07 dezembro, 2015

Papa em ligação com Assis: Natal é abrir-se ao perdão




(RV) Abrir o coração à misericórdia, perante as carnificinas dos migrantes no mar, "não fáceis de perdoar": é o convite do Papa Francisco em ligação-vídeo com Assis, na tarde deste domingo (06/12). Do Vaticano, o Papa acendeu simbolicamente o Presépio e a Árvore de Natal montados em frente da Basílica Menor de São Francisco de Assis, ambos dedicados aos migrantes. Do Papa também um agradecimento à Itália pelo generoso acolhimento aos refugiados.

Qual é a medida da salvação? Sete metros, como um barco de madeira, consumida pelo mar. Um barco que, no dia 13 de março de 2014, salvou a vida de nove imigrantes que da Tunísia desembarcaram em Lampedusa, em busca de um futuro melhor. Este barco é a "cabana" simbólica em que foi montado o Presépio de Assis, dedicado a todos os migrantes. A Sagrada Família está no centro do casco, rodeada de coletes salva-vidas e protegida por uma grande Árvore de Natal, doada a esta cidade da Úmbria pela Região da Lombardia.

Em ligação-vídeo e em directo a partir do Vaticano, o Papa Francisco acendeu simbolicamente, com uma vela, as luzes dos dois emblemas natalícios. Recordou os tantos mortos afogados no mar e sublinhou: “o Senhor veio para nos dar esperança, para nos dizer que Ele é mais forte do que a morte, é maior do que qualquer maldade, é misericordioso”. E acrescentou:

"Neste Natal convido-vos a abrir o coração à misericórdia, ao perdão. Mas não é fácil  perdoar estas carnificinas. Não é fácil”.

Em seguida, saudando os homens da Guarda Costeira, chamados "instrumentos" e "semeadores de esperança de Jesus", o Papa agradeceu a Itália pelo acolhimento "generosamente" oferecido aos migrantes:

"O sul da Itália tem sido um exemplo de solidariedade para o mundo inteiro! A todos eles faço votos que, quando olharem para o Presépio, possam dizer a Jesus: 'Eu também dei uma mão para que Tu sejas sinal de esperança!'”.

Estavam presentes na cerimónia também trinta e um refugiados do Afeganistão, Camarões, Nigéria e Síria, apoiados pela Caritas de Assis. A eles o Papa se dirigiu  directamente:

"A todos vós refugiados, digo-vos uma palavra, aquela do profeta, que diz: levantai a cabeça, o Senhor está próximo. E com Ele a força, a salvação, a esperança. O coração, talvez, está triste, mas a cabeça está erguida na esperança do Senhor. A todos vós, refugiados, a todos vós da Guarda Costeira, vos abraço e desejo um Santo Natal, cheio de esperança, e com muitas carícias do Senhor”.

Antes da sua intervenção, o Papa ouviu dois testemunhos: o primeiro foi de uma jovem refugiada dos Camarões que, durante a fuga do seu país, perdeu a filha de quatro anos. Feita prisioneira na Líbia por três meses, torturada apesar de ser grávida, saiu sã e salva de uma viagem da esperança, a bordo de um barco carregado de 125 pessoas.

Em seguida, foi a vez de António, membro da Guarda Costeira que com a sua tripulação salvou mais de 5 mil migrantes. Entre eles estava uma pessoa especial, subtraídas ao mar em agosto passado:

"A primeira a ser salva foi uma criança pequena, quase invisível no colete salva-vidas que a rodeava. Tinha apenas quatro dias de vida. Tinha nascido na noite antes de enfrentar o mar, para realizar a ‘viagem da esperança’ com o pai, a mãe e o irmãozinho de dois anos. As atenções da tripulação estavam dirigidas para esta criatura frágil que realmente sentíamos de tê-la resgatado de um destino cruel". (BS)

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