26 abril, 2018

Papa: sem amor e serviço, a Igreja não vai para frente

 
 Papa celebra a missa na Casa Santa Marta  (ANSA)
 
"Sem amor, a Igreja não vai para a frente, a Igreja não respira. Sem o amor, não cresce, transforma-se numa instituição vazia, de aparências, de gestos sem fecundidade", disse Francisco na missa matutina.
 
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano 
 
Jesus ensina-nos o amor com a Eucaristia; ensina-nos o serviço com o lava-pés; e diz-nos que um servo jamais está acima do seu senhor. Estes três elementos são o fundamento da Igreja. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã de quinta-feira (26/04) na capela da Casa Santa Marta. O Pontífice comentou o Evangelho do dia, no qual João refere as palavras de Jesus depois do lava-pés.
 
Na Última Ceia, explicou o Papa, Jesus despede-se dos discípulos com um discurso longo e belo e “faz dois gestos que são instituições”. Dois gestos para os discípulos e para a Igreja que virá, “que são o fundamento, por assim dizer, da sua doutrina”. Jesus “dá de comer o seu corpo e de beber o seu sangue”, isto é, institui a Eucaristia, e faz o lava-pés. “Desses gestos nascem os dois mandamentos – explicou Francisco – que farão crescer a Igreja, se formos fiéis”. 

Amor sem limites

O primeiro é o mandamento do amor: não somente “amar o próximo como a si mesmo”, mas um passo a mais: “amar o próximo como eu os amei”.
“ O amor sem limites. Sem isto, a Igreja não vai para a  frente, a Igreja não respira. Sem o amor, não cresce, transforma-se numa instituição vazia, de aparências, de gestos sem fecundidade. Ir ao seu corpo: Jesus diz como devemos amar, até ao fim. ”
Depois, o segundo novo mandamento, que nasce do lava-pés: “servir uns aos outros”, lavar os pés uns aos outros, como eu os lavei. Dois novos mandamentos e uma única advertência: “Podem servir, mas enviados por mim. Não estão acima de mim. 

Humildade simples e verdadeira 

De facto, Jesus esclarece: o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou”. Assim é a humildade simples e verdadeira, não a humildade fingida.

A consciência de que Ele é maior do que todos nós, e nós somos servos, e não podemos ultrapassar Jesus, não podemos usar Jesus. Ele é o Senhor, não nós. Este é o testamento do Senhor. Ele dá-se a comer e beber e diz-nos: amem-se assim. Lava os pés e acrescenta: sirvam assim, mas estejam atentos, um servo jamais é maior que aquele que o enviou, do senhor. São palavras e gestos contundentes: é o fundamento da Igreja. Se formos avante com estas três coisas, nunca iremos errar.

Os mártires e os muitos santos, prosseguiu o Papa, foram avante assim: “com esta consciência de ser servos”. 

Subordinação

E depois Jesus insere outra advertência: “Eu conheço aqueles que escolhi” e diz: “Mas sei que um de vós me trairá”. Por isso, Francisco conclui convidando a todos, num momento de silêncio, a deixarem-se olhar pelo Senhor:
“ É deixar que o olhar de Jesus entre em mim. Sentiremos tantas coisas: sentiremos amor, sentiremos talvez nada... ficaremos bloqueados ali, sentiremos vergonha. Mas deixar sempre que o olhar de Jesus venha. O mesmo olhar com o qual olhava, naquela noite, os seus na ceia. O Senhor conhece, sabe tudo. ”
Amor até ao fim, finalizou o Papa, serviço, e “vamos usar uma palavra um pouco militar, mas que é útil: subordinação, isto é, Ele é o maior, eu sou servo, ninguém pode passar à sua frente”.

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco
 
 
 
VATICAN NEWS

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