(RV) O Papa
Francisco recebeu em audiência na manhã desta sexta-feira (10/02) no
Vaticano, cerca de 300 participantes no encontro promovido pela
Comissão Caridade e Saúde da Conferência Episcopal Italiana (CEI), por
ocasião dos 25 anos do Dia Mundial do Doente e os 20 do Secretariado
Nacional para a pastoral da Saúde.
No seu discurso Francisco agradeceu ao Senhor pelos progressos feitos
neste tempo em benefício de um tratamento integral dos doentes e pela
generosidade de tantos homens e mulheres que se têm dedicado aos
doentes, tendo também observado que foi um tempo marcado por fortes
mudanças sociais e culturais, pelo que hoje podemos constatar uma
situação com luzes e sombras:
“Certamente, a pesquisa científica registou avanços e estamos
agradecidos pelos preciosos resultados obtidos para curar, se não mesmo
derrotar, algumas patologias. Espero que o mesmo empenho seja assegurado
para as doenças raras e negligenciadas, a que nem sempre é dada a
devida atenção, com o risco de dar origem a ulteriores sofrimentos”.
E o Papa elogiou os muitos profissionais da saúde que, com
conhecimento e consciência, vivem o seu trabalho como uma missão
participando, assim, do amor efusivo de Deus Criador, e também os
voluntários que, com generosidade e competência, tudo fazem para aliviar
e humanizar os longos e difíceis dias de tantos doentes e idosos
solitários, sobretudo pobres e indigentes.
Mas também o Papa Francisco falou de algumas sombras nos nossos dias
que, disse, arriscam de agravar a experiência dos doentes tendo indicado
o sector da saúde como aquele onde a cultura de descarte faz ver com
evidência as suas dolorosas consequências:
“Quando a pessoa doente não é posta ao centro e considerada na sua
dignidade, geram-se atitudes que podem levar até mesmo a especular sobre
as desgraças dos outros. E isto é muito grave! Devemos ser vigilantes,
sobretudo quando os pacientes são idosos com uma saúde muito
comprometida, se estão a sofrer de doenças graves e onerosas para a sua
cura ou são particularmente difíceis, como pacientes psiquiátricos”.
Em seguida Francisco observou que o modelo empresarial usado no
âmbito da saúde não deve ser adoptado de forma indiscriminada,
“optimizar os recursos significa utilizá-las de modo ético e na
solidariedade, e não para penalizar os mais fracos”, disse o Papa,
reafirmando que em primeiro lugar está a inviolável dignidade de cada
pessoa humana do momento da sua concepção até ao seu último respiro.
A crescente pobreza dos serviços da saúde – reiterou ainda o Papa –
particularmente entre as faixas mais pobres da população, devida,
precisamente, à dificuldade de acesso às curas, não deixe ninguém
indiferente e se multipliquem os esforços de todos, para que os direitos
dos mais vulneráveis sejam tutelados.
E, citando S. João Paulo II, Francisco notou que entre as finalidades
do Dia Mundial do Doente, para além da promoção da cultura da vida, é
também "envolver as dioceses, as comunidades cristãs e as famílias
religiosas sobre a importância da pastoral da saúde, pois existem muitos
doentes nos hospitais mas também nas casas, que vivem na solidão:
“Desejo que sejam visitados com frequência para que não se sintam
excluídos da comunidade e possam experimentar a presença de Cristo na
proximidade daqueles que os encontram (…). Infelizmente "a pior
discriminação de que sofrem os pobres - e os doentes são pobres de saúde
- é a falta de atenção espiritual”.
Os doentes são membros preciosos da Igreja. Com a graça de Deus e a
intercessão de Maria, Saúde dos Enfermos, possam eles tornar-se fortes
na fraqueza e “receber a graça de completar o que falta em nós dos
sofrimentos de Cristo, em favor da Igreja seu corpo” – disse Francisco a
concluir. (BS)
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