Viagem ao japão foi amplamente citada na Mensagem
(Vatican Media)
O Sínodo dos
Bispos para a Amazõnia e a viagem do Santo Padre ao Japão foram eventos
amplamente citados na Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2020.
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
“A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão
ecológica” é o título da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial
da Paz de 2020, a ser celebrado no 1º de janeiro.
O texto foi divulgado esta quinta-feira (12/12) e traz como
referências principais dois eventos que marcaram o Vaticano neste ano: o
Sínodo dos Bispos para a Amazónia, realizado em outubro, e a viagem do
Santo Padre ao Japão, no final de novembro.
“A esperança é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para
continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis”, escreve o
Pontífice.
Entre esses obstáculos, o Papa cita as guerras e os conflitos que
continuam a ocorrer e que marcam a humanidade na alma. Toda a guerra,
reforça, é um fratricídio.
Memória: horizonte da esperança
Francisco citou um trecho do seu discurso pronunciado em Nagasaki
sobre as armas nucleares, recordando que “a paz e a estabilidade
internacional são incompatíveis com qualquer tentativa de as construir
sobre o medo de mútua destruição ou sobre uma ameaça de aniquilação
total”. (...) “Neste sentido, a própria dissuasão nuclear só pode criar
uma segurança ilusória.”
Como então romper esta lógica do medo? Para Francisco, não há outro
caminho senão na procura de uma fraternidade real, baseada na origem comum
de Deus e vivida no diálogo e na confiança mútua.
O Papa mencionou os sobreviventes dos bombardeiros atómicos em
Hiroshima e Nagasaki, que “mantêm viva a chama da consciência coletiva,
testemunhando às sucessivas gerações o horror daquilo que aconteceu em
agosto de 1945 e os sofrimentos indescritíveis que se seguiram até aos
dias de hoje”.
A memória, portanto, é um dos aspetos ressaltados pelo Papa como
elemento fundamental da construção da paz, definindo-a como “horizonte da
esperança”.
Paz: procura da verdade e da justiça
Neste diálogo, é preciso procurar a paz para além das ideologias.
“O processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo. É um
trabalho paciente de busca da verdade e da justiça, que honra a memória
Por outras palavras, trata-se de abandonar o desejo de dominar os
outros e aprender a olharrem-nas como pessoas, como filhos de Deus, como
irmãos. Trata-se de superar as desigualdades sociais, construindo um
sistema ecómico mais justo.
Conversão ecológica
Para Francisco, a paz implica também a conversão ecológica, pois hoje
vemos as consequências da hostilidade contra os outros, da falta de
respeito pela casa comum e da exploração abusiva dos recursos naturais.
A conversão ecológica, portanto, conduz a uma nova perspectiva sobre a
vida, levando em consideração a generosidade do Criador e a necessidade
de partilha.
Esta conversão, explica o Papa, deve ser entendida de maneira
integral, como uma transformação das relações que mantemos com os
irmãos.
Aprender a viver no perdão
Para os cristãos, a paz requer um esforço ainda maior, porque engloba
a dimensão do perdão seguindo o exemplo do Mestre. “Aprender a viver no
perdão aumenta a nossa capacidade de nos tornarmos mulheres e homens de
paz.”
O Sacramento da reconciliação renova as pessoas e as comunidades,
pois pede “para depor toda a violência nos pensamentos, nas palavras e
nas obras quer para com o próximo quer para com a criação”.
O Santo Padre então conclui:
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