Papa celebra a missa na Casa de Santa Marta
Durante a missa celebrada na Casa de Santa Marta, o Pontífice comentou a Primeira Leitura, extraída do Livro dos Números (Nm 21,4-9), e falou do “espírito de cansaço” que “abala a esperança”.
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
Às vezes, os cristãos “preferem a falência”, que deixa espaço para as lamentações, para a insatisfação, “campo perfeito para o diabo semear”.
Na homilia da missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, o Papa
Francisco refletiu sobre o “cansaço” narrado no Livro dos Números (Nm
21,4-9). “O povo de Deus não suportou a viagem”, está escrito na
Primeira Leitura: “o entusiasmo” e a “esperança” da fuga da escravidão
no Egito foram-se perdendo aos poucos na margem do mar e depois no
deserto, chegando a murmurar contra Moisés.
“O espírito de cansaço tira-nos a esperança”, afirmou o Pontífice, “o
cansaço é seletivo: faz- ver sempre o lado mau do momento que
estamos a viver e esquecer-mo-nos das coisas boas que recebemos”.
E nós, quando estamos desolados, não suportamos a viagem e procuramos refúgio nos ídolos ou na murmuração ou em tantas outras coisas …
Isto é um modelo para nós. E este espírito de cansaço em nós cristãos leva-nos também a um modo de viver insatisfeito: o espírito de
insatisfação. Tudo é mau, tudo nos incomoda... o próprio Jesus ensinou-nos isso quando diz que este espírito de insatisfação nos faz
parecer crianças quando brincam.
Campo para semear
Campo para semear
Alguns cristãos cedem à “falência” sem perceber que este é o “campo
perfeito para o diabo semear”. Às vezes, têm “medo das consolações”,
prosseguiu o Papa, “medo da esperança”, “medo das carícias do Senhor”,
conduzindo “uma vida de viúvas pagas para chorar”.
Esta é a vida de muitos cristãos. Vivem lamentando-se, vivem
criticando, vivem murmurando, vivem insatisfeitos. “O povo não suportou a
viagem”. Nós cristãos muitas vezes não suportamos a viagem. E a nossa
preferência é apegarmio-nos à falência, isto é, à desolação. E a desolação
pertence à serpente: a serpente antiga, aquela do paraíso terrestre. É
um símbolo aqui: a mesma cobra que seduziu Eva e esta é uma maneira de
mostrar a cobra que têm dentro, que morde sempre na desolação.
O medo da esperança
O medo da esperança
Passar a vida lamentando-se: acontece com quem “prefere a falência”,
“não suporta a esperança”, “não suporta a ressurreição de Jesus”.
Irmãos e irmãs, recordemos somente esta frase: “O povo não
suportou a viagem”. Os cristãos não suportam a viagem. Os cristãos não
suportam a esperança. Os cristãos não suportam a cura. Ficamos mais
presos à insatisfação, ao cansaço, à falência. Que o Senhor nos liberte
desta doença.
Veja um trecho da homilia do Santo Padre
VN
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