Papa Francisco
Recordamos, através das palavras do Papa, as mensagens para o Dia Mundial da Paz de 2014 a 2020. No dia 1º de janeiro, Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, será celebrado o 53º Dia Mundial da Paz e Francisco presidirá a Santa Missa na Basílica Vaticana
Amedeo Lomonaco – Cidade do Vaticano
Corações banhados pela fraternidade, vidas libertadas das escravidões, olhares capazes de vencer a indiferença, sementes de não violência para promover a paz. Mas também mãos estendidas para os migrantes e refugiados, passos inspirados pela boa política e caminhos de diálogo e de reconciliação. O olhar que ilumina as mensagens do Papa Francisco para os Dias Mundiais da Paz é dirigido para estes horizontes cheios de esperança. Mesmo entrelaçando com a realidade de uma sociedade deformada por vários vícios, é um olhar sempre ligado à esperança cristã, ao rosto de Jesus. Dos ensinamentos e das exortações do Papa Francisco para a paz, destaca-se também o nítido perfil de um denso magistério.
2014: a fraternidade é fundamento de paz
A primeira mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, em
2014, abre-se com o desejo de formular a “todos, indivíduos e povos”,
votos de uma vida repleta de “alegria e esperança”. O documento é
baseado na fraternidade, que Francisco enuncia a partir de uma premissa:
a fraternidade, que se começa a aprender em família, é “fundamento e
caminho para a paz”. Não apenas as pessoas, mas também as nações –
explica Francisco recordando a encíclica “Populorum progressio” do Papa
Paulo VI – devem encontrar-se “num espírito de fraternidade”.
Referindo-se ao magistério de João Paulo II sublinha que a paz É “um bem
indivisível”: ou é de todos ou não o é de ninguém”.
Na família de Deus, onde todos são filhos de um mesmo Pai, não há
“vidas descartadas”: a fraternidade, explica o Papa, é também uma
“premissa para derrotar a pobreza”. Mas precisa de “políticas eficazes
que promovam o princípio da fraternidade, garantindo às pessoas o
acesso aos “capitais”, aos serviços, aos recursos educativos, sanitários
e tecnológicos”. Francisco convida também a redescobrir a fraternidade
na economia, a pensar novamente nos “modelos de desenvolvimento” e a
mudar “os estilos de vida”. Com a fraternidade, prossegue Francisco,
“apaga-se a guerra” se cada um reconhecer no outro “um irmão a ser
cuidado”. Por fim, observa que a fraternidade ajuda também a “guardar e
cultivar a natureza”
Escravidão, um abominável fenómeno
2015: já não escravos, mas irmãos
Na mensagem para o dia Mundial da Paz de 2015 o Papa Francisco
detém-se nas profundas feridas que atacam a fraternidade e a vida de
comunhão. Entre estas, um “fenómeno abominável” o flagelo generalizado
da exploração do homem pelo homem. Ainda hoje, recorda o Santo Padre,
“milhões de pessoas são privadas da liberdade e constrangidas a viver em
condições semelhantes às da escravatura”. O pensamento do Pontífice é
dirigido em particular aos trabalhadores e trabalhadoras, também
menores, “escravizados nos mais diversos setores”, aos migrantes que, ao
longo do seu trajecto dramático, padecem da fome, são privados da
liberdade, abusados física e sexualmente”.
Por fim o Papa exorta a “globalizar a fraternidade”. E lança “um
veemente apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade e a quantos,
mesmo nos mais altos níveis das instituições, são testemunhas, de perto
ou de longe, do flagelo da escravidão contemporânea, para que não se
tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos sofrimentos
dos seus irmãos e irmãs em humanidade, privados da liberdade e dignidade,
mas tenham a coragem de tocar a carne sofredora de Cristo”.
2016: vencer a indiferença
A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz de 2016 é um convite a vencer as várias expressões de indiferença. “A primeira forma de indiferença na sociedade humana – explica o Pontífice – é a indiferença para com Deus”. Da qual deriva também “a indiferença para com o próximo e a criação”. “Quase sem nos dar conta, tornam-mo-nos incapazes de sentir compaixão pelos outros, pelos seus dramas; não nos interessa ocupar-mo-nos com eles, como se aquilo que lhes sucede fosse responsabilidade alheia, que não nos compete”. Numa sociedade tão dilacerada que assume as feições da inércia e da apatia, a paz é ameaçada “pela indiferença globalizada”.
2016: vencer a indiferença
A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz de 2016 é um convite a vencer as várias expressões de indiferença. “A primeira forma de indiferença na sociedade humana – explica o Pontífice – é a indiferença para com Deus”. Da qual deriva também “a indiferença para com o próximo e a criação”. “Quase sem nos dar conta, tornam-mo-nos incapazes de sentir compaixão pelos outros, pelos seus dramas; não nos interessa ocupar-mo-nos com eles, como se aquilo que lhes sucede fosse responsabilidade alheia, que não nos compete”. Numa sociedade tão dilacerada que assume as feições da inércia e da apatia, a paz é ameaçada “pela indiferença globalizada”.
A indiferença pelo ambiente natural, sublinha o Papa, “favorecendo o
desflorestamento, a poluição e as catástrofes naturais que desenraízam
comunidades inteiras do seu ambiente de vida, constrangendo-as à
precariedade e à insegurança, cria novas pobrezas”. Por fim Francisco
convida a passar da indiferença à misericórdia através da conversão do
coração e a promoção de uma cultura de solidariedade. No espírito do
Jubileu da Misericórdia, anunciado pelo Papa Francisco em 13 de Março de
2015 “cada um é chamado a reconhecer como se manifesta a
indiferença na sua vida e a adoptar um compromisso concreto que
contribua para melhorar a realidade onde vive, a começar pela própria
família, a vizinhança ou o ambiente de trabalho”.
2017: não-violência como estilo de uma política pela paz
A 50ª mensagem para o dia Mundial da Paz 2017 é centralizada no tema da não-violência. “Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais”. O mundo, recorda o Santo Padre, está cada vez mais dilacerado: “Hoje, infelizmente, encontra-mo-nos a braços com uma terrível guerra mundial aos pedaços”.
2017: não-violência como estilo de uma política pela paz
A 50ª mensagem para o dia Mundial da Paz 2017 é centralizada no tema da não-violência. “Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais”. O mundo, recorda o Santo Padre, está cada vez mais dilacerado: “Hoje, infelizmente, encontra-mo-nos a braços com uma terrível guerra mundial aos pedaços”.
A violência, sublinha o Papa, “não é o remédio para o nosso mundo
dilacerado”: ser verdadeiros discípulos de Jesus “Hoje, ser verdadeiro
discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de
não-violência”. A não-violência praticada com decisão e coerência,
recorda Francisco, produziu resultados impressionantes: “Os sucessos
alcançados por Mahatma Gandhi e Khan Abdul Ghaffar Khan, na libertação
da Índia, e por Martin Luther King Jr. contra a discriminação racial
nunca serão esquecidos”. “O próprio Jesus – observa o Papa – oferece-nos
um ‘manual’ desta estratégia de construção da paz no chamado Sermão da
montanha”: as oito Bem-aventuranças (cf. Mateus 5, 3-10) traçam o perfil
da pessoa que podemos definir feliz, boa e autêntica”.
Papa Francisco com refugiados de Lesbos
2018: migrantes e refugiados, pessoas em busca de paz
Na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2018, O Papa Francisco convida
a abraçar todos os “que fogem da guerra e da fome ou se veem
constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações,
perseguições, pobreza e degradação ambiental”. “Oferecer a requerentes
de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano uma
possibilidade de encontrar aquela paz de que andam à procura – escreve
Francisco - exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher,
proteger, promover e integrar”.
Observando os migrantes e os refugiados com um olhar contemplativo
alimentado pela fé, sublinha por fim o Santo Padre, descobre-se que “não
chegam de mãos vazias”. “Trazem uma bagagem feita de coragem,
capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas
culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os
acolhem”.
2019: a boa política ao serviço da paz
A mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2019 é dedicada ao “desafio da boa política”. “A boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras”. Mas na política, acrescenta o Papa, não faltam os vícios, “devidos quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio ambiente e nas instituições”.
2019: a boa política ao serviço da paz
A mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2019 é dedicada ao “desafio da boa política”. “A boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras”. Mas na política, acrescenta o Papa, não faltam os vícios, “devidos quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio ambiente e nas instituições”.
“Quando o exercício do poder político visa apenas salvaguardar os
interesses de certos indivíduos privilegiados – afirma o Papa - o
futuro fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela
desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da
sociedade, sem possibilidades de participarem num projeto para o futuro.
Pelo contrário, quando a política se traduz, concretamente, no
encorajamento dos talentos juvenis e das vocações que requerem a sua
realização, a paz propaga-se nas consciências e nos rostos. Torna-se uma
confiança dinâmica, que significa ‘confio em ti e creio contigo’ na
possibilidade de trabalharmos juntos pelo bem comum”. Por isso, conclui o
Papa “a política é a favor da paz, expressa-se no reconhecimento dos
carismas e capacidades de cada pessoa”.
2020: paz como caminho de esperança
2020: paz como caminho de esperança
Na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2020, Francisco indica a paz como “um bem precioso” e uma meta a ser alcançada apesar dos obstáculos e as provas. “A esperança – escreve o Papa - é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis”. “A nossa comunidade humana – acrescenta - traz, na memória e na carne, os sinais das guerras e conflitos que têm vindo a suceder-se, com crescente capacidade destruidora, afetando especialmente os mais pobres e frágeis” .
O Sínodo recente sobre a Amazónia, recorda o Pontífice, “impele-nos a
dirigir, de forma renovada, o apelo em prol duma relação pacífica entre
as comunidades e a terra, entre o presente e a memória, entre as
experiências e as esperanças”. O Papa convida também a ser-mos artesãos da
paz: “O mundo – explica o Papa - não precisa de palavras vazias, mas de
testemunhas convictas, artesãos da paz abertos ao diálogo sem exclusões
nem manipulações”. “O caminho da reconciliação – sublinha por fim o Papa
- requer paciência e confiança. Não se obtém a paz, se não a
esperamos”.
VN
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