O Papa Francisco na Porciúncula em 2016, durante a visita pastoral em Assis
Dia intenso na cidade italiana de Assis, onde nesta quinta-feira (01)
pela manhã foi celebrada a missa com a procissão da festa de Abertura do
Perdão. Pe. Ceccobao, responsável pelo santuário da Porciúncula,
explica o sentido do Perdão, recordando que a misericórdia é a
emergência que encontramos no coração do homem.
O Perdão reconcilia-se com a parte mais profunda do homem. Na
Porciúncula, explicam os frades franciscanos, vive-se diariamente esta
experiência intensa que transforma vidas. E nesta quinta-feira, primeiro
de agosto, tanto no santuário onde o Pobrezinho de Assis pediu ao Senhor
o Paraíso para todos, como noutras igrejas franciscanas do mundo, pode-se pedir a Indulgência Plenária para reconciliarmo-nos no coração e no
Espírito. Ela será concedida diariamente da Porciúncula, o lugar mais
sagrado da Ordem Franciscana, até a meia-noite do dia 2 de agosto.
A festa do Perdão de Assis está intimamente ligada à Porciúncula, a
pequena igrejinha reconstruída por São Francisco e que hoje está no
interior da Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, cidade italiana
da região da Úmbria.
O perdão, o milagre de todos os dias na Porciúncula
Em entrevista ao Vatican News, o responsável pelo santuário da
Porciúncula, Pe. Simone Ceccobao, explicou o sentido do Perdão de Assis:
“Francisco, naquela noite que eu gosto de chamar de ‘luminosa’ –
uma noite de céu – ao Senhor Jesus que lhe apareceu em visão exatamente
na Porciúncula, dirige estas palavras, um pedido ousado: ‘Eu te peço,
Senhor Jesus, que qualquer homem ou mulher que vier aqui na Porciúncula,
arrependido das próprias culpas, possa extraordinariamente experimentar
a misericórdia, do perdão’. Estas são as palavras com as quais
Francisco de Assis atrai ainda hoje, aqui, todo o dia, todo o ano, milhões
de peregrinos. Estas palavras de Assis contêm uma urgência: a urgência
do perdão, a urgência da misericórdia. Talvez hoje pareça pouco atual
falar de perdão; talvez hoje possa parecer mais atual falar de firmeza,
de segurança, de fronteiras, porque talvez hoje a misericórdia e o
perdão nos pareçam um amor pouco confiável. Ao contrário, porém,
Francisco sugere-nos que a misericórdia é a emergência que encontramos
no coração do homem. Acredito que a festa do Perdão nasça a partir desta
emergência. Este pedido assim, forte e ousado de Francisco de Assis ao
Senhor, acontece depois de um banho de espinhos: Francisco vive dois
anos de crises dolorosas, com os espinhos da dúvida, da tentação...
Francisco joga-se dentro daqueles espinhos e vê que são tomados pelo seu
sacrifício, o seu sangue e transformam-se em rosas. E é este o milagre
que diariamente se realiza aqui.”
Milhares de jovens em Assis para o Perdão 2019
Nesta sexta-feira (02), a misericórdia também chegará aos jovens que
participam da 39ª Marcha Franciscana que, neste ano, tem como tema “No
teu lugar”. Mas o perdão também chegará a todos os homens e mulheres que
quiserem viver aquele que pode ser considerado “um perene Jubileu da
Misericórdia”, evocando o Papa Francisco.
“Aquilo que se respira, que se vive diariamente aqui na
Porciúncula, é um perene Jubileu da Misericórdia, porque todo o dia entram
homens e mulheres num banho de espinhos. Nós, que diariamente
trabalhamos na Porciúncula, percebemos e vivemos, vemos com os nossos
olhos, um perdão extraordinário que sai do coração aberto do Pai e se
reverte sobre a vida do homem e a faz nova. Uma confiança redescoberta,
uma esperança redescoberta, como se o pecado, por tão doloroso, não
tenha a última palavra sobre a vida porque a última palavra sobre a
nossa vida é o amor, o amor do Pai.”
O Pe. Ceccobao também falou sobre a mudança no coração dos peregrinos
que se aproximam da Porciúncula, motivados inclusive pela insistência
do Papa Francisco sobre o perdão:
“O Papa Francisco foi o porta-voz desta emergência do perdão.
Compreendeu que as estruturas que nos conduzem não somente na Igreja,
mas no mundo, são mais frágeis sem misericórdia, sem perdão. E essa
mensagem chegou! Acredito que chegou ao coração de todos, inclusive dos
mais distantes. Partilho uma pequena experiência que fiz há algum tempo
atrás, confessando um peregrino que não se aproximava do Sacramento da
Reconciliação há mais de 20 anos. Depois de ter recebido a absolvição
dos próprios pecados, em lágrimas, disse-me: ‘é isto que em todo este
tempo eu não sabia procurar, e aqui encontrei’. A misericórdia é uma
linguagem que fala para todos.”
VN
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