Há dias assim em que acordamos
com a sensação de que algo não vai correr bem.
São dias em que parece que nem
sequer me atrevo a pedir a Jesus para ir ter com Ele sobre as águas, porque
tenho já aquela sensação de que me vou afundar.
E depois a sensação perdura, vai tomando conta de nós, e acaba por transformar um dia que seria normal, num dia sem sentido, sem alegria, sem vida verdadeira.
E depois a sensação perdura, vai tomando conta de nós, e acaba por transformar um dia que seria normal, num dia sem sentido, sem alegria, sem vida verdadeira.
Calmamente invoco o Espírito
Santo, tento entregar-me a Ele, deixo que Ele me vá aquietando e me fale ao
coração, até ouvir o sussurro de Deus: Porque temes homem de pouca fé? Alguma
vez te faltei? Vá, acredita e vem ter comigo sobre as águas das tuas
inquietações.
Fecho os olhos, coloco-me em
pé sobre as águas e digo uma velha e rotineira frase mas que agora tem todo o
sentido: Seja o que Deus quiser!
E vou, primeiro devagar,
depois a correr, depois afundo-me, depois a mão d’Ele levanta-me e eu continuo
a correr, a andar, semeando a alegria com algumas lágrimas, plantando no meio
do bem estar algumas dores, tentando sempre fazer mais o bem do que o mal, e
repetindo sempre para mim: Homem de pouca fé!
E Ele ri-se e eu rio-me com
Ele!
De mãos dadas atravessamos
campos de flores e desertos de areia, caminhamos sobre o mar calmo e sobre a
tempestade alterosa, banhamo-nos na chuva e secamo-nos ao sol, sentimos a brisa
suave e suportamos o vento ciclónico, e por fim Ele pergunta-me: Onde está a
sensação que sentias hoje de manhã?
E eu respondo-lhe com as
lágrimas da maior ternura que eu possa ter: Está contigo, Senhor! Ficaste com
ela quando Te entreguei o dia que me deste!
Monte Real, 2 de Setembro de
2020
Joaquim Mexia Alves
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