“Deus habita no
meio do seu Povo, caminha com ele e vive a sua vida. A sua fidelidade é
concreta, é proximidade à existência cotidiana dos seus filhos. Ou
melhor, quando Deus quer fazer novas todas as coisas, por meio do seu
Filho, não começa do templo, mas do ventre de uma mulher pequena e pobre,
do seu Povo.”
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Agradeçamos a Deus pela sua graça que nos amparou neste ano e, com
alegria, elevemos a Ele o canto de louvor: com espírito de gratidão o
Papa Francisco presidiu às vésperas da Solenidade de Maria Mãe de Deus
na Basílica Vaticana, na tradicional cerimónia com o Te Deum.
Novos olhos
Na sua homilia, o Pontífice fez um paralelo entre as cidades de
Jerusalém e de Roma, inspirado no capítulo quarto de Gálatas: “Quando
chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho”. Em Jerusalém,
afirmou, nenhum dos habitantes percebe que o Filho de Deus feito homem
está a caminhar pelas ruas, provavelmente nem mesmo os seus discípulos.
As palavras e os sinais de salvação que Ele realiza na cidade
suscitam estupor e um entusiasmo momentâneo, mas não são acolhidos no
seu pleno significado.
Olhos novos capazes de um “olhar contemplativo”, isto é, um olhar de
fé que descubra Deus que habita nas nossas casas, ruas e praças da cidade.
A partir do ventre de uma mulher
Nas escrituras, explicou o Papa, os profetas alertam para a tentação de relacionar a presença de Deus somente no templo.
“É extraordinária esta escolha de Deus!”, exclamou Francisco. Ele não
transforma a história através dos homens poderosos das instituições
civis e religiosas, mas a partir das mulheres da periferia do império,
como Maria, e dos ventres estéreis, como o de Isabel.
“Gostaria esta noite que o nosso olhar sobre a cidade de Roma
colhesse as coisas do ponto de vista do olhar de Deus”, disse ainda o
Papa, afirmando que Deus exulta ao ver as inúmeras obras de bem que são
realizadas todos os dias.
“Roma não é somente uma cidade complicada, com muitos problemas,
desigualdades, corrupção e tensões sociais. Roma é uma cidade em que
Deus envia a sua Palavra”, que encontra morada no coração dos seus
habitantes e os leva a acreditar não obstante tudo.
A escuta é um ato de amor
O Pontífice citou as inúmeras pessoas “corajosas” – fiéis ou não –
que encontrou nestes anos e que representam o coração “palpitante” de
Roma. Através dos pequeninos e dos pobres, Deus jamais deixou de mudar a
história e o rosto da cidade, inspirando-os a construir pontes e não
muros.
O Senhor chama a todos a lançarem-se no meio da multidão, a colocarem-se à escuta. A escuta, aliás, é um ato de amor:
Deste modo, acrescentou Francisco, na cidade e também na Igreja
circula ar novo, vontade de se colocarem em caminho, de superar as antigas
lógicas de contraposição, para colaborar juntos, edificando uma cidade
mais justa e fraterna.
O Papa concluiu recordando que não devemos ter medo ou nos sentir
inadequados para uma missão assim tão importante. “Lembrem-mo-nos: Deus
não nos escolhe pela nossas qualidades, mas precisamente porque
somos e nos sentimos pequenos. Agradeçamos a Deus pela sua graça que nos
amparou neste ano e, com alegria, elevemos a Ele o canto de louvor.”
VN
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