“Com esta Carta,
quero apoiar a tradição bonita das nossas famílias a prepararem o
Presépio, nos dias que antecedem o Natal, e também o costume de o
armarem nos lugares.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
“Admirável sinal” (Admirabile Signum) é o título da Carta Apostólica
que o Papa Francisco dedica ao presépio para ressaltar o seu significado
e valor.
O texto é dirigido a todo o povo de Deus, sobretudo ao núcleo
familiar, como uma forma de valorizar a transmissão da fé entre avós,
pais, filhos e netos.
Para Francisco, tra-se de um “exercício de imaginação criativa” e
faz votos de que esta prática “nunca desapareça”. E “onde porventura
tenha caído em desuso, se possa redescobrir e revitalizar”.
Assim nasce a tradição
Assim nasce a tradição
Dividido em 10 pontos, o texto recorda a origem do presépio com São Francisco de Assis, a sua obra de evangelização, as figuras e o simbolismo que o compõem.
A palavra presépio vem do latim praesepium, que significa
“manjedoura”. As Fontes Franciscanas narram de forma detalhada o que
aconteceu na cidade de Greccio, que fica no Vale de Rieti, a menos de
100 km de Roma.
Quinze dias antes do Natal, Francisco chamou João, um homem daquela
terra, para lhe pedir que o ajudasse a concretizar um desejo: “Quero
representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os
olhos do corpo os incómodos que Ele padeceu”.
E assim foi: no dia 25 de dezembro de 1223, chegaram a Greccio muitos
frades, e também homens e mulheres das casas da região, trazendo flores
e tochas para iluminar aquela noite santa num lugar designado.
Francisco, ao chegar, encontrou a manjedoura com palha, o boi e o burro.
“Assim nasce a nossa tradição: todos à volta da gruta e repletos de
alegria, sem qualquer distância entre o acontecimento que se realiza e
as pessoas que participam no mistério”, escreve o Papa.
Segundo o Pontífice, armar o Presépio nas nossas casas ajuda a reviver
a história que aconteceu em Belém. Imaginando as cenas, estimulam-se os
afetos e nos sentimos envolvidos na história da salvação.
Despojamento
Despojamento
“O Presépio é um convite a «sentir», a «tocar» a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de Deus na sua encarnação, tornando-se assim, implicitamente, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento.”
Francisco comenta também o simbolismo presente nas várias partes que
compõem o presépio: a escuridão da noite, a paisagem e os personagens.
As ruínas e os pobres ali representados recordam que eles são os
privilegiados deste mistério. A mensagem que surge do presépio é clara:
“não podemos deixar-nos iludir pela riqueza e por tantas propostas
efémeras de felicidade”. “Jesus nasceu pobre, levou uma vida simples,
para nos ensinar a identificar e a viver do essencial.”
Nascendo no presépio, escreve o Papa, Deus dá início à única
verdadeira revolução: a revolução do amor e da ternura, através da
“força meiga” de um menino.
“Do Presépio, Jesus proclama o apelo à partilha com os últimos como estrada para um mundo mais humano e fraterno, onde ninguém seja excluído e marginalizado.”
Deste modo, o presépio torna-se para os fiéis um convite a tornarem-se
discípulos de Cristo, a refletir sobre a responsabilidade de evangelizar
e serem portadores da Boa Nova com ações concretas de misericórdia.
Por outras palavras, não é importante como armar o presépio: “O que
conta é que fale à nossa vida”, recorda o Papa. E Francisco concluiu:
Leia também, na íntegra:
"Admirável sinal. Carta Apostólica do Papa, sobre o Presépio"
VN
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