(RV) Hoje ás
10,30, horas de Roma, o Santo Padre recebeu em audiência na Sala
Clementina do Vaticano, os colaboradores e membros da Cúria Romana para
trocar os augúrios natalícios; ocasito também para uma breve meditação
sobre o testemunho, no trabalho da Cúria Romana, do mistério da
encarnação do Senhor na história. Eis na íntegra, o discurso do Santo
Padre:
Queridos irmãos e irmãs!
Com alegria, vos dirijo os meus votos mais cordiais de um santo Natal
e feliz Ano Novo, que estendo a todos os colaboradores, aos
Representantes Pontifícios e de modo particular àqueles que, tendo
chegado à idade da reforma durante este ano, terminaram o seu serviço.
Recordamos também as pessoas que foram chamadas à presença de Deus. Para
vós todos e vossos familiares, a minha estima e gratidão.
No meu primeiro encontro convosco, em 2013, quis salientar dois
aspectos importantes e inseparáveis do trabalho curial: o
profissionalismo e o serviço, apontando a figura de São José como modelo
a imitar. Ao passo que no ano passado, a fim de nos prepararmos para o
sacramento da Reconciliação, abordámos algumas tentações e «doenças» – o
«catálogo das doenças curiais» – que poderiam afectar cada cristão,
cúria, comunidade, congregação, paróquia e movimento eclesial; doenças,
que requerem prevenção, vigilância, cuidado e, em alguns casos
infelizmente, intervenções dolorosas e prolongadas.
Algumas dessas doenças manifestaram-se no decurso deste ano, causando
não pouco sofrimento a todo o corpo e ferindo muitas almas.
Forçoso é dizer que isto foi – e sê-lo-á sempre – objecto de sincera
reflexão e de medidas decisivas. A reforma prosseguirá com determinação,
lucidez e ardor, porque Ecclesia semper reformanda.
Entretanto nem as doenças nem mesmo os escândalos poderão esconder a
eficiência dos serviços que a Cúria Romana presta ao Papa e à Igreja
inteira, com desvelo, responsabilidade, empenho e dedicação, sendo isso
motivo de verdadeira consolação. Santo Inácio ensinava que «é próprio do
espírito mau vexar, contristar, colocar dificuldades e turbar com
falsas razões, para impedir de avançar; ao contrário, é próprio do
espírito bom dar coragem e energias, consolações e lágrimas, inspiração e
serenidade, diminuindo e removendo qualquer dificuldade, para avançar
no caminho do bem».[1]
Seria grande injustiça não expressar sentida gratidão e o devido
encorajamento a todas as pessoas sãs e honestas que trabalham com
dedicação, lealdade, fidelidade e profissionalismo, oferecendo à Igreja e
ao Sucessor de Pedro o conforto da sua solidariedade e obediência bem
como das suas generosas orações.
Além disso, as próprias resistências, fadigas e quedas das pessoas e
dos ministros constituem lições e oportunidades de crescimento, e nunca
de desânimo. São oportunidade para «voltar ao essencial», que significa
avaliar a consciência que temos de nós mesmos, de Deus, do próximo, do
sensus Ecclesiae e do sensus fidei.
É deste «voltar ao essencial» que vos quero falar hoje, nos inícios
da peregrinação do Ano Santo da Misericórdia, aberto pela Igreja há
poucos dias e que constitui para ela e para todos nós um forte apelo à
gratidão, à conversão, à renovação, à penitência e à reconciliação.
Na realidade, segundo diz Santo Agostinho de Hipona, o Natal é a
festa da Misericórdia infinita de Deus: «Podia haver, para infelizes
como nós, maior misericórdia do que aquela que induziu o Criador do céu a
descer do céu e o Criador da terra a revestir-se dum corpo mortal?
Aquela mesma misericórdia induziu de tal modo o Senhor do mundo a
revestir-Se da natureza de servo, que embora sendo pão tivesse fome,
embora sendo a saciação tivesse sede, embora sendo a força Se tornasse
fraco, embora sendo a salvação fosse ferido, embora sendo vida pudesse
morrer. E tudo isto para saciar a nossa fome, aliviar a nossa secura,
reforçar a nossa fraqueza, apagar a nossa iniquidade, acender a nossa
caridade».[2]
Por isso, no contexto deste Ano da Misericórdia e da preparação para o
santo Natal, já à porta, quero apresentar-vos um instrumento prático
para se poder viver frutuosamente este tempo de graça. Trata-se de um
não-exaustivo «catálogo das virtudes necessárias», para quem presta
serviço na Cúria e para todos aqueles que querem tornar fecunda a sua
consagração ou o seu serviço à Igreja.
Convido os Responsáveis dos Dicastérios e os Superiores a
aprofundá-lo, enriquecê-lo e completá-lo. É um elenco em acróstico que
toma por base de análise precisamente a palavra «misericórdia», fazendo
dela o nosso guia e o nosso farol:
1. Missionariedade e pastoreação. A missionariedade é aquilo que
torna, e mostra, a Cúria fértil e fecunda; é a prova da eficácia,
eficiência e autenticidade do nosso trabalho. A fé é um dom, mas a
medida da nossa fé prova-se também pelo modo como somos capazes de a
comunicar.[3] Cada baptizado é missionário da Boa Nova primariamente com
a sua vida, o seu trabalho e o seu testemunho jubiloso e convincente.
Uma pastoreação sã é virtude indispensável especialmente para cada
sacerdote. É o compromisso diário de seguir o Bom Pastor que cuida das
suas ovelhas e dá a sua vida para salvar a vida dos outros. É a medida
da nossa actividade curial e sacerdotal. Sem estas duas asas nunca
poderemos voar, nem alcançar a bem-aventurança do «servo fiel» (cf. Mt
25, 14-30).
2. Idoneidade e sagácia. A idoneidade requer o esforço pessoal
por adquirir os requisitos necessários para se exercer da melhor maneira
as próprias tarefas e actividades, com inteligência e intuição. É
contra recomendações e subornos. A sagácia é a prontidão de mente para
compreender e enfrentar as situações com sabedoria e criatividade.
Idoneidade e sagácia constituem também a resposta humana à graça divina,
quando cada um de nós segue esta famosa sentença: «Fazer tudo como se
Deus não existisse e, depois, deixar tudo a Deus como se eu não
existisse». É o comportamento do discípulo que, diariamente, se dirige
ao Senhor com estas palavras duma belíssima Oração Universal atribuída
ao Papa Clemente XI: «Guiai-me com a vossa sabedoria, governai-me com a
vossa justiça, encorajai-me com a vossa bondade, protegei-me com o vosso
poder. Ofereço-Vos, ó Senhor, os pensamentos, para que estejam fixos em
Vós; as palavras, para que sejam vossas; as acções, para que sejam
segundo o vosso querer; as tribulações, para que as sofra por Vós».[4]
3. ESpiritualidade e humanidade. A espiritualidade é a coluna
sustentáculo de qualquer serviço na Igreja e na vida cristã. É aquilo
que nutre toda a nossa actividade, sustenta-a e protege-a da fragilidade
humana e das tentações diárias. A humanidade é o que encarna a
veridicidade da nossa fé. Quem renúncia à sua humanidade, renuncia a
tudo. É a humanidade que nos torna diferentes das máquinas e dos robôs
que não sentem nem se comovem. Quando temos dificuldade em chorar a
sério ou rir com paixão, então começou o nosso declínio e o nosso
processo de transformação de «homens» noutra coisa qualquer. A
humanidade é saber mostrar ternura, familiaridade e gentileza com todos
(cf. Flp 4, 5). A espiritualidade e a humanidade, embora qualidades
inatas, não deixam de ser potencialidades que carecem de realização
integral, progressivo desenvolvimento e prática diária.
4. Exemplaridade e fidelidade. O Beato Paulo VI recordou à Cúria
«a sua vocação à exemplaridade».[5] Exemplaridade para evitar os
escândalos que ferem as almas e ameaçam a credibilidade do nosso
testemunho. Fidelidade à nossa consagração, à nossa vocação,
lembrando-nos sempre das palavras de Cristo: «quem é fiel no pouco,
também é fiel no muito; e quem é infiel no pouco, também é infiel no
muito» (Lc 16, 10) e «se alguém escandalizar um destes pequeninos que
crêem em Mim, seria preferível que lhe suspendessem do pescoço a mó de
um moinho e o lançassem nas profundezas do mar. Ai do mundo, por causa
dos escândalos! São inevitáveis, decerto, os escândalos; mas ai do homem
por quem vem o escândalo» (Mt 18, 6-7).
5. Racionalidade e amabilidade. A racionalidade serve para evitar
os excessos emocionais e a amabilidade para evitar os excessos da
burocracia e das programações e planificações. São dotes necessários
para o equilíbrio da personalidade: «O inimigo observa bem se uma alma é
rude ou delicada; se é delicada, procura torná-la delicada até ao
excesso, para depois mais a angustiar e confundir».[6] Todo o excesso é
indício de qualquer desequilíbrio.
6. Inocuidade e determinação. A inocuidade, que nos torna
cautelosos no juízo, capazes de nos abstermos de acções impulsivas e
precipitadas. É a capacidade de fazer emergir o melhor de nós mesmos,
dos outros e das situações, agindo com cuidado e compreensão. É fazer
aos outros aquilo que querias que fosse feito a ti (cf. Mt 7, 12; Lc 6,
31). A determinação é o agir com vontade decidida, visão clara e
obediência a Deus e somente pela lei suprema da salus animarum (cf. CIC,
cân. 1725).
7. Caridade e verdade. Duas virtudes indissolúveis da vida
cristã: «testemunhar a verdade na caridade e viver a caridade na
verdade» (cf. Ef 4, 15).[7] De contrário, a caridade sem verdade
torna-se ideologia da bonacheirice destrutiva e a verdade sem caridade
torna-se justicialismo cego.
8. HOnestidade e maturidade. A honestidade é a rectidão, a
coerência e o agir com absoluta sinceridade connosco mesmos e com Deus.
Quem é honesto não age rectamente apenas sob o olhar do supervisor ou do
superior; o honesto não teme ser apanhado de surpresa, porque nunca
engana a quem se fia dele. O honesto nunca domina sobre as pessoas ou
sobre as coisas que lhe foram confiadas em administração, como o «servo
mau» (Mt 24, 48). A honestidade é a base sobre a qual assentam todas as
outras qualidades. Maturidade é o esforço para alcançar a harmonia entre
as nossas capacidades físicas, psíquicas e espirituais. É a meta e o
bom êxito dum processo de desenvolvimento que não termina jamais nem
depende da idade que temos.
9. Respeito e humildade. O respeito é dote das almas nobres e
delicadas; das pessoas que procuram sempre ter em justa consideração os
outros, a sua função, os superiores e os subordinados, os problemas, os
documentos, o segredo e a confidencialidade; das pessoas que sabem ouvir
atentamente e falar educadamente. A humildade, por sua vez, é a virtude
dos santos e das pessoas cheias de Deus, que quanto mais sobem de
importância tanto mais cresce nelas a consciência de nada serem e de
nada poderem fazer sem a graça de Deus (cf. Jo 15, 8).
10. Dadivoso e atento. Quanto maior confiança tivermos em Deus e na
sua providência, tanto mais seremos dadivosos de alma e mais seremos
mãos abertas para dar, sabendo que quanto mais se dá, mais se recebe. Na
realidade, é inútil abrir todas as Portas Santas de todas as basílicas
do mundo, se a porta do nosso coração está fechada ao amor, se as nossas
mãos estão fechadas para dar, se as nossas casas estão fechadas para
hospedar e se as nossas igrejas estão fechadas para acolher. A atenção é
o cuidado dos detalhes e a oferta do melhor de nós mesmos sem nunca
cessar de vigiar sobre os nossos vícios e faltas. São Vicente de Paulo
rezava assim: «Senhor, ajudai-me a dar-me conta, imediatamente, daqueles
que estão ao meu lado, daqueles que vivem preocupados e desorientados,
daqueles que sofrem sem o manifestar, daqueles que se sentem isolados,
sem o querer».
11. Impavidez e prontidão. Ser impávido significa não se deixar
amedrontar perante as dificuldades, como Daniel na cova dos leões, como
David diante de Golias; significa agir com audácia e determinação e sem
indolência «como bom soldado» (2 Tm 2, 3-4); significa saber dar o
primeiro passo sem demora, como Abraão e como Maria. Por sua vez, a
prontidão é saber actuar com liberdade e agilidade, sem apegar-se às
coisas materiais que passam. Diz o salmo: «Se as vossas riquezas
crescerem, não lhes entregueis o coração» (Sal 62/61, 11). Estar pronto
significa estar sempre a caminho, sem jamais se sobrecarregar acumulando
coisas inúteis e fechando-se nos próprios projectos, nem se deixar
dominar pela ambição.
12. FiAbilidade e sobriedade. Fiável é aquele que sabe manter os
compromissos com seriedade e atendibilidade quando está a ser observado
mas sobretudo quando está sozinho; é aquele que ao seu redor irradia uma
sensação de tranquilidade, porque nunca atraiçoa a confiança que lhe
foi concedida. A sobriedade – última virtude deste elenco mas não na
importância – é a capacidade de renunciar ao supérfluo e resistir â
lógica consumista dominante. A sobriedade é prudência, simplicidade,
essencialidade, equilíbrio e temperança. A sobriedade é contemplar o
mundo com os olhos de Deus e com o olhar dos pobres e do lado dos
pobres. A sobriedade é um estilo de vida,[8] que indica o primado do
outro como princípio hierárquico e manifesta a existência como
solicitude e serviço aos outros. Quem é sóbrio é uma pessoa coerente e
essencial em tudo, porque sabe reduzir, recuperar, reciclar, reparar e
viver com o sentido de medida.
Queridos irmãos!
A misericórdia não é um sentimento passageiro, mas é a síntese da Boa
Nova, é a opção de quem quer ter os sentimentos do «Coração de
Jesus»,[9] de quem seriamente quer seguir o Senhor que nos pede: «Sede
misericordiosos como o vosso Pai» (Lc 6, 36; cf. Mt 5, 48). Afirma o
padre Hermes Ronchi: «Misericórdia é escândalo para a justiça, loucura
para a inteligência, consolação para nós, devedores. A dívida de
existir, a dívida de ser amados, só se paga com a misericórdia».
Concluindo, seja a misericórdia a guiar os nossos passos, a inspirar
as nossas reformas, a iluminar as nossas decisões; seja ela a coluna
sustentáculo do nosso agir; seja ela a ensinar-nos quando devemos
avançar e quando devemos recuar um passo; seja ela a fazer-nos ler a
pequenez das nossas acções no grande projecto de salvação de Deus e na
majestade misteriosa da sua obra.
Para nos ajudar a compreender isto, deixemo-nos encantar por esta
estupenda oração, vulgarmente atribuída ao Beato Óscar Arnulfo Romero
mas pronunciada pela primeira vez pelo Cardeal John Dearden:
«De vez em quando ajuda-nos recuar um passo e ver de longe.
O Reino não está apenas para além dos nossos esforços,
está também para além das nossas visões.
Na nossa vida, conseguimos cumprir apenas uma pequena parte
daquele maravilhoso empreendimento que é a obra de Deus.
Nada daquilo que fazemos está completo.
Isto quer dizer que o Reino está mais além de nós mesmos.
Nenhuma afirmação diz tudo o que se pode dizer.
Nenhuma oração exprime completamente a fé.
Nenhum credo contém a perfeição.
Nenhuma visita pastoral traz consigo todas as soluções.
Nenhum programa cumpre plenamente a missão da Igreja.
Nenhuma meta ou objectivo atinge a dimensão completa.
Disto se trata:
plantamos sementes que um dia nascerão.~~
Regamos sementes já plantadas,
sabendo que outros as guardarão.
Pomos as bases de algo que se desenvolverá.
Pomos o fermento que multiplicará as nossas capacidades.
Não podemos fazer tudo,
mas dá uma sensação de libertação iniciá-lo.
Dá-nos a força de fazer qualquer coisa e fazê-la bem.
Pode ficar incompleto, mas é um início, o passo dum caminho.
Uma oportunidade para que a graça de Deus entre
e faça o resto.
Pode acontecer que nunca vejamos a sua perfeição,
mas esta é a diferença entre o mestre de obras e o trabalhador.
Somos trabalhadores, não mestres de obras,
servidores, não messias.
Somos profetas de um futuro que não nos pertence».
[1] Exercícios Espirituais, 315.
[2] Cf. Serm. 207, 1: NBA, XXXII/1, 148s.
[3] «A missionariedade não é questão apenas de territórios
geográficos, mas de povos, culturas e indivíduos, precisamente porque os
“confins” da fé não atravessam apenas lugares e tradições humanas, mas o
coração de cada homem e mulher. O Concílio Vaticano II pôs em evidência
de modo especial como seja próprio de cada baptizado e de todas as
comunidades cristãs o dever missionário, o dever de alargar os confins
da fé» (Mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2013, 2).
[4] Missale Romanum, 2002.
[5] Discurso à Cúria Romana, 21 de Setembro de 1963: AAS 55 (1963), 793-800.
[6] Santo Inácio de Loyola, Exercícios Espirituais, 349.
[7] «A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunhou com a sua
vida terrena e sobretudo com a sua morte e ressurreição, é a força
propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e
da humanidade inteira. (…) É uma força que tem a sua origem em Deus,
Amor eterno e Verdade absoluta» (Bento XVI, Carta enc. Caritas in
veritate, 29 de Junho de 2009, 1: AAS 101 (2009), 641), por isso é
preciso «conjugar a caridade com a verdade, não só na direcção
assinalada por S. Paulo da “veritas in caritate” (Ef 4, 15), mas também
na direcção inversa e complementar da “caritas in veritate”. A verdade
há-de ser procurada, encontrada e expressa na “economia” da caridade,
mas esta por sua vez há-de ser compreendida, avaliada e praticada sob a
luz da verdade» (Ibid., 2).
[8] Um estilo de vida caracterizado pela sobriedade restitui ao homem
aquele «comportamento desinteressado, gratuito, estético que brota do
assombro diante do ser e da beleza, que leva a ler, nas coisas visíveis,
a mensagem do Deus invisível que as criou» (João Paulo II, Carta enc.
Centesimus annus, 37; cf. AA.VV., Nuovi stili di vita nel tempo della
globalizzazione, Fond. «Apostolicam Actuositatem», Roma 2002).
[9] São João Paulo II disse no «Angelus» de 9 de Julho de 1989: «A
expressão “Coração de Jesus” traz de imediato à mente a humanidade de
Cristo, e ressalta-lhe a riqueza dos sentimentos, a compaixão para com
os enfermos; a predilecção pelos pobres; a misericórdia para com os
pecadores; a ternura para com as crianças; a fortaleza na denúncia da
hipocrisia, do orgulho e da violência; a mansidão diante dos opositores;
o zelo pela glória do Pai e o júbilo pelos seus misteriosos e
providentes desígnios de graça (…) recorda depois la tristeza de Cristo
pela traição de Judas, o abatimento por causa da solidão, a angústia
diante da morte, o abandono filial e obediente nas mãos do Pai. E fala
sobretudo do amor que sem cessar brota do seu íntimo: amor infinito para
com o Pai e amor sem limites pelo homem».
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