Na primeira audiência geral de abril, o Papa Francisco relembrou com milhares de pessoas presentes na Praça São Pedro, a sua recente viagem a Marrocos.
Para o Francisco, tratou-se de “um novo passo no caminho do diálogo e
do encontro com os irmãos e irmãs muçulmanos como “Servidor de
esperança”. Foi uma viagem inspirada em dois santos: Francisco de Assis – que há 800 anos levou a mensagem de paz e fraternidade ao Sultão al-Malik al-Kamil – e João Paulo II, que depois de receber no Vaticano pela primeira vez um Chefe de Estado muçulmano, Rei Hassan II, realizou uma memorável visita ao Marrocos.
Jerusalém seja preservada
Francisco começou a sua catequese agradecendo ao povo e às autoridades
que o receberam, e ilustrou, seguidamente, os momentos mais significativos
do fim de semana.
Com o Rei Mohammed VI, o Papa sublinhou que as religiões têm um papel fundamental, defendendo a dignidade humana, promovendo a paz, a justiça e o cuidado da criação. Também assinaram um Apelo por Jerusalém, para que a Cidade Santa seja preservada como patrimônio da humanidade e lugar de encontro pacífico para os fiéis das três religiões monoteístas:
Mas alguém poderia perguntar, observa Francisco:
“Mas porque razão o Papa encontra os muçulmanos e não somente os
católicos? Porque existem tantas religiões, como é possível existir
tantas religiões? Mas com os muçulmanos somos descendentes do mesmo Pai,
Abraão: mas porque Deus permite que existam tantas religiões? Deus
quis permitir isto: os teólogos da Escolástica diziam a “volutas
permissiva” de Deus. Ele quis permitir esta realidade: existem muitas
religiões; algumas nascem da cultura, mas olham sempre para o céu, olham
para Deus. Mas o que Deus quer é a fraternidade entre nós. E de maneira
especial – por isto esta viagem - com os nossos irmãos filhos de Abraão
como nós, os muçulmanos. Não devemos temer a diferença: Deus permitiu
isto. Mas devemos assustar-nos se não trabalharmos em fraternidade, para
caminharmos juntos na vida".
Durante um encontro com migrantes, ouviu-se o testemunho de como a
vida muda quando quem emigra e encontra uma comunidade que o acolhe como
pessoa, mostrando assim como é importante estararmos abertos à diferença, sem
deixar de conservar a identidade cultural e religiosa, sabendo
valorizar a fraternidade humana.
Falando sobre o engajamento e da proximidade da Igreja marroquina aos migrantes, o Papa improvisou:
“Não gosto de dizer ‘migrantes’. Gosto mais de dizer ‘pessoas
migrantes’. Sabem porquê? Porque ‘migrante’ é um adjetivo; ao contrário,
‘pessoa’ é um substantivo. Nós caímos na ‘cultura do adjetivo’. Usamos
tantos adjetivos e muitas vezes esquecemo-nos dos substantivos, ou
seja, da substância. O adjetivo vai junto com o substantivo, a uma
‘pessoa’. Isto é: ‘migrante’ não, ‘pessoa migrante’ sim. Assim se
respeita, para não cair na ‘cultura do adjetivo’, que é ‘líquida’
demais, ‘gasosa’ demais”.
Um novo passo no caminho do encontro
Durante o encontro com sacerdotes, consagrados e membros do Conselho Mundial de Igrejas,
lembrou que a comunidade cristã nessas terras, mesmo sendo um
pequeno rebanho, é chamada a ser sal, luz e fermento, dando testemunho
do amor fraterno.
Por fim, o Papa mencionou a missa celebrada no domingo, com fiéis de mais de 60 nacionalidades:
Após os tradutores leram um resumo da catequese em várias
línguas, o Papa cumprimentou os grupos, e
concedeu a todos a sua benção apostólica.
Antes de se despedir dos fiéis, Francisco recordou o VI Dia Mundial do Desporto pela Paz e o Desenvolvimento:
“O desporto é uma linguagem universal que abraça todos os povos, ajuda a superar conflitos e a unir as pessoas. O desporto é também fonte
de alegria e de grande emoção, e é uma escola onde são forjadas virtudes
para o crescimento humano e social dos indivíduos e das comunidades.
Desejo a todos que se ‘coloquem em jogo’, na vida como no desporto”.
Veja um trecho da catequese do Santo Padre
VN
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