Francisco fala da sua experiência na Conferência de Aparecida: Eu dizia: "Mas estes brasileiros, como se cansam com esta Amazónia! Eu tive um caminho de conversão, para entender o problema ecológico. Antes, eu não entendia nada!
Andressa Collet - Vatican News
A Igreja vive um ano especial de aniversário ao recordar os 5 anos da publicação da Laudato si’, do Papa Francisco, num momento propício parar rever as atitudes “dominantes, consumistas e exploradoras” diante do meio ambiente e para começar a falar, como afirma o Pontífice na encíclica, “a língua da fraternidade e da beleza da nossa relação com o mundo”. Como fez um grupo de leigos franceses empenhados pela causa da ecologia, que viajaram de Paris a Roma de autocarro, e foram recebidos pelo Papa nesta quinta-feira (3).
A delegação francesa
Entre os membros da delegação estava a atriz Juliette Binoche, vencedora de Oscar e prémios de prestígio no cinema. Segundo o jornal francês Le Figaro, ela teria inclusive oferecido mudas da espécie Artemisia Annua, conhecida como “uma planta muito promissora para prevenir e tratar a malária”, disse a artista, muito comprometida com a luta contra o aquecimento global. Além dela, estavam presentes no grupo de 15 pessoas, líderes políticos e pesquisadores que se uniram a dom Éric de Moulins-Beaufort, presidente dos bispos franceses, “um ciclista urbano convicto”, descreveu Le Figaro.
A experiência de Aparecida
Falando de improviso Francisco disse que gostaria de começar com um pedaço de história. "Em 2006, houve a Conferência do Episcopado Latino-Americano no Brasil, em Aparecida. Eu - continuou o Papa -, estava no grupo de redatores do documento final e chegavam propostas sobre a Amazónia. Eu dizia: "Mas estes brasileiros, como se cansam com esta Amazónia! O que a Amazónia tem a ver com a evangelização?". Este, era eu em 2006. Então, em 2015, publiquei a Laudato sì. Tive um caminho de conversão, para entender o problema ecológico. Antes, eu não entendia nada, disse!
Quero sublinhar isto acrescentou Francisco: "desde o não entender nada em Aparecida, em 2006, até à Encíclica, eu gosto de testemunhar isto. Precisamos de trabalhar para que todos tenham este caminho de conversão".
Francisco disse ter visto que era necessário destruir a imagem dos nativos que só vemos com flechas. "Descobri, côte à côte, a sabedoria dos povos indígenas, também a sabedoria do viver bem que eles chamam assim. O viver bem não é a “dolce vita”, não, e também o doce fazer nada, não. O viver bem é viver em harmonia com a criação. E nós perdemos esta sabedoria de viver bem. Os povos originais trazem-nos esta porta aberta. E alguns idosos dos povos originais do Canadá Ocidental reclamam que os seus netos vão para a cidade, tomam as coisas modernas e esquecem as suas raízes. E este esquecimento das raízes é um drama não só dos aborígines, mas da cultura contemporânea".
Quero sublinhar isto acrescentou Francisco: "desde o não entender nada em Aparecida, em 2006, até à Encíclica, eu gosto de testemunhar isto. Precisamos de trabalhar para que todos tenham este caminho de conversão".
Francisco disse ter visto que era necessário destruir a imagem dos nativos que só vemos com flechas. "Descobri, côte à côte, a sabedoria dos povos indígenas, também a sabedoria do viver bem que eles chamam assim. O viver bem não é a “dolce vita”, não, e também o doce fazer nada, não. O viver bem é viver em harmonia com a criação. E nós perdemos esta sabedoria de viver bem. Os povos originais trazem-nos esta porta aberta. E alguns idosos dos povos originais do Canadá Ocidental reclamam que os seus netos vão para a cidade, tomam as coisas modernas e esquecem as suas raízes. E este esquecimento das raízes é um drama não só dos aborígines, mas da cultura contemporânea".
O comprometimento concreto da Igreja
No seu discurso, preparado para a ocasião e entregue aos presentes, Francisco lembrou a motivação do encontro, no Vaticano, que aconteceu depois das reflexões que a Conferência Episcopal da França promoveu sobre a Laudato si’. Os leigos, que participaram da audiência, são especialistas no tema e colaboram com os bispos do país – o que deixou o Papa satisfeito pela sensibilização à “urgente” e “inquietante degradação” da Casa Comum, sobretudo diante da crise sanitária. Iniciativas que estão a acontecer em diferentes partes e de várias formas para influenciar, inclusive, “as escolhas políticas e económicas”, já que ainda se vê muita “lentidão, inclusive passos para trás” e “há muito a ser feito”.
Embora as condições no planeta “possam parecer catastróficas e, em certas situações, até mesmo irreversíveis”, os cristãos não devem perder a esperança. O Pontífice, então, explicou ao grupo de franceses como “as convicções de fé oferecem aos cristãos grande motivação para proteger a natureza” e os irmãos mais frágeis. “Estou certo de que a ciência e a fé”, acrescentou o Papa citando a Laudato si’, “podem desenvolver um diálogo intenso e frutífero” para mitigar as graves consequências, “não somente ambientais, mas também sociais e humanas” ao maltratar o meio ambiente.
Parafraseando João Paulo II, Francisco teceu importantes ensinamentos sobre a terra e o homem criados por Deus, sobre a conexão e o respeito à estrutura natural e moral. Por isso, afirmou o Pontífice, o cristão deve respeitar a obra do Pai como “um jardim para ser cultivado e protegido”. O ser humano deve viver “em harmonia na justiça, na paz e na fraternidade, ideal evangélico proposto por Jesus”, e não considerar a natureza “unicamente como objeto de lucro e de interesses” que geram graves desigualdades e sofrimentos.
O Papa, finalizou o discurso, indicando novamente, como já feito na Laudato si’, que a crise da modernidade, das relações humanas fundamentais, precisa de ser resolvida para dar fôlego à atual situação vivida pela nossa Casa Comum:
“Não haverá nova relação com a natureza sem um ser humano novo, e é curando o coração do homem que se pode esperar curar o mundo das suas desordens, tanto sociais como ambientais.”
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