessoas. Só Deus o pode
fazer. Ir em missão para levar grande amor. Nunca excluir, não isolar
ninguém.
O Papa recordou depois que Génova é uma cidade do Porto e nesta senda
convidou os jovens a ter horizonte e coragem como os antigos
navegadores genoveses. Disse-lhe para estarem, todavia, atentos àqueles
que vendem fumo, áquilo que vendem mesmo os media e a terem a capacidade
de contemplar o horizonte, de se deixar desafiar, importunar por Jesus;
a não se contentarem com respostas simplistas, mas sim a aprender a
desafiar o presente.
Uma vida espiritual sã gera jovens acordados e prontos a perguntar-se
se muitas coisas que nos são propostas como normais o são realmente. Se
não o são, tenho de me envolver como jovem – disse Francisco, afirmando
que ele deixa a semente, agora toca a eles fazê-la germinar. E concluiu
propondo aos jovens, uma oração quotidiana: “Jesus por favor, vem
desafiar-me, vem importunar-me um pouco e dá-me a coragem de poder
responder”.
No final do encontro com os jovens que estava a ser seguido em
directo pelos presos de Génova e de toda a região da Ligúria, o Papa
deu-lhes uma bênção especial.
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