26 setembro, 2020

Francisco: libertar a humanidade das armas nucleares

 
Neste sábado, Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, o Papa voltou a tratar do tema abordado na mensagem de vídeo, dirigida nesta sexta-feira (25) à ONU. Com um tuíte, o Pontífice exorta à paz, pedindo o compromisso de todos por um mundo sem armas de destruição em massa.

Marco Guerra - Vatican News

“Peçamos ao Senhor o dom da paz, um mundo sem armas de destruição em massa! Vamo-nos empenhar para libertar a humanidade das armas nucleares, grave ameaça ao género humano.”

Esta é a mensagem que o Papa Francisco exorta novamente à humanidade, unindo-se à celebração das Nações Unidas deste sábado (26) pelo Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares. A data foi instituída pela ONU em 2013 com a aprovação de uma resolução que estabelece o objetivo do desarmamento nuclear como condição essencial para garantir a paz e a segurança internacionais. Na noite de 26 de setembro de 1983, o coronel soviético Stanislav Petrov decidiu, corretamente, considerar um erro os alarmes de mísseis que viu nas telas do computador, apesar do parecer contrário dos técnicos, e não lançar os bombardeiros atómicos que teriam Washington e Nova York entre os seus alvos.

Metade da população vive em países com bombas atómicas

Por sua vez, a ONU aponta que, apesar da crescente preocupação internacional, a doutrina da dissuasão nuclear ainda é um elemento constitutivo das políticas de segurança de muitos países, se considerarmos que mais da metade da população mundial vive em países dotados com armas nucleares ou que fazem parte de alianças nucleares.

A ONU sobre o tema

A Assembleia Geral da ONU deste ano vai abordar a questão do desarmamento dessas armas em 2 de outubro. A atenção da comunidade internacional parece estar voltada principalmente para os programas de armamento da Coreia do Norte e do Irã. Os Estados Unidos declararam que pretendem prorrogar o embargo sobre armas das Nações Unidas contra o Irão, que deveria expirar em outubro, nos termos do acordo nuclear de 2015, do qual os EUA, porém, retiraram-se em 2018.

Os tratados de não proliferação e proibição

O desafio para um mundo sem armas nucleares hoje, passa pela adesão e implementação de dois acordos: o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) de 1970, que proíbe os países signatários "não nucleares" de adquirir tais armas, e os países "nucleares" de transferir armas nucleares ou outros dispositivos nucleares explosivos para quem quer que seja; e o Tratado para a Proibição de Armas Nucleares de 2017, que estabelece o objetivo de proibir as armas nucleares e a total eliminação daquelas já produzidas, e que vê entre os primeiros signatários a própria Santa Sé.

Papa: traduzir tratados em ações concretas

Na mensagem em vídeo para as Nações Unidas, o Papa Francisco referiu-se precisamente ao Tratado de Não Proliferação, esperando que a próxima Conferência de Revisão dessa convenção jurídica internacional seja traduzida em ações concretas para "pôr um fim [...] à corrida armamentista nuclear".

O desperdício de recursos

Dirigindo-se à ONU, Francisco também destacou o desperdício de recursos causado pela produção de armas nucleares:

“Devemo-nos perguntar se as principais ameaças à paz e à segurança, tais como a pobreza, as epidemias e o terrorismo, entre outras, podem ser enfrentadas eficazmente quando a corrida armamentista, incluindo as armas nucleares, continua a desperdiçar recursos preciosos.”

A dissuasão fomenta o medo

Na reflexão, o Papa Francisco refutou, então, o princípio da "dissuasão nuclear" que guiou as superpotências mundiais durante décadas: "fomenta um espírito de medo baseado na ameaça de aniquilação mútua, que acaba envenenando as relações entre os povos e dificultando o diálogo". Por todas estas razões, o Pontífice exortou todos os autores da comunidade internacional a "quebrar o clima de desconfiança existente".

VN

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