(RV) Aos cerca de 120 membros da Comunidade do
Seminário Pontifício Campano inter-regional de Posillipo, o Papa dirigiu
uma amplo discurso centrado na necessidade de uma boa formação dos
seminaristas, para o qual sugeriu o modelo inaciano. E’ que este
Seminário fundado em 1912 por vontade do Papa Pio X – disse Francisco –
representa um caso singular no panorama eclesial italiano. Confiado
inicialmente à direcção dos padres Jesuítas, é hoje o único seminário em
Itália por eles dirigido. Mas nas últimas décadas tem aumentado a sua
colaboração com as Igrejas diocesanas, o que é um enriquecimento –
afirmou o Papaencorajando neste que definiu de “caminho
significativo e fecundo de comunhão eclesial, em que as diferentes
dioceses, com os seus pastores, estão a investir ingentes recursos".
Nestes tempos em que “todos nos sentimos pequenos e talvez
mesmo impotentes perante o desafio da educação, caminhar juntos, num
autentico espírito “sinodal” resulta ser uma escolha vencedora que nos
ajuda a nos sentirmos sustidos, encorajados e enriquecidos uns pelos
outros” – afirmou o Papa para quem este exercício comum é “ulteriormente enriquecido com a rica tradição espiritual e pedagógica inaciana”.
Os exercícios espirituais de Santo Inácio, fundador da Congregação dos
Jesuítas, é, de facto, na óptica de Francisco – ele próprio jesuíta,
recordamos, - um ponto seguro de referencia ao qual inspirar-se para “o vosso projecto formativo, mediando assim com “fidelidade criativa” as indicações que provêm do magistério da Igreja".
E na linha dos Exercícios espirituais de Santo Inácio, o Papa indicou
três elementos a ter presente, desenvolvendo depois amplamente cada um
deles, ou seja:
primeiro, “favorecer na pessoa a integração harmoniosa a partir da centralidade da relação de amizade pessoal com o Senhor Jesus” . Isto significa viver uma espiritualidade sólida, profunda, mas não desencarnada.
Em segundo lugar o Papa indicou o discernimento. A
educação ao discernimento não é algo exclusivo de Santo Inácio, mas é um
seu ponto de força. E o tempo do seminário é um tempo de discernimento
por excelência – disse Francisco. Educar ao discernimento – acrescentou
significa fugir da tentação de se refugiar atrás de uma norma rígida ou
atrás da imagem de uma liberdade idealizada. Educar ao discernimento
significa expor-se, sair do mundo das próprias convicções e preconceitos
para se dispor a compreender como é que Deus nos está a falar, hoje,
neste mundo, neste tempo, neste momento.
Finalmente, disse o Papa indicando o terceiro elemento, “formar ao sacerdócio segundo um estilo inaciano quer dizer abrir-se cada vez mais à dimensão do Reino de Deus,
cultivando o desejo do “magis”, daquele “a mais” na generosidade do
doar-se ao Senhor e aos irmãos, que está sempre à nossa frente".
O Papa referiu-se depois ao tema de fundo escolhido por esse Seminário para este ano: “Procurai antes o reino de Deus e a sua Justiça”
para dizer que isto os ajudará a alargar o respiro da formação e a não
se contentar em trazer o hábito, ou ter um papel, mas a tornar mais
sólida a sua estrutura espiritual, a cultivar a amizade com Jesus que se
manifesta sobretudo no amor pelos pobres. E concluiu com uma bênção a
todos eles a fim de que continuem com alegria o seu caminho vocacional
nas sendas da luminosa tradição de que são parte.
(DA)
Sem comentários:
Enviar um comentário