“Para os cristãos, o discernimento dos fenómenos sociais não pode ser independente da opção preferencial pelos pobres”, afirmou o Papa Francisco no encontro com os componentes da redação da revista sobre atualizações sociais formada por jesuítas e leigos
Jane Nogara - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco recebeu na manhã desta sexta-feira (6) a redação da revista italiana “Aggiornamenti sociali”, ou seja, “Atualizações sociais”. A revista fundada há 70 anos, caracteriza-se pelo aprofundamento e análise de temáticas sociais, políticas, eclesiais e internacionais, e é formada por jesuítas e leigos.
Francisco começou o seu discurso comentando o lema da revista que é
ajudar os leitores a “orientarem-se no mundo que muda”, principalmente “em
tempos de mudanças aceleradas como o nosso, que deixam muitos perdidos e
confusos”.
Discernir na sociedade
“Orienta-se, quer dizer entender onde nos encontramos – disse o Papa –
quais são os pontos de referência e depois decidir a direção a ser
tomada”. Considerando deste modo o significado está “muito próximo do
discernimento: de facto, também na sociedade, precisamos de aprender a
reconhecer a voz do Espírito, interpretar os seus sinais e seguir aquela
voz e não outras”.
Interpelando a nível pessoal e também como comunidade civil e
eclesial porque o Espírito atua nas dinâmicas sociais, o Papa observa:
“Não é suficiente treinar a sensibilidade espiritual, que é
indispensável, são necessárias competências e análises específicas”.
Seguidamente o Papa afirma:
Um caminho a ser percorrido juntos
Francisco recorda que “o discernimento dos fenómenos sociais não pode
ser realizado por uma única pessoa. Ninguém – nem mesmo o Papa e a
Igreja – consegue abraçar todas as perspetivas relevantes: é preciso um confronto sério, que envolva todas as partes em causa”. Para isso é
fundamental uma dinâmica na qual todos falem com liberdade mas também
escutem e estejam disponíveis a aprender e a mudar. E fala sobre a
importância do diálogo:
No que se refere a iniciativas para criar redes, participar em
eventos, ativar grupos de pesquisa, o Papa encoraja-nos sugerindo três
âmbitos particularmente significativos:
“O primeiro é a integração de grupos da sociedade que por vários
motivos são marginalizados, nos quais mais facilmente se encontra as
vítimas da cultura do descarte".
“O segundo âmbito refere-se ao encontro entre as gerações, do qual no Sínodo dos Jovens reconhecemos a urgência”.
E o “terceiro âmbito é a promoção de ocasiões de encontro e ação
comum entre cristãos e crentes de outras religiões, mas também com todas
as pessoas de boa vontade”.
A alegria do compromisso social
Por fim o Papa exortou a não desencorajarem e disse: o compromissos
pela justiça e pelo cuidado da casa comum está associado a uma promessa
de alegria e de plenitude”. E concluiu: “Ficar ao lado dos pobres é um
encontro com sofrimentos e injustiças, mas também uma felicidade genuína
e contagiosa”.
VN
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