20 dezembro, 2019

Padre Cantalamessa: Quem imita Maria coloca em prática a Palavra de Deus

 
Fr. Raniero Cantalamessa, OFMCap na Capela Redemptoris Mater  (Vatican Media)
 
Na terceira pregação de Advento ao Papa e à Cúria, Fr. Raniero Cantalamessa OFMCap. reflete sobre o tema: "Ela deu à luz o seu filho primogénito".
 
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

O Santo Padre participou, na manhã desta sexta-feira (20/12), na Capela “Redemptoris Mater”, no Vaticano, da terceira pregação do Advento do Padre Raniero Cantalamessa, capuchinho.

Na sua meditação, da qual participou a Cúria Romana e os membros da Casa pontifícia, Frei Cantalamessa tratou do tema: “Maria, Mãe de Deus”. Esta reflexão refere-se ao mistério da Anunciação: “Maria, Mãe de Deus, dá à luz o seu filho primogénito”.

As Escrituras destacam dois elementos fundamentais sobre Maria, que correspondem à sua experiência humana, considerados essenciais para uma verdadeira maternidade: “conceber e gerar”.

Estes dois momentos estão presentes também em Mateus: ela “concebeu” por obra do Espírito Santo e “deu à luz” um filho. Por isso, no Natal, quando Maria dá à luz Jesus, ela torna-se, plenamente, Mãe de Deus, “Theotókos, Geradora de Deus”.

O título “Mãe de Deus” é o mais antigo e o mais importante do dogma de Nossa Senhora, definido pelo Concílio de Éfeso, no ano 431, como “verdade de fé, que todos os cristãos devem crer”. Este é o fundamento de toda a grandeza de Maria, o princípio da Mariologia.

A maternidade física e metafísica de Maria chega ao seu ápice com a maternidade espiritual, a primeira e mais santa filha de Deus, a primeira e mais dócil discípula de Cristo.

O título de “Mãe de Deus” é o fundamento da grandeza de Maria, o ponto de encontro dos cristãos, mas é também fator de unidade ecuménica, reconhecido por todas as Igrejas.

Enfim, disse o Pregador da Casa Pontifícia, a maternidade divina de Maria é física e espiritual: ela não só concebeu Jesus no seu seio, mas, antes, concebeu-o no seu coração.

Então, perguntou o Frei Cantalamessa, como podemos nós, hoje, conceber, concretamente, Jesus, nas nossas vidas, como o fez a sua Mãe? E respondeu: mediante duas atitudes: “escutando a Palavra” e “pondo-a em prática”.

Nos nossos dias, há duas maternidades negativas ou incompletas, isto é, dois tipos de interrupções da maternidade: o aborto e a pré conceção em proveta ou em úteros alugados. Isto acontece por falta de fé ou por falta de obras.

Por fim, Frei Cantalamessa perguntou: qual o caso positivo, hoje, de uma verdadeira e completa maternidade, que nos torna semelhantes a Maria? E respondeu citando São Francisco de Assis, que disse: “Somos mães de Cristo, quando o levamos no coração e no corpo, através do amor divino e de uma consciência pura e sincera. Damos à luz pelas obras santas, que devem resplandecer como exemplo para os outros... Oh, como é santo, agradável, suave, amável e desejável ter como nosso irmão o filho de Maria, Jesus Cristo!”.

O Pobrezinho de Assis diz ainda que “concebemos Cristo quando o amamos na sinceridade do coração e com a retidão de consciência, e o damos à luz quando cumprimos obras santas no mundo”.

O Pregador concluiu a sua meditação afirmando que, entre as principais festas do Menino Jesus, as mais importantes são: a Concepção e o Nascimento, que nos levam a uma verdadeira mudança de vida, a uma vida nova. Celebramos esta segunda festa de Jesus no Natal, quando decidimos mudar o nosso estilo de vida e a participar na categoria de pobres e humildes que, como Maria, procuram unicamente encontrar a graça diante de Deus.

Com estas meditações do Advento, o Pregador Capuchinho quis ajudar a preparar-nos para o Natal, na escola da Mãe de Deus. E concluiu com uma oração da liturgia bizantina:

O que podemos oferecer-lhe como presente, Jesus, nosso Deus, por ter vindo à terra, assumindo a nossa humanidade? Todos lhe oferecem alguma coisa em agradecimento: os anjos oferecem as suas músicas; os céus, a estrela; os magos, os seus dons; os pastores, as suas maravilhas; a terra, uma gruta; o deserto, uma manjedoura. E nós oferecemos-lhe uma virgem Mãe!”

VN

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