O “Advento que interessa” é os cristãos serem “sinais do Advento de
Cristo, hoje”. No encerramento da Visita Pastoral à Vigararia de
Alenquer, que decorreu no passado Domingo, 6 de dezembro, D. Manuel
Clemente respondeu às perguntas dos jovens, falou sobre o Sínodo da
Família e apontou uma “provável conclusão” do Sínodo Diocesano 2016.
Na Vigararia de Alenquer, o Domingo II do Advento foi assinalado com o
encerramento da Visita Pastoral a esta vigararia da Diocese de Lisboa.
No pavilhão desportivo municipal de Alenquer, o Cardeal-Patriarca
convidou os cristãos à reflexão no verdadeiro sentido do Advento que
“não é apenas a preparação do Natal”. “Advento quer dizer vinda. E, na
verdade, o Natal foi a primeira vinda do Senhor. Mas agora essa vinda é
plena porque na sua ressurreição, o Natal completou-se absolutamente.
Hoje, a presença do Senhor é completa. O encontro com o Senhor que vem é
quando nós repararmos inteiramente na sua presença, já!”, indicou D.
Manuel Clemente, na homilia da celebração, do passado Domingo, 6 de
dezembro.
Para o Cardeal-Patriarca de Lisboa, a Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer foi “apressar o dia do Senhor”. “Porque tudo de Jesus está mais patente, mais claro, mais convidativo, mais persuasivo, na terra, nas vossas terras: uma a uma, nas vossas famílias: uma a uma, nas vossas comunidades, nas vossas instituições, onde haja cristãos como sinais do Advento de Cristo, porque cada um de vós é um sinal do Advento de Cristo e do dia de Cristo, onde estiver. Isto é o Advento que interessa”, especificou.
Pedir Deus a Deus
Lembrando um excerto da primeira leitura da celebração (Bar 5, 1-9): ‘Deus decidiu abater todos os altos montes e as colinas seculares e encher os vales’, D. Manuel Clemente questionou: “O que são esses montes que são precisos arrasar para ver o Senhor? Que vales são estes que são precisos preencher para chegar lá, para que Ele chegue a nós?”. “Acho que estes montes são o nosso orgulho e sei que estes vales que são precisos preencher chamam-se caridade. Porque o nosso orgulho não nos deixa ver nada, nem a nós. Julgamos que somos outra coisa, criamos fantasmagorias, que não nos deixam ver os outros, e muito menos nos deixam ver a Deus que nos outros se apresenta. Deus é o contrário do orgulho. Quais sãos os montes do orgulho de nós próprios? Estarmos cheios de nós mesmos, não vermos mais nada para além do nosso interesse, gosto e desejo... Às vezes até não são desejos maus, mas são os nossos! É preciso que sejam os de Deus! Só esses bastam. Para preencher os vales, – diz a escritura – ‘só se alcança Deus com Deus’. Deus é a caridade perfeita. Aquelas lacunas, aqueles vazios que estão cá dentro do nosso coração podem e devem ser preenchidos pela caridade de Deus. E então, desligados de nós, vemos os outros e nos outros vemos o Senhor Ressuscitado em cada irmão e irmã, que nas suas necessidades concretas se apresenta e advém”, referiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa.
Nesta celebração, deixou ainda o apelo aos cristãos para pedirem Deus a Deus: “A Deus não peçamos coisas porque Ele não tem coisas para nos dar. Deus tem-se a Si mesmo para se oferecer. A certa altura Jesus disse aos seus discípulos: ‘Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas’. Não passamos a vida a pedir o acréscimo porque não pedimos Deus? E até temos medo de O pedir... não vá Ele também pedir qualquer coisa – que aliás nos fazia bem! Peçamos Deus a Deus. Deus é caridade. Preenchamos os vales desta nossa inexistência”, concluiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa na celebração que juntou mais de um milhar de fiéis e foi concelebrada por D. Nuno Brás e D. José Traquina, Bispos Auxiliares de Lisboa.
Ler uma história
O início da tarde foi dedicado à Família. No pavilhão desportivo foram partilhados testemunhos de duas famílias (ver caixa) que falaram de como encontraram no amor de Deus a única forma de aceitação entre eles e os frutos que foram gerados através de uma Igreja doméstica. Depois deste momento, o Cardeal-Patriarca de Lisboa falou sobre o Sínodo dos Bispos sobre a Família, que decorreu em Roma, no passado mês de outubro, e sobre o Sínodo Diocesano de Lisboa que terá a sua conclusão em novembro de 2016. “O Papa Francisco tem uma grande preocupação quando olha para o mundo atual. Olha-o como um mundo desagregado, desfeito. Olha para uma humanidade pouco solidária, que se desloca para grandes distâncias geográficas e mentais e não formam uma sociedade. Este é um problema imenso porque as pessoas ficam à mercê de muitas maldades”, salientou D. Manuel Clemente que manifestou um desejo do Papa Francisco: “O Papa quer que as nossas sociedades sejam mais sociedade, onde as pessoas se interessem mais umas pelas outras, onde aprendam a viver mais umas para as outras, colocando em comum os problemas, onde não sejam descartadas”, apontou, partilhando um exemplo “de ternura” que escutou recentemente: “Na semana passada fui visitar uma amiga muito doente que não pode sair de casa e à noite está só. Ela contou-me esta história: ‘Sabes, o meu netinho, com 10 anos, quase todas as noites me telefona. Mas não é só para dizer ‘Boa noite avó’. Ele liga-me e pergunta: ‘Avó, queres que te leia uma história?’. Ele abre o livro de histórias e lê-me sempre uma história”. Parece tão simples, não é? Isto é uma escola de solidariedade!”, apontou D. Manuel Clemente.
No encontro onde foi declarada a “família como uma preocupação fundamental” da Igreja, o Cardeal-Patriarca falou também do Sínodo Diocesano, que está a ser preparado por “centenas” de grupos e previu uma “provável conclusão” do relatório final que servirá de base às reuniões conclusivas que vão acontecer no mês de novembro de 2016. “Posso já adiantar que de tudo o que vai surgindo de reflexão e ensaio, o que tem aparecido de mais original e inovador é o que tem acontecido com a contribuição das famílias. O ‘chegar a todos’ passa muito pela preparação para o matrimónio e pelo acompanhamento dos casais cristãos”, referiu D. Manuel Clemente.
A Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer, que é composta por 22 paróquias, teve como lema ‘Confirmados na fé e na missão’ e decorreu entre 26 de setembro e 6 de dezembro. A próxima Visita Pastoral no Patriarcado de Lisboa vai decorrer na Vigararia Lisboa III, entre 9 de janeiro e 13 de março de 2016.
Para o Cardeal-Patriarca de Lisboa, a Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer foi “apressar o dia do Senhor”. “Porque tudo de Jesus está mais patente, mais claro, mais convidativo, mais persuasivo, na terra, nas vossas terras: uma a uma, nas vossas famílias: uma a uma, nas vossas comunidades, nas vossas instituições, onde haja cristãos como sinais do Advento de Cristo, porque cada um de vós é um sinal do Advento de Cristo e do dia de Cristo, onde estiver. Isto é o Advento que interessa”, especificou.
Pedir Deus a Deus
Lembrando um excerto da primeira leitura da celebração (Bar 5, 1-9): ‘Deus decidiu abater todos os altos montes e as colinas seculares e encher os vales’, D. Manuel Clemente questionou: “O que são esses montes que são precisos arrasar para ver o Senhor? Que vales são estes que são precisos preencher para chegar lá, para que Ele chegue a nós?”. “Acho que estes montes são o nosso orgulho e sei que estes vales que são precisos preencher chamam-se caridade. Porque o nosso orgulho não nos deixa ver nada, nem a nós. Julgamos que somos outra coisa, criamos fantasmagorias, que não nos deixam ver os outros, e muito menos nos deixam ver a Deus que nos outros se apresenta. Deus é o contrário do orgulho. Quais sãos os montes do orgulho de nós próprios? Estarmos cheios de nós mesmos, não vermos mais nada para além do nosso interesse, gosto e desejo... Às vezes até não são desejos maus, mas são os nossos! É preciso que sejam os de Deus! Só esses bastam. Para preencher os vales, – diz a escritura – ‘só se alcança Deus com Deus’. Deus é a caridade perfeita. Aquelas lacunas, aqueles vazios que estão cá dentro do nosso coração podem e devem ser preenchidos pela caridade de Deus. E então, desligados de nós, vemos os outros e nos outros vemos o Senhor Ressuscitado em cada irmão e irmã, que nas suas necessidades concretas se apresenta e advém”, referiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa.
Nesta celebração, deixou ainda o apelo aos cristãos para pedirem Deus a Deus: “A Deus não peçamos coisas porque Ele não tem coisas para nos dar. Deus tem-se a Si mesmo para se oferecer. A certa altura Jesus disse aos seus discípulos: ‘Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas’. Não passamos a vida a pedir o acréscimo porque não pedimos Deus? E até temos medo de O pedir... não vá Ele também pedir qualquer coisa – que aliás nos fazia bem! Peçamos Deus a Deus. Deus é caridade. Preenchamos os vales desta nossa inexistência”, concluiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa na celebração que juntou mais de um milhar de fiéis e foi concelebrada por D. Nuno Brás e D. José Traquina, Bispos Auxiliares de Lisboa.
Ler uma história
O início da tarde foi dedicado à Família. No pavilhão desportivo foram partilhados testemunhos de duas famílias (ver caixa) que falaram de como encontraram no amor de Deus a única forma de aceitação entre eles e os frutos que foram gerados através de uma Igreja doméstica. Depois deste momento, o Cardeal-Patriarca de Lisboa falou sobre o Sínodo dos Bispos sobre a Família, que decorreu em Roma, no passado mês de outubro, e sobre o Sínodo Diocesano de Lisboa que terá a sua conclusão em novembro de 2016. “O Papa Francisco tem uma grande preocupação quando olha para o mundo atual. Olha-o como um mundo desagregado, desfeito. Olha para uma humanidade pouco solidária, que se desloca para grandes distâncias geográficas e mentais e não formam uma sociedade. Este é um problema imenso porque as pessoas ficam à mercê de muitas maldades”, salientou D. Manuel Clemente que manifestou um desejo do Papa Francisco: “O Papa quer que as nossas sociedades sejam mais sociedade, onde as pessoas se interessem mais umas pelas outras, onde aprendam a viver mais umas para as outras, colocando em comum os problemas, onde não sejam descartadas”, apontou, partilhando um exemplo “de ternura” que escutou recentemente: “Na semana passada fui visitar uma amiga muito doente que não pode sair de casa e à noite está só. Ela contou-me esta história: ‘Sabes, o meu netinho, com 10 anos, quase todas as noites me telefona. Mas não é só para dizer ‘Boa noite avó’. Ele liga-me e pergunta: ‘Avó, queres que te leia uma história?’. Ele abre o livro de histórias e lê-me sempre uma história”. Parece tão simples, não é? Isto é uma escola de solidariedade!”, apontou D. Manuel Clemente.
No encontro onde foi declarada a “família como uma preocupação fundamental” da Igreja, o Cardeal-Patriarca falou também do Sínodo Diocesano, que está a ser preparado por “centenas” de grupos e previu uma “provável conclusão” do relatório final que servirá de base às reuniões conclusivas que vão acontecer no mês de novembro de 2016. “Posso já adiantar que de tudo o que vai surgindo de reflexão e ensaio, o que tem aparecido de mais original e inovador é o que tem acontecido com a contribuição das famílias. O ‘chegar a todos’ passa muito pela preparação para o matrimónio e pelo acompanhamento dos casais cristãos”, referiu D. Manuel Clemente.
A Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer, que é composta por 22 paróquias, teve como lema ‘Confirmados na fé e na missão’ e decorreu entre 26 de setembro e 6 de dezembro. A próxima Visita Pastoral no Patriarcado de Lisboa vai decorrer na Vigararia Lisboa III, entre 9 de janeiro e 13 de março de 2016.
- Encontro com os jovens
Algumas dezenas de jovens participaram no encontro vicarial que decorreu nos passados dias 5 e 6 de dezembro, em vários locais da Vila de Alenquer. Na manhã do dia do encerramento da Visita Pastoral, os jovens, reunidos na Fábrica Nova da Romeira, tiveram oportunidade de colocar perguntas ao Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.
Como tornar a Igreja mais apelativa para os jovens?O que torna a Igreja apelativa para os outros jovens é aquilo que a Igreja tem de apelativo para vocês. Em relação a isso, vocês, jovens, sabem tão bem como eu porque sabem por vós mesmos. Para mim, quando era jovem, foi o facto de me falarem em casa de forma convincente, depois por outros amigos meus que começavam a gostar do que também eu gostava, e ainda pelas respostas que encontrava ali e não noutro lado.
Como sabemos que o Espírito Santo está a atuar em nós?Essa é a pergunta mais fácil de responder: é quando, na nossa vida, acontecem as mesmas coisas que aconteceram na vida de Jesus. Quando vocês criam um bom ambiente, vocês estão a fazer o que Deus quer, estão a reconstruir as coisas, vocês estão a reconciliar as vidas. É o Espírito, não são vocês. É o Espírito de Cristo em vocês.
Como reagiram os seus familiares quando tomou a decisão de entrar no seminário?Eles foram percebendo. A minha mãe era catequista e foi relativamente ‘fácil’, porque ela sabia que para o meu pai seria mais difícil. O que os convenceu foi o facto de verem que eu era feliz assim. E quando os pais vêm os filhos felizes, isso é que acaba por os convencer. O que os convenceu mais foi, apesar das minhas imperfeições, o facto de eu querer fazer aquilo que dizia.
- Encontro com as famílias
O dia de encerramento da Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer contou com a partilha de duas famílias que, através de caminhos diferentes mas com um Amor comum, encontraram nas suas vidas formas de “construir pontes” sobre as diferenças e experimentaram a importância de uma Igreja doméstica que dá os seus frutos.
“O que vos venho transmitir é uma experiência de comunhão, em relação à nossa abertura ao amor de Deus. Há cerca de 10 anos, o Pedro – meu filho do coração – vivia numa instituição e atormentava-nos o sofrimento que tinha na sua vida. Ele deixou de se sentir como uma pessoa, sem identidade e sem o amor que Deus tinha por ele. A Emília era a referência de afeto na vida do Pedro, desde bebé. Juridicamente, o tribunal não entregava o Pedro à Emília, assim sozinha. Eu, com a minha família, não tinha condições para acolher o Pedro, pela logística toda que ele necessitava. Em conjunto, os dois vieram para a nossa família. Ele tem sido um exemplo de persistência, resiliência e amor a Deus. A Emília e eu divergíamos na forma de educar o Pedro; mas, de facto, aquilo que faz pontes é o amor porque o amor de Deus não nos deixa cair. A Emília é hoje uma das minhas melhores amigas. Aquilo que nos uniu foi o Amor.”
Ana Maria Rodrigues
Arranhó
“A relação começou há 13 anos, numa peregrinação a Taizé. O primeiro passo para passar de uma vida de solteiros para a construção de uma vida a dois foi começarmos a dar catequese em conjunto e a participar na equipa vicarial da pastoral juvenil. Este trabalho em conjunto foi muito importante para nós, porque aprendemos juntos a fazer as coisas a dois. Casámos em 2007 e nestes anos não podemos dispensar a assembleia dominical, porque é a maior festa que nós temos.
Há três anos, convidaram-nos para trabalhar no Sector da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa. Sentimos que é uma evolução natural porque também vamos crescendo e vamos aprofundando a Igreja doméstica. Em nossa casa, estamos a acompanhar um amigo de infância na preparação para receber os sacramentos da iniciação cristã. É uma oportunidade que nos permite a oração, reflexão, falar sobre Deus. Pertencemos a uma equipa de casais das Equipas de Nossa Senhora, onde temos a oportunidade de partilhar esta experiência familiar com outros casais. É muito bom sabermos que temos uma Igreja a rezar por nós, mesmo em alturas de deserto.”
Catarina e Nuno Fortes
Sobral de Monte Agraço
Patriarcado de Lisboa
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