(RV) “Caros irmãos e irmãs, bom dia! Na iminência da solenidade de
Pentecostes não podemos não falar da relação que existe entre a
esperança cristã e o Espírito Santo. O Espírito é o vento que nos
arrasta para a frente, que nos mantém no caminho, nos faz sentir
peregrinos e estrangeiros e não nos permite de acomodar e de
tornarmo-nos num povo “sedentário”.
Com estas palavras, o Papa Francisco iniciou na manhã de hoje,
quarta-feira, dia 31 de Maio de 2017, a última audiência geral deste mês
de Maio, na Praça de S. Pedro, repleta de fiéis e peregrinos
provenientes de diversas partes da Itália e do mundo inteiro. Tema da
catequese de hoje, é “o Espírito Santo nos faz transbordar na
esperança”: uma reflexão sobre a Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos( Rm
15, 13-14).
Ora, a Carta aos Hebreus, disse Francisco, compara a esperança com
uma âncora e à esta imagem podemos acrescentar a da vela. Se a âncora é o
que dá segurança ao barco e o mantém “ancorado” por entre as ondas do
mar, a vela é, pelo contrário, permite ao barco de caminhar e avançar
nas águas. A esperança é realmente uma vela; ela recolhe o vento do
Espírito e o transforma em força motriz que empurra o barco, segundo as
circunstâncias, para o largo ou ao destino.
O Apóstolo Paulo, disse ainda o Papa, conclui a sua carta aos Romanos
dizendo:“ O Deus da esperança vos encha de toda a alegria e de toda a
paz na vossa fé, para que pela virtude do Espírito Santo, transbordeis
de esperança!”.
Ora, a expressão “Deus da esperança”, sublinha o Santo Padre, não
quer dizer somente que Deus é objecto da nossa esperança, isto é Aquele
que já, desde agora nos faz esperar; mas antes de mias, nos torna
“alegres na esperança: alegres agora de esperar e não só de esperar de
ser alegres no futuro, depois da morte.
“Enquanto há vida há esperança”, diz um ditado popular; e é verdade
também o contrário: até quando há esperança, há vida. Os homens têm
necessidade de esperança para viver e têm necessidade do Espírito Santo
para esperar.
S. Paulo atribui ao espírito Santo a capacidade de nos transbordar na
esperança. Transbordar na esperança significa não desencorajar-se
nunca; significa esperar contra todas as esperanças, isto é, esperar
mesmo quando vêm menos todos os motivos humanos para esperar, como foi
para Abrãao quando Deus lhe pediu de sacrificar-Lhe o seu único filho
Isac, e como foi ainda mais, para a virgem Maria debaixo da cruz de
Jesus.
O Espírito Santo, afirma Francisco, torna possível esta esperança
invencível dando-nos um testemunho interior de que somos filhos de Deus
e seus herdeiros. O espírito Santo não nos torna só capazes da esperar,
mas também de ser semeadores da esperança, de sermos também nós, como
Ele e graças à Ele, os paráclitos, isto é, consoladores e defensores dos
irmãos: são sobretudo os pobres, os excluídos, os não amados, a terem
necessidade de alguém que seja para eles, o “paráclito”, isto é,
consolador e defensor.
O Espírito Santo, prosseguiu o Papa, alimenta a esperança não só no
coração dos homens, mas também em toda a criação. Pois, como sublinha o
Apóstolo Paulo, “ a criação foi sujeita à vaidade, todavia, com a
esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para
participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que
toda a criação geme e sofre como que dores de parto até ao presente
dia”. Façamo-nos então também, concluiu dizendo Francisco, paráclitos,
defensores da criação que “espera” a manifestação dos filhos de Deus.
Que a próxima festa de Pentecostes nos encontre concordes em oração,
com Maria, a Mãe de Jesus e nossa Mãe. E o dom do Espírito Santo nos
faça transbordar na esperança.
Também hoje não faltou a habitual saudação calorosa do Papa
Francisco, aos fiéis e peregrinos de língua oficial portuguesa presentes
na praça de S. Pedro: Saúdo cordialmente todos os peregrinos de língua
portuguesa, de modo particular os fiéis de Angola, Sendim, Serrinha,
Florianópolis e Minas Gerais. Queridos amigos, nestes dias de preparação
para a festa de Pentecostes, peçamos ao Senhor que derrame em nós
abundantemente os dons do seu Espírito, para que possamos ser
testemunhas de Jesus até os confins da terra. Obrigado pela vossa
presença.
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