Batismo
“O Batismo marca o cristão com um selo
espiritual indelével (“character”) da sua pertença a Cristo. Esta marca
não é apagada por nenhum pecado, embora o pecado impeça o Batismo de
produzir frutos de salvação” (Catecismo, 1272).
Pe. Arnaldo Rodrigues – Cidade do Vaticano
Na sua catequese desta quarta-feira, 11 de abril, o Papa Francisco
dedicou-se a falar do Batismo. Embora o Papa nos tenha recordado sobre a
teologia, o sentido e a profundidade deste importante Sacramento, muitas
pessoas ainda permanecem em dúvida, ou desconhecem, a ação eficaz que
tem este Ssacramento nas nossas vidas.
Quando falamos do batismo, de imediato recordamos o próprio Cristo
que nos deu o exemplo em tudo, inclusive do batismo. Jesus foi batizado
nas águas do Rio Jordão, não porque precisava, mas para purificar as
águas da qual nasceriam os filhos de Deus. Por solidariedade a nós, abre
as portas de uma vida nova por meio do batismo. A partir deste momento,
a água torna-se definitivamente o elemento essencial para este sinal
sacramental.
Porém neste batismo de Jesus, não somente a água é um sinal visível,
mas também a vinda do Espírito Santo em forma de pomba, onde se pode
inclusive ouvir a voz de Deus que confirma a filiação divina de Cristo,
santificando as águas que corriam. Foram mistérios que marcaram o inicio
da Igreja nascente e que se repetirá em todos os tempos e em todos os
membros desta Igreja.
O mistério pascal confere ao Batismo o seu valor salvífico. Jesus, de
facto, «já tinha falado da sua Paixão, que ia sofrer em Jerusalém, como
de um “Batismo" com que devia ser batizado (Mc 10, 38; cf. Lc 12, 50). O
sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (22)
são tipos do Batismo e da Eucaristia, sacramentos da vida nova»
(Catecismo da Igreja Católica, 1225).
Com Cristo somos sepultados na morte, para que possamos com Ele
ressuscitar. O batismo faz-nos partícipes em tudo na vida de Cristo, e abre-nos a porta da eternidade. Em virtude do Espírito Santo, o batismo imerge-nos na morte e ressurreição do Senhor, afogando na fonte batismal
o homem velho, dominado do pecado que nos afasta de Deus, e nos faz
nascer homem novo recreados em Jesus. Nele todos os filhos de Adão são
chamados à vida nova (Papa Francisco).
Na Basílica de São Pedro, no Vaticano, quem já teve a oportunidade de
entrar e ver ou para quem ainda entrará, do lado esquerdo imediatamente
no seu ingresso, poderá contemplar a grande e imponente pia batismal.
Um grande mosaico de João Batista batizando Jesus adorna todo aquele
belo cenário.
O que muitas pessoas desconhecem é que esta pia batismal, de mármore
vermelho, é antes de tudo uma tampa de uma antiga sepultura. O objetivo é
sempre recordar que, pelo batismo, morremos para este mundo para viver totalmente em Deus.
O que deve ser muito considerado, sobretudo, são os efeitos que o
Sacramento do Batismo podem produzir na vida de um cristão. Esta
realidade de justificação pelo Batismo traduz-se em efeitos concretos na
alma do cristão, que a teologia apresenta como efeitos curativos e
santificantes.
Os primeiros referem-se ao perdão dos pecados, como sublinha a
pregação petrina: “Pedro respondeu-lhes: “Convertei-vos e peça cada um o
Batismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados;
recebereis, então, o dom do Espírito Santo" (At 2, 38). Isto inclui o
pecado original e, nos adultos, todos os pecados pessoais. Ocorre também
a remissão da totalidade da pena temporal e eterna.
No entanto, permanecem no batizado “certas consequências temporais do
pecado, como os sofrimentos, a doença, a morte, ou as fragilidades
inerentes à vida, como as fraquezas de caráter, etc., assim como uma
inclinação para o pecado a que a Tradição chama concupiscência ou,
metaforicamente, a “isca" ou “aguilhão" do pecado” (Catecismo, 1264).
O aspecto santificante consiste na efusão do Espírito Santo; com
efeito, “num só Espírito, fomos todos batizados” (1 Cor 12, 13). Porque
se trata do próprio “Espírito de Cristo” (Rm 8, 9), recebemos “um
Espírito que faz de vós filhos adotivos” (Rm 8, 15), como filhos no
Filho. Deus concede ao batizado a graça santificante, as virtudes
teologais e morais e os dons do Espírito Santo.
Com esta realidade de graça “o Batismo marca o cristão com um selo
espiritual indelével (“character”) da sua pertença a Cristo. Esta marca
não é apagada por nenhum pecado, embora o pecado impeça o Batismo de
produzir frutos de salvação” (Catecismo, 1272).
O Papa Francisco recorda-nos que o Batismo permite que Cristo viva em
nós e a nós de vivermos unidos a Ele, para colaborar na Igreja, cada um
segundo a própria condição. Como somos inseridos no corpo de Cristo, por
meio do batismo, devemos empenhar-nos sempre a sermos membros que
ajudem à santificação dos demais. Como batizados, professamos a mesma fé
e cremos no mesmo Espírito que anima e conduz.
E recorda ainda o Santo Padre, que com esta mesma fé professada e
recebida dos apóstolos, os pais devem transmitir aos pequenos, de modo
especial as crianças. O Batismo das crianças – como disse o Papa – é um
presente que os pais e padrinhos dão aos seus filhos. Um presente que
santifica, sela e insere totalmente em Cristo. Se os pais e padrinhos
acreditam nesta fé recebida, desejarão também dar aos seus filhos e
afilhados este dom de Deus.
VATICAN NEWS
Sem comentários:
Enviar um comentário