21 abril, 2019

Papa: o Senhor não nos encontre frios e indiferentes diante dos sofrimentos atuais

 


“Perante os inúmeros sofrimentos do nosso tempo, que o Senhor da vida não nos encontre frios e indiferentes", foi o pedido do Papa Francisco na tradicional mensagem de Páscoa. “Queridos irmãos e irmãs, Cristo vive! Ele é esperança e juventude para cada um de nós e para o mundo inteiro. Deixemo-nos renovar por Ele! Feliz Páscoa!” 
 
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
 
Cristo Ressuscitou! Aleluia! O alegre anúncio da ressurreição do Senhor dado na Vigília Pascal no Sábado Santo, voltou a ecoar neste Domingo de Páscoa na Praça São Pedro, na Missa presidida pelo Papa Francisco, na presença de milhares de fiéis, provenientes de todas partes do mundo.

Sem o azul do céu, visto o tempo estar encoberto na capital italiana, e com uma temperatura de 19º C, quem verificou o colorido do cenário da celebração foram as milhares de flores doadas pela Holanda, dispostas artisticamente, numa tradição que completou 33 anos este ano.
 
O Santo Padre não pronunciou homilia, reservando as suas palavras para a Mensagem de Páscoa, transmitida à Cidade e ao Mundo da Sacada Central da Basílica de São Pedro, como comumente acontece após a celebração da Missa da Páscoa e do Natal.

"Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!

Hoje, a Igreja renova o anúncio dos primeiros discípulos: «Jesus ressuscitou!» E de boca em boca, de coração a coração, ecoa o convite ao louvor: «Aleluia!... Aleluia!»”, disse o Papa ao iniciar a sua mensagem, recordando a recente Exortação Apostólica dedicada particularmente aos jovens, Chistus vivit”.

“Cristo vive: Ele é a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida.”

“A Ressurreição de Cristo – continuou Francisco - é princípio de vida nova para todo o homem e toda a mulher, porque a verdadeira renovação parte sempre do coração, da consciência.  Mas a Páscoa é também o início do mundo novo, libertado da escravidão do pecado e da morte: o mundo finalmente aberto ao Reino de Deus, Reino de amor, paz e fraternidade”. 

Síria

“Cristo vive e permanece connosco!” E foi pela Síria - “vítima dum conflito sem fim que corre o risco de nos encontrar cada vez mais resignados e até indiferentes” - que o Papa começou a elencar algumas das realidades daqueles  “que estão na provação, no sofrimento e no luto”. “É hora de renovar os esforços por uma solução política - defendeu ele - que dê resposta às justas aspirações de liberdade, paz e justiça, enfrente a crise humanitária e favoreça o retorno em segurança dos deslocados, bem como daqueles que se refugiaram nos países vizinhos, especialmente no Líbano e Jordânia”. 

Médio Oriente

Aos cristãos no Médio Oriente – região dilacerada “por divisões e tensões contínuas” - o Pontífice exortou a não deixarem de testemunhar “com paciente perseverança, o Senhor ressuscitado e a vitória da vida sobre a morte.”

E o seu olhar volta-se, de modo particular, “para o povo do Iémen, especialmente para as crianças a definharem pela fome e a guerra”, mas também aos governantes e povos da região, “a começar pelos israelitas e palestinianos”, para aliviarem as tantas aflições e a procurarem um futuro de paz e estabilidade. 

Líbia

O Papa pede que “as armas cessem de ensanguentar a Líbia”, exortando “as partes interessadas a optar pelo diálogo em vez da opressão, evitando que se reabram as feridas duma década de conflitos e instabilidade política”. 

Continente africano

“Tensões sociais, conflitos e, por vezes, extremismos violentos que deixam atrás de si insegurança, destruição e morte, especialmente em Burkina Faso, Mali, Níger, Nigéria e Camarões”, recordou Francisco na sua mensagem, ao pedir a paz do Senhor ao seu” amado continente africano”.

E não se esqueceu do Sudão, que atravessa um longo período de incertezas políticas, pedindo o esforço de todos, a fim de “permitirem ao país encontrar a liberdade, o desenvolvimento e o bem-estar, a que há muito aspira”.

Ao Sudão do Sul, o Papa fez votos de que “se abra uma nova página da história do país, na qual todos os componentes políticos, sociais e religiosos se empenhem ativamente em prol do bem comum e da reconciliação da nação”, também recordando o retiro feito há poucos dias pelos líderes do país no Vaticano. 

Ucrânia

Em relação à Ucrânia, o  Santo Padre pediu para que “o Senhor encoraje as iniciativas humanitárias e as iniciativas destinadas à procura de uma paz duradoura”, especialmente nas regiões orientais do país que continuam a sofrer com o conflito que persiste. 

Continente americano

Para o continente americano, o Pontífice argentino pediu “que a alegria da Ressurreição encha os corações de quem sofre as consequências de difíceis situações políticas e económicas, no continente americano”. Em particular, recordou da Venezuela, onde há “tanta gente sem as condições mínimas para levar uma vida digna e segura, por causa duma crise que perdura e se agrava”.

“Que o Senhor – foi o seu pedido - conceda a quantos têm responsabilidades políticas, trabalhar para pôr fim às injustiças sociais, abusos e violências e realizar passos concretos que permitam sanar as divisões e oferecer à população a ajuda de que necessita”.

Para a Nicarágua, Francisco pediu que “o Senhor ressuscitado oriente com a sua luz os esforços que estão a ser feitos”, para que se encontre “o mais rápido possível, uma solução pacífica e negociada em benefício de todos os nicaraguenses”. 

Construtores de pontes e não de muros

Perante os inúmeros sofrimentos do nosso tempo – disse o Santo Padre na conclusão da mensagem -  que o Senhor da vida não nos encontre frios e indiferentes. Faça de nós construtores de pontes, não de muros. Ele, que nos dá a paz, faça cessar o fragor das armas, tanto nos contextos de guerra como nas nossas cidades, e inspire os líderes das nações a trabalhar para acabar com a corrida aos armamentos e com a difusão preocupante das armas, de modo especial nos países mais avançados economicamente. O Ressuscitado, que escancarou as portas do sepulcro, abra os nossos corações às necessidades dos indigentes, indefesos, pobres, desempregados, marginalizados, de quem bate à nossa porta à procura de pão, dum abrigo e do reconhecimento da sua dignidade”.

No final fez a todos os votos de uma Feliz Páscoa:

Queridos irmãos e irmãs, Cristo vive! Ele é esperança e juventude para cada um de nós e para o mundo inteiro. Deixemo-nos renovar por Ele! Feliz Páscoa!”

Depois de condenar os graves atentados no Sri Lanka ocorridos neste Domingo de Páscoa e falar da primeira transmissão de uma mensagem de Páscoa feita por um Pontífice pela TV, o Papa Francisco fez um "grande agradecimento" aos holandeses e eslovenos, pela doação das "esplêndidas" flores que ornamentam a Praça e a Basílica de São Pedro nesta Páscoa: "a alegria da Ressurreição é simbolizada pelas flores!", disse ele.

Por fim, despediu-se da multidão de fiéis, pedindo que não se esquecessem, de rezar por ele. "Bom almoço e até logo!", concluiu.

VN

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