(RV) Depois da Missa e da abertura da Porta Santa
na Basílica de São João de Latrão, em Roma, o Papa regressou ao
Vaticano, onde ao meio dia rezou, com os fiéis reunidos na Praça de São
Pedro, a oração do Angelus, precedida duma breve reflexão sobre o
Evangelho deste domingo.
Evangelho em que São Lucas nos apresenta o profeta João Baptista que,
perante a pergunta da multidão, de publicanos e de alguns soldados
sobre o que deviam fazer para seguir aquilo que ele estava a apregoar
responde: partilhai os bens de primeira necessidade.
É a indicação de um caminho de conversão que se manifesta em gestos
concretos de justiça e solidariedade. Este – disse o Papa - é caminho
que Jesus indica em toda a sua pregação:
“O caminho do amor efectivo em relação ao próximo”
Pelo convite de João Baptista a partilhar os bens, compreende-se -
frisou o Papa – a tendência geral da época sobretudo da parte de quem
detinha o poder. E frisa isto para recordar que hoje as coisas não são
muito diferentes e que, todavia, ninguém - mesmo o pecador - está
excluído da salvação.
“Deus não obstrui a ninguém a possibilidade de salvar-se. Ele
está ansioso por usar da misericórdia em relação a todos e por acolher
cada um no tenro abraço da reconciliação e do perdão”
Para o Papa Francisco devemos sentir como nossa essa pergunta “o que
devemos fazer?”. A resposta é converter-se, mudar de direcção, e
empreender o caminho da justiça, da solidariedade, da sobriedade –
valores imprescindíveis para uma existência plenamente humana e
autenticamente cristã.
E uma dimensão particular da conversão é a alegria – explicou o Papa,
acrescentando que hoje em dia é preciso coragem e fé para se falar de
alegria, pois que o mundo está cheio de problemas e temores, o futuro
incerto... Mas a alegria do cristão deriva da sua fé, “da certeza de
que o Senhor está próximo”.
E o Papa pediu a ajuda de Nossa Senhora para que a nossa fé se
reforce e saibamos acolher com alegria Deus que quer estar sempre no
meio dos seus filhos. E que Ela, nossa Mãe, nos ensine a partilhar as
lágrimas de quem chora, por forma a partilharmos também o sorriso.
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Depois da oração do Angelus, o Papa referiu-se à Conferência sobre o
Clima que se concluiu ontem em Paris com a adopção de um acordo que
muitos definem histórico. Sublinhando que a sua actuação requererá um
coral empenho e uma generosa dedicação da parte de cada um, o Papa
“exprimiu o desejo de que seja garantida uma particular atenção às
populações mais vulneráveis. Exorto toda a comunidade internacional a
continuar com solicitude o caminho empreendido, no sinal de uma
solidariedade que se torna cada vez mais concreta”.
A seguir, Francisco recordou que na próxima terça-feira 15 de
Dezembro, iniciará a Conferência Ministerial da Organização Mundial do
Comércio, lançando um apelo a todos os países participantes:
“Dirijo-me aos Países que nele tomam parte, a fim de que as
decisões que serão tomadas tenham presente as necessidades dos pobres e
das pessoas mais vulneráveis, assim como também das legítimas aspirações
dos Países menos desenvolvidos e do bem comum de toda a família humana.”
E neste domingo em que de forma geral são abertas as Portas Santas
nas Catedrais pelo mundo fora, a fim de que – disse o Papa – o Jubileu
da Misericórdia possa ser plenamente vivido nas Igrejas particulares,
Francisco exprimiu o desejo de que este “momento forte estimule a se
tornar em instrumento da ternura de Deus”.
E recordando que como expressão das obras de misericórdia são abertas
também as chamadas “Portas da Misericórdia” em lugares de dificuldades
e marginalização, saudou a este respeito os detidos das prisões do
mundo inteiro:
“A este respeito saúdo os detidos das prisões do mundo
inteiro, especialmente os da prisão de Pádua, que hoje estão unidos a
nós espiritualmente para este momento de oração, e agradeço-os pelo dom
do concerto”
O Papa saudou depois os peregrinos da Itália e de várias partes do
mundo e agradeceu pelo testemunho de solidariedade e acolhimento pais,
crianças, religiosas aglutinados na Fundação Dispensário Santa Marta no
Vaticano.
Por fim um veemente convite ao diálogo inter-religioso ao saudar o
Movimento dos Focolares que se encontravam na Praça de São Pedro
juntamente com amigos de alguma comunidades muçulmanas:
“Ide para frente, ide para a frente com coragem no vosso
percurso de diálogo e de fraternidade, porque somos todos filhos de
Deus”
E o Papa despediu-se com um cordial desejo de bom domingo e como sempre pediu o favor de rezarmos por ele. !Até à vista”...
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