(RV) Abrir o
coração à misericórdia, perante as carnificinas dos migrantes no mar,
"não fáceis de perdoar": é o convite do Papa Francisco em ligação-vídeo
com Assis, na tarde deste domingo (06/12). Do Vaticano, o Papa acendeu
simbolicamente o Presépio e a Árvore de Natal montados em frente da
Basílica Menor de São Francisco de Assis, ambos dedicados aos migrantes.
Do Papa também um agradecimento à Itália pelo generoso acolhimento aos
refugiados.
Qual é a medida da salvação? Sete metros, como um barco de madeira,
consumida pelo mar. Um barco que, no dia 13 de março de 2014, salvou a
vida de nove imigrantes que da Tunísia desembarcaram em Lampedusa, em
busca de um futuro melhor. Este barco é a "cabana" simbólica em que foi
montado o Presépio de Assis, dedicado a todos os migrantes. A Sagrada
Família está no centro do casco, rodeada de coletes salva-vidas e
protegida por uma grande Árvore de Natal, doada a esta cidade da Úmbria
pela Região da Lombardia.
Em ligação-vídeo e em directo a partir do Vaticano, o Papa Francisco
acendeu simbolicamente, com uma vela, as luzes dos dois emblemas
natalícios. Recordou os tantos mortos afogados no mar e sublinhou: “o
Senhor veio para nos dar esperança, para nos dizer que Ele é mais forte
do que a morte, é maior do que qualquer maldade, é misericordioso”. E
acrescentou:
"Neste Natal convido-vos a abrir o coração à misericórdia, ao perdão. Mas não é fácil perdoar estas carnificinas. Não é fácil”.
Em seguida, saudando os homens da Guarda Costeira, chamados
"instrumentos" e "semeadores de esperança de Jesus", o Papa agradeceu a
Itália pelo acolhimento "generosamente" oferecido aos migrantes:
"O sul da Itália tem sido um exemplo de solidariedade para o mundo
inteiro! A todos eles faço votos que, quando olharem para o Presépio,
possam dizer a Jesus: 'Eu também dei uma mão para que Tu sejas sinal de
esperança!'”.
Estavam presentes na cerimónia também trinta e um refugiados do
Afeganistão, Camarões, Nigéria e Síria, apoiados pela Caritas de Assis. A
eles o Papa se dirigiu directamente:
"A todos vós refugiados, digo-vos uma palavra, aquela do profeta, que
diz: levantai a cabeça, o Senhor está próximo. E com Ele a força, a
salvação, a esperança. O coração, talvez, está triste, mas a cabeça está
erguida na esperança do Senhor. A todos vós, refugiados, a todos vós da
Guarda Costeira, vos abraço e desejo um Santo Natal, cheio de
esperança, e com muitas carícias do Senhor”.
Antes da sua intervenção, o Papa ouviu dois testemunhos: o primeiro
foi de uma jovem refugiada dos Camarões que, durante a fuga do seu país,
perdeu a filha de quatro anos. Feita prisioneira na Líbia por três
meses, torturada apesar de ser grávida, saiu sã e salva de uma viagem da
esperança, a bordo de um barco carregado de 125 pessoas.
Em seguida, foi a vez de António, membro da Guarda Costeira que com a
sua tripulação salvou mais de 5 mil migrantes. Entre eles estava uma
pessoa especial, subtraídas ao mar em agosto passado:
"A primeira a ser salva foi uma criança pequena, quase invisível no
colete salva-vidas que a rodeava. Tinha apenas quatro dias de vida.
Tinha nascido na noite antes de enfrentar o mar, para realizar a ‘viagem
da esperança’ com o pai, a mãe e o irmãozinho de dois anos. As atenções
da tripulação estavam dirigidas para esta criatura frágil que realmente
sentíamos de tê-la resgatado de um destino cruel". (BS)
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