Fr. Raniero Cantalamessa, OFMCap na Capela Redemptoris Mater
(Vatican Media)
Na terceira
pregação de Advento ao Papa e à Cúria, Fr. Raniero Cantalamessa OFMCap.
reflete sobre o tema: "Ela deu à luz o seu filho primogénito".
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O Santo Padre participou, na manhã desta sexta-feira (20/12), na
Capela “Redemptoris Mater”, no Vaticano, da terceira pregação do Advento
do Padre Raniero Cantalamessa, capuchinho.
Na sua meditação, da qual participou a Cúria Romana e os membros da
Casa pontifícia, Frei Cantalamessa tratou do tema: “Maria, Mãe de Deus”.
Esta reflexão refere-se ao mistério da Anunciação: “Maria, Mãe de Deus,
dá à luz o seu filho primogénito”.
As Escrituras destacam dois elementos fundamentais sobre Maria, que
correspondem à sua experiência humana, considerados essenciais para uma
verdadeira maternidade: “conceber e gerar”.
Estes dois momentos estão presentes também em Mateus: ela “concebeu”
por obra do Espírito Santo e “deu à luz” um filho. Por isso, no Natal,
quando Maria dá à luz Jesus, ela torna-se, plenamente, Mãe de Deus,
“Theotókos, Geradora de Deus”.
O título “Mãe de Deus” é o mais antigo e o mais importante do dogma
de Nossa Senhora, definido pelo Concílio de Éfeso, no ano 431, como
“verdade de fé, que todos os cristãos devem crer”. Este é o fundamento
de toda a grandeza de Maria, o princípio da Mariologia.
A maternidade física e metafísica de Maria chega ao seu ápice com a
maternidade espiritual, a primeira e mais santa filha de Deus, a
primeira e mais dócil discípula de Cristo.
O título de “Mãe de Deus” é o fundamento da grandeza de Maria, o
ponto de encontro dos cristãos, mas é também fator de unidade ecuménica,
reconhecido por todas as Igrejas.
Enfim, disse o Pregador da Casa Pontifícia, a maternidade divina de
Maria é física e espiritual: ela não só concebeu Jesus no seu seio, mas,
antes, concebeu-o no seu coração.
Então, perguntou o Frei Cantalamessa, como podemos nós, hoje,
conceber, concretamente, Jesus, nas nossas vidas, como o fez a sua Mãe? E
respondeu: mediante duas atitudes: “escutando a Palavra” e “pondo-a em
prática”.
Nos nossos dias, há duas maternidades negativas ou incompletas, isto
é, dois tipos de interrupções da maternidade: o aborto e a pré conceção
em proveta ou em úteros alugados. Isto acontece por falta de fé ou por
falta de obras.
Por fim, Frei Cantalamessa perguntou: qual o caso positivo, hoje, de
uma verdadeira e completa maternidade, que nos torna semelhantes a
Maria? E respondeu citando São Francisco de Assis, que disse: “Somos
mães de Cristo, quando o levamos no coração e no corpo, através do amor
divino e de uma consciência pura e sincera. Damos à luz pelas obras
santas, que devem resplandecer como exemplo para os outros... Oh, como é
santo, agradável, suave, amável e desejável ter como nosso irmão o
filho de Maria, Jesus Cristo!”.
O Pobrezinho de Assis diz ainda que “concebemos Cristo quando o
amamos na sinceridade do coração e com a retidão de consciência, e o
damos à luz quando cumprimos obras santas no mundo”.
O Pregador concluiu a sua meditação afirmando que, entre as principais
festas do Menino Jesus, as mais importantes são: a Concepção e o
Nascimento, que nos levam a uma verdadeira mudança de vida, a uma vida
nova. Celebramos esta segunda festa de Jesus no Natal, quando decidimos
mudar o nosso estilo de vida e a participar na categoria de pobres e
humildes que, como Maria, procuram unicamente encontrar a graça diante de
Deus.
Com estas meditações do Advento, o Pregador Capuchinho quis
ajudar a preparar-nos para o Natal, na escola da Mãe de Deus. E
concluiu com uma oração da liturgia bizantina:
“O que podemos oferecer-lhe como presente, Jesus, nosso Deus, por
ter vindo à terra, assumindo a nossa humanidade? Todos lhe oferecem alguma
coisa em agradecimento: os anjos oferecem as suas músicas; os céus, a
estrela; os magos, os seus dons; os pastores, as suas maravilhas; a terra, uma
gruta; o deserto, uma manjedoura. E nós oferecemos-lhe uma virgem Mãe!”
VN
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