(RV) “Não escandalizar os pequeninos com a vida
dupla, porque o escândalo destrói”, disse o Papa Francisco na homilia da
missa matutina celebrada, nesta quinta-feira (23/02), na Casa Santa
Marta.
“Cortar a mão”, “arrancar o olho”, mas “não escandalizar os
pequeninos”, ou seja, os justos, “os que confiam no Senhor, que
simplesmente crêem no Senhor”.
“Mas o que é o escândalo? O escândalo é dizer uma coisa e fazer
outra; é ter vida dupla. Vida dupla em tudo: sou muito católico, vou
sempre à missa, pertenço a esta e aquela associação; mas a minha vida
não é cristã. Não pago o que é justo aos meus funcionários, exploro as
pessoas, faço jogo sujo nos negócios, reciclo dinheiro, vida dupla.
Muitos católicos são assim. Eles escandalizam. Quantas vezes ouvimos
dizer, nos bairros e outras partes: ‘Ser católico como aquele, melhor
ser ateu’. O escândalo é isso. Destrói. Joga você no chão. Isso acontece
todos os dias, basta ver os telejornais e ler os jornais. Os jornais
noticiam vários escândalos e fazem publicidade de escândalos. Com os
escândalos se destrói.”
O Papa citou o exemplo de uma empresa importante que estava à beira
da falência. As autoridades queriam evitar uma greve justa, mas que não
faria bem e queriam conversar com os chefes da empresa. As pessoas não
tinham dinheiro para arcar com as despesas cotidianas, pois não recebiam
o salário. O responsável, um católico, estava de férias numa praia no
Oriente Médio e as pessoas souberam disso mesmo que a notícia não tenha
saído nos jornais. “Estes são escândalos”, disse Francisco:
“No Evangelho, Jesus fala daqueles que escandalizam, sem dizer a palavra
escândalo, mas se entende: ‘Você chegará ao Céu, baterá à porta e: Sou
eu, Senhor! Não se lembra? Eu ia à Igreja, estava sempre com você,
pertencia a tal associação, fazia muitas coisas. Não se lembra de todas
as ofertas que eu fiz? Sim, lembro-me! As ofertas! Lembro-me bem: todas
sujas, roubadas aos pobres. Não o conheço. Esta será a resposta de Jesus
aos escandalosos que fazem vida dupla.”
“A vida dupla provém do seguir as paixões do coração, os pecados mortais
que são as feridas do pecado original”, disse o Papa. A Primeira
Leitura exorta a não se deixar levar pelas paixões do coração e a não
confiar nas riquezas. A não dizer: “Contento-me de mim mesmo”. Francisco
convidou a não adir a conversão:
“A todos nós, a cada um de nós, fará bem, hoje, pensar se há algo de
vida dupla em nós, de parecer justos. Parecer bons fiéis, bons
católicos, mas por baixo fazer outra coisa; se há algo de vida dupla, se
há uma confiança excessiva: O Senhor me perdoará tudo. Então, continuo.
Ok! Isso não é bom. Irei me converter, mas hoje não! Amanhã. Pensemos
nisso. Aproveitemos da Palavra do Senhor e pensemos que o Senhor nisso é
muito duro. O escândalo destrói.” (BS/MJ)
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